terça-feira, 22 de dezembro de 2015


Série: Milagres da Igreja Católica - JOVEM SUICIDA É SALVO PELO ESCAPULÁRIO










DEGOLADO, SÓ É ENCONTRADO 3 DIAS DEPOIS E NÃO MORRE ATÉ ENCONTRAR-SE COM UM SACERDOTE


Como Nossa Senhora prometeu que aqueles que 'piedosamente' morressem com o Escapulário não padeceriam do fogo do inferno...


Este impressionante fato ocorreu perto de Granada, na Espanha, e mostra bem a clara proteção da Virgem do Carmo aos que usam o Escapulário.


Num internato daquela cidade, estudava um rapaz muito querido por seu bom comportamento e sucesso nos estudos. Um dia pediu licença para ir até sua cidade, não longe de Granada. Mas, à hora combinada, não voltou, nem no dia seguinte. Os professores mandaram alguém até a casa dos parentes, para saber o que teria ocorrido, mas ficaram surpresos em saber que ele lá não tinha aparecido.


Apreensivos, deram uma busca em seu quarto e só notaram a ausência da navalha com que costumava se barbear. Uma terrível suspeita levantou-se e imediatamente os mestres comunicaram o fato às autoridades e começaram as buscas para ao menos encontrar o corpo do rapaz.


Passados três dias de angustia, dois homens faziam o percurso de Granada à cidade em que morava o rapaz, quando sentiram um impulso interior para aproximar-se de um poço artesiano abandono, que ficava um pouco afastado do caminho. Depois de ter sido perfurado 80 metros, fora abandonado. A 30 metros havia uma saliência para servir de descanso a quem descesse. Conservava ainda um cabo, pelo qual se podia descer até quase o fundo.


Como não se podia ver nada em seu interior, por causa da escuridão, um dos homens jogou dentro uma pedra. No mesmo instante ouviu-se um gemido humano. Atônito, para certificar-se do fato, atirou outra. Aí ouviu-se claramente uma voz que dizia:


- Não atire mais, pois vai matar-me!


Impressionados, os dois correram à cidadezinha para dizer. A noticia correu como rastilho de pólvora, pois toda a população estava ansiosa para ter notícias do desaparecido rapaz. Assim, acorreu ao local o povoado todo, com autoridades e o vigário à frente.



Um indivíduo, atado a uma corda, deslizou para o interior do poço. Ao chegar à saliência aos 30 metros de profundidade, viu um corpo ferido que fazia esforços para não cair. As profundezas. Pediu que descessem um cesto, e nele colocou cuidadosamente o corpo.


Na superfície, todos viram tratar-se do estudante desaparecido. Apresentava tão profundo talho no lado esquerdo do peito e do pescoço, que a cabeça mal podia manter-se unida ao corpo. TINHA COMPLETAMENTE SECIONADAS A FARINGE E A LARINGE QUE, PARA QUE PUDESSE FALAR, FOI NECESSÁRIO POR-LHE A CABEÇA DE MANEIRA QUE ENCAIXASSE NAS PARTES SECIONADAS. Ninguém compreendia como é que podia manter-se com vida...


Ao ver o sacerdote, o infeliz abraçou-lhe as pernas e pediu-lhe que o atendesse imediatamente em confissão, declarando publicamente que, num ato de loucura, tinha deslizado pelo cabo do poço, onde quis suicidar-se. Mas quando já estava ferido de morte, veio-lhe o Pensamento do inferno, e pediu perdão e misericórdia a Nossa Senhora; e passou três dias e três noites naquela angustia.


Reconciliado com Deus, após confessar-se com o sacerdote, pouco depois faleceu.


Os médicos da faculdade de Medicina não puderam explicar como pode viver aquele rapaz durante três dias, materialmente degolado, numa profundidade em que o frio de janeiro é terrível, pois está próximo à Serra Nevada. Quando quiseram suturar-lhe o pescoço, sua carne estava tão endurecida pelo frio, que se quebravam as agulhas.


O QUE A CIÊNCIA NÃO PODE EXPLICAR, PÔDE-O A FÉ, POIS O JOVEM SUICIDA TRAZIA CONSIGO O SANTO ESCAPULÁRIO DO CARMO.

Série: Milagres da Igreja Católica: O Poder do Escapulário acalma o Mar







No ano de 1845, o navio 'King of the Ocean' deixava o Porto de Londres com destino à Austrália. Entre os passageiros, encontrava-se o pastor protestante inglês James Fisher, com Esposa e dois filhos de nove e sete anos de idade. O tempo esteve bom nas primeiras semanas de viagem, mas, quando já adiantava-se Oceano Índico adentro, um forte tornado, vindo do noroeste, varreu o oceano. As ondas irrompiam furiosamente, as velas se rasgavam e, a bordo, o madeiramento não parecia mais do que canas à mercê dos ventos e das ondas dessa noite memorável. Ordenaram aos passageiros que descessem às suas cabides. Não havia o que fazer. Ouviam-se ordens de comando, gritos de desespero e súplicas de misericórdia.


O Sr. Fisher com a família e mais outras pessoas, subiram ao convés e pediram que todos se unissem em oração suplicando perdão e misericórdia.


Entre a tripulação, havia um jovem marinheiro irlandês, natural da comarca de Louth, chamado John McAuliffe, o qual, desabotoando a camisa, tirou do pescoço um Escapulário. Brandiu-o em forma de Cruz e arremessou-o ao oceano. Em breve, as águas abateram seu furor, a tempestade acalmou-se, e uma pequena 'onda' lançou para junto do jovem marinheiro o Escapulário que poucos minutos antes ele havia lançado ao escapelado mar. Assim, o navio chegou são e salvo ao Porto de Botany.


ORA, as únicas pessoas que haviam notado o gesto do marinheiro e o regresso do Escapulário ao convés foram os Fisher. Com profunda reverência, aproximaram-se então do rapaz e pediram-lhe que lhes desse a conhecer o significado daquelas peças tão simples de pano castanho, marcadas com as letras B.V.M.


Uma vez informados, prometeram, ali mesmo, abraçar aquela Fé, cuja protetora e advogada é a poderosa Virgem do Carmo.


Ao desembarcarem em Sidney, encaminharam-se para a pequenina capela de Santa Maria, feita então de madeira no sítio aonde hoje se ergue um templo magnífico, e foram devidamente recebidos ao seio da Igreja pelo Pe. Paulding, mais tarde Arcebispo.




Extraído de: "A grande promessa de salvação, O Escapulário de Nossa Senhora do Carmo". Plinio Maria Solimeo, editora Artpres

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Akafist
A Santíssima Mãe de Deus-Mãe da Misericórdia-

Em honra ao ícone de Nossa Senhora de Íveron, chamado "Do Portal."

Breve Relato do Surgimento do Ícone

O ícone milagroso de Nossa Senhora de Íveron de Montreal foi pintado no Santo Monte Athos (Grécia) no ano de 1981 por um monge grego, cópia do ícone original de Nossa Senhora de Íveron.
No ano de 1982 esta imagem (ícone) foi trazida para Montreal do Monte Athos pelo Sr. José Cortez Muñoz, espanhol por descendência, mas há muito tempo convertido para a Ortodoxia. José nos relata como tudo aconteceu:

Durante uma das nossas peregrinações pelo Monte Athos (éramos em três pessoas) depois de algumas horas de caminhada nós nos perdemos. Começou a escurecer e rapidamente precisávamos encontrar algum mosteiro para pernoitarmos. Indo pela trilha nós nos deparamos com uma pequena e pobre ermida, onde quatorze monges gregos pintavam ícones. Eles nos receberam muito bem, e logo após um pequeno descanso começamos olhar os trabalhos, quando um dos meus companheiros de viajem que sabia a língua grega contou aos monges tudo sobre nós, enquanto eu observava com muita atenção os ícones, me deparei com uma maravilhosa e indescritível imagem (ícone) de Nossa Senhora.

Fiquei paralisado durante algum tempo até que comecei a pedir para que os monges me vendessem o ícone; eles recusaram, alegando que esta imagem foi pintada pelo monge Krizóstomo, e era um dos primeiros pintados no estilo Bizantino nesta ermida. Durante toda a noite permaneci na ermida e durante a liturgia matinal, principalmente durante os cвnticos a Nossa Senhora pedi de joelhos que Ela deixasse o santo ícone ir comigo. Após a oração senti uma tranqьilidade espiritual, como se fosse certeza de que a Virgem Santíssima iria conosco. Para nos acompanhar saíram todos os monges, mas o abade não estava.
No último minuto antes de nossa partida nós o vimos, ele descia rapidamente as escadas com o ícone embrulhado nas mãos. Aproximando-se de mim disse que me entregaria o ícone pois o mesmo deveria ficar comigo. Eu quis pagar pelo ícone sabendo da humilde situação dos monges e suas necessidades. O abade respondeu severamente que por tal relíquia não se deve receber dinheiro. Meu corpo estremeceu e senti que algo muito especial acontecera. Fiz o sinal da cruz beijei o ícone e partimos para o mosteiro de Iveron para que este ícone fosse abençoado pelo seu original, que se encontra neste famoso mosteiro.
Na capela nos ajoelhamos e olhamos para o ícone original de Íveron permanecemos em oração. O ícone é tão majestoso e de tão grande beleza espiritual que era difícil fitá-lo durante muito tempo. O monge me auxiliou a tocar o meu ícone no original (recebendo assim a benção do ícone de Nossa Senhora de Íveron que se encontra neste mosteiro já ha muitos séculos).
Retornando para casa em Montreal em 3 de novembro de 1982, coloquei o ícone junto com as relíquias de alguns santos que já tinha em casa. Onde constantemente ficava acesa a lamparina, como é de costume dos fiéis Ortodoxos.
Ali todas as noites eu rezava o Akafist a Nossa Senhora. No dia 24 de novembro as três horas da madrugada acordei sentindo um forte aroma. A princípio pensei se tratar de aroma proveniente das relíquias ou algum frasco de perfume derramado, mas aproximando-me do ícone, fiquei espantado pois toda a imagem estava coberta por um perfumado bálsamo! Eu fiquei petrificado diante de tal milagre!"
Logo após o ícone foi levado аs dependências da Igreja Ortodoxa Russa no Exílio em (Montreal) e mostrada ao Metropolita Vitaly. Imediatamente o Metropolita enxugou com algodão o ícone até secá-lo, e com o mesmo abençoou todas as dependências do mosteiro de três andares.
Após retornar a igreja o ícone estava novamente coberto de bálsamo, que escorria pelas suas mãos. Então o Metropolita ajoelhou-se diante do ícone e disse que estava acontecendo um grande milagre. Desde então o ícone constantemente exala o bálsamo com exceção do período da semana Santa.
O impressionante é que o "miro" (bálsamo) principalmente brota das mão de Nossa Senhora, do Menino Jesus e das estrelas encontrada no ombro direito da Virgem. Porém o lado posterior da imagem esta sempre seco (sem o bálsamo). Nós, alguns membros da comissão organizadora do congresso presenciamos o aparecimento do bálsamo sobre o vidro que cobre o ícone, no exato local onde havíamos colocado uma cópia de papel do ícone.
Este ícone milagroso já fez muitos milagres em todos os países que visitou, nos Estados Unidos, Austrália, Nova Zelвndia e Europa e outros, onde sempre propaga a paz e o amor.
Dos inúmeros milagres destacamos a cura de um jovem paralítico de Washington. Em Montreal levada a um enfermo grave que não conseguia se levantar; após as oraçхes e a leitura do Akafist, o enfermo se levantou. Curou uma mulher com uma forte pneumonia e uma menina de quatorze anos filha de um diácono da Igreja Ortodoxa sofrendo de uma forma grave de Leucemia. Na esperança de cura através da Santa imagem, ela pediu para levar o ícone a sua presença, o que foi atendido.
Depois das oraçхes e da benção com o "miro," ela começou rapidamente a se restabelecer, para o espanto dos médicos em geral. Alem dos milagres físicos, há cura também das doenças espirituais ou da alma através desta Santa imagem. sabendo dos milagres o famoso escritor russo Aleksandr Soljenytsen em carta ao Sr. José Muñoz, ressalta que na época atual o mundo sofre mais das doenças espirituais do que das doenças corporais.


Aparecimento do Novo Ícone
de Nossa Senhora de Íveron Milagrosa
que Verte Óleo - São Paulo - Brasil
Gostaríamos de compartilhar com os caros leitores os eventos ocorridos em nossa paróquia em Agosto 1997. Eventos estes que foram mensageiros da infinita graça Divina a nós pecadores.
Entretanto, para ter uma melhor compreensão das circunstancias dos fatos ocorridos precisamos voltar o calendário ao início do mês de julho deste ano.
Durante a visita do santo ícone de Nossa Senhora de Íveron ao Brasil, um novo "Kiot" (caixa protetora / moldura) foi ofertado ao nosso irmão José Muñoz para conter o santo ícone. Assim, o velho Kiot ficaria em São Paulo no aguardo de uma copia do ícone, um trabalho de pintura que seria executado pelo próprio José Muñoz, a longo prazo. Mas para que o Kiot não permanecesse vazio até lá foi providenciada uma cópia xerox colorida em tamanho original. Devido аs suas grandes dimensхes foi necessário copiar em duas partes que foram emendadas e colocadas numa cartolina formando peça única que foi em seguida plastificada. Antes da partida do irmão José ao Canada a cópia foi encostada ao santo ícone original e em seguida colocado no mesmo "analoi" (que se encontrava na sala de jantar) onde a santa imagem havia repousado durante os dias de sua estadia em São Paulo, permanecendo ali durante uma semana.
No primeiro dia da quaresma que antecede o dia de Assunção de Nossa Senhora, dia 14 de Agosto, pela manhã rezei a liturgia e a seguir o oficio de benção da água. Após o almoço quando eu estava conversando com a nossa provedora, Sra. K. A. Carderelli, Fomos interrompidos pela nossa faxineira Eliete, brasileira, católica devota, que nos chamava exaltada. (Durante a permanência do santo ícone ela vinha orar diariamente diante do mesmo e após sua partida continuou vindo orar diante da nova cópia com igual fervor). De início não entendi o que se passava. Ela me chamou a atenção - Veja o óleo escorrendo do ícone! Não conseguia acreditar no que aparecia diante dos nossos olhos. Um filete de óleo descia da face do Menino Jesus em direção а mão esquerda de Nossa Senhora. Detendo-nos mais atentamente percebemos que a maior parte da imagem de Nossa Senhora estava coberta com óleo chegando a acumular gotas em alguns pontos.
Sem delongas, na presençça de minha matuchka Tatiana, da provedora Sra. Carderelli, meu cunhado Wladimir Bibikoff e da Eliete rezamos o primeiro molieben seguido do akafist. Em seguida eu telefonei para o Padre George Petrenko que veio imediatamente. Após analisar atentamente o ícone ele confirmou o que aparentava algo impossível de acontecer... Nossa Senhora, Mãe de Deus havia nos enviado uma graça e uma cópia em papel do santo ícone de Nossa Senhora de Íveron também começou a verter óleo, dentro da nossa casa. O Padre George rezou o segundo molieben com akafist, já com a presença de seu filho e outros membros de nossa família que estavam chegando.
Na mesma noite telefonamos ao Vladika Metropolita Vitali para comunicar o milagre ocorrido. Vladika Vitali oficializou que o novo ícone fosse reverenciado e que iria se chamar milagroso e que verte óleo. Em seguida telefonamos ao irmão José Muñoz e compartilhamos com ele a nossa alegria, com ele que nos auxiliou na realização dessa alegria, pois essa cópia xerox também foi seu presente para nós.
No dia seguinte, sexta-feira, transferimos o ícone para a igreja e novamente rezamos um molieben com akafist, já com a presença de um numero considerável de pessoas (que tentamos avisar por telefone, assim que falamos com Vladika Vitali).
No domingo recebemos um comunicado do Vladika Vitali, instruindo que fossem rezadas liturgias diariamente, revezando-se as três igrejas ativas de São Paulo, até o dia da Assunção de Nossa Senhora.
Na segunda-feira dia 18 de agosto, véspera da transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo, o nosso santo ícone mostrava que toda a parte representada pelo Menino Jesus e Nossa Senhora, por inteiro, estava coberta pelo bálsamo, exceto um pequeno ponto do canto esquerdo e a parte que corresponde no original а “riza” (parte circundante coberta com prata).

Pe. Constantino Bussyguin
São Paulo, 9/22 Agosto 1997.

Akafist

Kondákio I
Oh! Excelsa Generalíssima, Oh! Soberana nossa Mãe de Deus, nós teus servos, ofertamos a Ti os cânticos de louvor, já que com o advento de Tua venerável imagem ganhamos escudo forte, muralha inconquistável e Guardiã vigilante, Tu, que possuís o poder invencível, nos cubra e proteja, Oh! Soberana, de todos os inimigos visíveis e invisíveis e livra-nos de todos os males espirituais e corporais para que a Ti envoquemos Alegra-te! Bondosa Guardiã que abre as portas do paraíso aos fiéis.

Page 18
Íkos I
Quando foste escolhida para o serviço apostólico na terra de Ivéria, um anjo predecessor foi enviado a Mãe de Deus dizendo: Não deixes Jerusalém, a escolha que Te coube será iluminada em outros dias, Tu deves empenhar-te na terra que Deus Te indicar, assim Te clamamos:
Alegra-te! pois por Ti anunciou-se o Evangelho; Alegra-te! pois por Ti foi suprimida a sedução da idolatria
Alegra-te! pois por Ti o poder do príncipe das trevas foi destruído; Alegra-te! pois por Ti o reino de Cristo foi fundamentado.
Alegra-te! pois por Ti foram envocados para a luz do Evangelho aqueles que caíram nas trevas da idolatria ; Alegra-te! pois por Ti fomos trazidos da escravidão ao demфnio para a liberdade da Glória dos filhos de Deus.
Alegra-te! Serva constante do Teu Filho e Deus; Alegra-te! Pois por tua obediência eximiu a desobediência de Eva.
Alegra-te! Incomparável virtude; Alegra-te! Profunda humildade de sabedoria.
Alegra-te! pois por Ti os infiéis conhecem o Criador; Alegra-te! pois por Ti os fiéis foram adotados pelo Pai.
Alegra-te! Bondosa Guardiã que abre as portas do paraíso aos fiéis.

Kondákio II
Vendo a Santa Virgem a nova e maravilhosa incumbência divina para com Ela, como serva do Senhor sempre pronta a cumprir a Sua vontade, exclamou: Aleluia.

Íkos II
O que foi dito pelo anjo, incompreensível para a razão, a Ti, Imaculada, o Senhor o fez compreensível e dirigiu seu caminho para o Monte Athos, onde se propagou por Teu intermédio o Evangelho, e assim se revelou o Teu destino. Nós com alegria exclamamos:
Alegra-te! Pois santificaste o Monte Athos com a tua presença; Alegra-te! Pois depuseste lá os ídolos.
Alegra-te! Pois implantaste lá a verdadeira fé; Alegra-te! Pois expulsaste a falta de fé.
Alegra-te! Que pela sorte escolheste esta montanha; Alegra-te! pois prometeste graça a este lugar.
Alegra-te! Doadora de bens terrenos aos fiéis que nela habitam; Alegra-te! garantia da sua salvação eterna.
Alegra-te! Cálida mediadora dos que vivem em Tua escolha; Alegra-te! Temor de todos inimigos.
Alegra-te os seus! Pois prometeste a misericórdia de Teu Filho a este lugar, até o final dos séculos; Alegra-te! Pois predisseste que Sua graça seria irreversível.
Alegra-te! Bondosa Guardiã que abres as portas do Paraíso aos fiéis.

Kondákio III
A força do Altíssimo, por intermédio da Mãe de Deus, cobriu a santa montanha com suas alturas e suas profundezas e mostrou-a como uma ampla morada a todos os que quiserem encontrar salvação na vida monástica, cantando-te: Aleluia!

Íkos III
Estando preocupada com a sorte do povo da terra de Ivéria, que buscavam salvação em porto seguro, determinaste a construção de um mosteiro para sua geração no local em que Tu mesma desembarcaste no monte Athos, desejando ofertar como escudo e proteção a Tua imagem, para que todos exclamem:
Alegra-te! Tu que enviaste a pregadora do Evangelho na terra de Ivéria; Alegra-te! Tu, que converteste este país da sedução da idolatria para a luz de Cristo.
Alegra-te! Videira sempre viva, que deste a Nina um formoso ramo; Alegra-te! Pois fizeste brotar dela frutos de milagres e boa fé.
Alegra-te! Tu, que plantaste um jardim espiritual no monte Athos; Alegra-te! Tu que fizeste surgir dele um manancial de iluminação espiritual para a terra de Ivéria.
Alegra-te! Boca de palavras áureas de Eufímio; Alegra-te! Força invencível de Torníquio.
Alegra-te! Fortaleza dos reis devotos; Alegra-te! Proteção dos monges.
Alegra-te! Porto sereno daqueles que buscam a salvação; Alegra-te Tu, que lhes prepara o descanso eterno.
Alegra-te! Bondosa Guardiã que abres as portas do Paraíso aos fiéis.

Kondákio IV
Tendo a tormenta interna de pensamentos de dúvida, a honrada viúva de Nicea se afligiu, vendo o venerado ícone da Mãe de Deus ser perfurado pela lança do soldado iconoclasta e vertendo sangue, a viúva tomada de temor, para que o santo ícone não fosse desonrado, com orações e lágrimas lançou-o ao mar. Vendo que seguiu direto pela superfície da água, encaminhando-se para o ocidente, com alegria exclamou: Aleluia!

Íkos IV
Os monges do Monte Athos viram uma chama que apareceu no mar como uma coluna de fogo, brilhante como o sol e cujo topo alcançava o céu. Chegaram à noite a beira do mar e viram o santo ícone da Mãe de Deus carregada sobre o mar por uma força superior, exclamaram à Cheia de Graça:
Alegra-te! Sarça prevista pelo legislador; Alegra-te! Coluna de fogo, guia dos que se encontram nas trevas.
Alegra-te! Escada que atinge o céu, pela qual desceu Deus; Alegra-te! Ponte que conduz para o céu aqueles que estão na terra.
Alegra-te! Aurora do dia misterioso; Alegra-te! Estrela que mostra o sol.
Alegra-te! Progenitora da luz indescritível; Alegra-te! Pois a muitos ensinaste.
Alegra-te! Revestida de sol, resplandecente de graça e gloria a todo o universo; Alegra-te! Raio, que ilumina as almas, e clareia os pensamentos dos fiéis.
Alegra-te! Resplendor que brilha nas trevas; Alegra-te, pois mostras o conhecimento iluminado.
Alegra-te! Bondosa Guardiã que abres as portas do Paraíso aos fiéis.

Kondákio V
Desejando dar ao mosteiro de Iveron o Teu ícone levado por Deus, disseste ao venerável Gabriel, ó Mãe Deus: vai com a comunidade de monges até a beira do mar, entre nas águas e receba o Meu ícone. Ele, levado por fé e amor, andou sobre as águas como por terra, tomou o ícone em seus braços, e tendo alcançado o tesouro, inalcansável para outros, em herança dos monges de seu povo de Ivéria, com alegria cantou: Aleluia!

Íkos V
Muitas vezes os monges de Iveron viram o ícone da Mãe de Deus ser levado da igreja para o alto dos muros do mosteiro por uma força invisível, se apavoraram e ficaram clamando a Ela:
Alegra-te! Pois houveste por bem dar-nos o santo ícone; Alegra-te! Pois prometeste ser através dele nossa proteção.
Alegra-te! Pois manifestaste teu amor ao nosso mosteiro; Alegra-te! Pois mostraste boa disposição para com ele.
Alegra-te! Nosso auxilio em terra estranha; Alegra-te! Consolo em nossa peregrinação.
Alegra-te! Benevolência Divina para conosco; Alegra-te! Ousadia nossa para com Deus.
Alegra-te! Libertação das nossas lágrimas; Alegra-te! Defensora de nos, órfãos.
Alegra-te! Proteção nossa; Alegra-te! única alegria nossa.
Alegra-te! Bondosa Guardiã que abres as portas do Paraíso aos fiéis.

Kondákio VI
Fazendo de Gabriel um pregador de Tua vontade disse-lhe Soberana: não vim para ser protegida por vós, mas para ser vossa protetora não só agora, como também no futuro, e eis aqui o sinal: enquanto contemplais no mosteiro a Minha imagem, não faltará a graça e misericórdia do Meu Filho, para que todos exclamem: Aleluia.

Íkos VI
Resplandece grande alegria dos que ouviram a Tua promessa, Oh! Mãe de Deus, e a Ti Guardiã celeste, os monges com alegria ergueram a igreja nos portões do Mosteiro e exclamaram assim:
Alegra-te! Nossa Protetora no presente; Alegra-te! Nossa Intercessora no futuro.
Alegra-te! Tu, que ensinas o temor a Deus; Alegra-te! Tu que nos indicas o caminho da virtude.
Alegra-te! Nossa ousadia e esperança; Alegra-te! Nossa confiança e proteção.
Alegra-te! pois Tu inclinaste a benevolência do Teu Filho sobre nós; Alegra-te! Pois anuncias que a graça d’Ele permanecerá sempre conosco.
Alegra-te! Pois deste Teu santo ícone como garantia da Tua graça: Alegra-te, pois outorgaste a ele o dom miraculoso.
Alegra-te, pois afastas do mosteiro todo o mal; Alegra-te! Pois abres a entrada de todo o bem.
Alegra-te! Bondosa Guardiã que abre as portas do paraíso aos fiéis.

Kondákio VII
Em certa ocasião, o maldoso Amir quis destruir o mosteiro de Iveron e dispersar o rebanho de monges ali reunido, mas ao ver seus barcos naufragando nas profundezas do mar e seus guerreiros perecerem, logo reconheceu a forte proteção do mosteiro por parte da Mãe de Deus e veio com humildade, oferecendo ao mosteiro ouro e prata pedindo orações. Vendo isto, os monges exclamaram a Deus: Aleluia.

Íkos VII
A Mãe de Deus mostrou novos e inumeráveis milagres, suprindo no mosteiro a falta de vinho, farinha e azeite, curando os possuídos, dando andar aos mancos, visão aos cegos e curando toda enfermidade, para que vendo estes milagres Lhe cantem:
Alegra-te! Generalíssima, vencedora dos inimigos; Alegra-te! Rápido auxilio dos que por Ti clamam.
Alegra-te! Tu, que não desprezas nossas súplicas; Alegra-te! Pois não Te apartas de Tua promessa.
Alegra-te! Pois transformas a tristeza do mosteiro em alegria; Alegra-te! Pois preenches a escassez do mosteiro.
Alegra-te! Visão dos cegos; Alegra-te! Andar dos mancos.
Alegra-te! Tu que curas todos os enfermos; Alegra-te! Consolo de todos os pesarosos.
Alegra-te! Pois não cessas de Te preocupar por nos e nos salvar; Alegra-te! Pois nos livras de tantas desgraças.
Alegra-te! Bondosa Guardiã que abre as portas do paraíso aos fiéis.

Kondákio VIII
O Patriarca Nikon, tendo ouvido a respeito do mosteiro de Íveron ser misteriosamente protegido pelo ícone da Mãe de Deus, desejou conseguir também para a terra Russa o auxilio em sua graça; para isso fundou um mosteiro em honra ao venerável ícone, e com afinco pediu uma reprodução da milagrosa imagem da Mãe de Deus, para que sob o abrigo de Sua proteção exclamem a Deus: Aleluia.

Íkos VIII
Estando nas alturas, mas não Te separando dos que estão embaixo, Te dignaste, Mãe de Deus, da mesma forma como antigamente a Antônio foi dada a benção do Monte Athos para a fundação do mosteiro de Pechera, dar também ao novo mosteiro na terra Russa a Sua graça, com a qual bendisseste o Athos, com a cópia de Tua santa imagem. Assim Te clamamos:
Alegra-te! manto protetor da terra Russa, maior que as nuvens; Alegra-te! Proteção e confirmação nela da fé ortodoxa.
Alegra-te! Pilar inabalável da Igreja Ortodoxa; Alegra-te! Acusadora das heresias e cismas.
Alegra-te! Pois iluminas todo o país com raios fúlgidos dos Teus milagrosos ícones; Alegra-te! Pois fazes brotar deles as dádivas de curas e de misericórdia.
Alegra-te! Confirmação do cetro dos nossos czares; Alegra-te! Temor dos inimigos.
Alegra-te! Alegria dos bispos; Alegra-te! Louvor dos sacerdotes.
Alegra-te! Instrutora dos monges; Alegra-te! Salvação de todo nosso povo.
Alegra-te! Bondosa Guardiã que abre as portas do paraíso aos fiéis.

Kondákio IX
Tendo grande afinco para pintar uma venerável imagem da misericordiosa Guardiã, a comunidade de jejuantes de Iveron, cantando orações, lavou com água benta do milagroso ícone a tábua. na qual deveria ser pintada a imagem, e abençoou ao venerável Iamblico, o qual se dedicou ao jejum, orações e vigília com toda a irmandade, pintou com tintas abençoadas com relíquias e água benta a venerável imagem da Mãe de Deus, constantemente orando e clamando a Deus: Aleluia

Íkos IX
Vemos oradores muito eloqüentes emudecer como peixes sem fala ao se tratar de Ti, Mãe de Deus; não sabem pois, como merecidamente louvar todos os Teus milagres, que foram nos mostrados por Teu santo Ícone: ainda no caminho para a terra russa fizeste milagres, ordenando ao piedoso Manuel que pagasse aos infiéis que impediam a passagem do santo ícone para a terra russa, e devolveu-lhe em dobro. Nós, admirados, fielmente exclamamos:
Alegra-te! Manancial inesgotável de milagres; Alegra-te! doadora de toda a piedade.
Alegra-te! Sempre cálida intercessora perante Deus; Alegra-te! Tesouro da Providencia Divina para conosco.
Alegra-te! Refugio dos desaventurados; Alegra-te! Consolo dos aflitos.
Alegra-te! Cura dos enfermos; Alegra-te! Fortalecimento dos fracos.
Alegra-te! Intercessão das viúvas; Alegra-te! Mãe misericordiosa dos órfãos.
Alegra-te! Conversão dos perdidos para o caminho da verdade; Alegra-te! Invocação dos pecadores ao arrependimento.
Alegra-te! Bondosa Guardiã que abre as portas do paraíso aos fiéis.

Kondákio X
Querendo salvar muitas pessoas das desgraças e tristezas, Mãe de Deus, fazes fluir de Teu santo ícone uma inesgotável fonte de misericórdia ao nosso povo: Assim na cidade reinante de Moscou, apareces como Bondosa Guardiã a todos que se curvam diante de Ti, ajudando-os prontamente. E no novo mosteiro de Íveron, fazes fluir de Teu ícone fontes de graças, e em outras cidades, mosteiros e lugares atendes aos pedidos saudáveis de todos que Te veneram. Portanto glorificando a Deus, que nos deu tamanha graça, clamamos a ele: Aleluia.

Íkos X
Tu és um muro aos monásticos, e a todos que a Ti recorrem, Mãe de Deus! Pois o Criador do céu e da terra se instalou em Teu ventre virginal, e ensinou a todos que zelam pela pureza e castidade a exclamar-te:
Alegra-te! Vaso eleito da virgindade; Alegra-te! puríssima imagem da castidade.
Alegra-te! Morada da concepção sem sêmen; Alegra-te! Noiva não desposada.
Alegra-te! Progenitora do semeador da pureza; Alegra-te! Tu que uniste os fiéis a Deus.
Alegra-te! Pronta ajuda na tempestade das tentações; Alegra-te! Tu que repeles os intentos do inimigo.
Alegra-te! Tu que afugentas as trevas das paixões danosas para as almas; Alegra-te! Tu, que purificas os pensamentos.
Alegra-te! Tu que ensinas a desdenhar as doçuras terrenas; Alegra-te! Tu, que diriges ao alto nossas mentes e nossos corações.
Alegra-te! Bondosa Guardiã que abres as portas do paraíso aos fieis.

Kondákio XI
Qualquer hino é insuficiente para descrever a infinita magnitude de Tua misericórdia, Senhora Nossa, Mãe de Deus, mesmo que nossos hinos fossem numerosos como a areia do mar, não estaríamos fazendo nada digno do que dás aos que a Ti exclamam: Aleluia!

Íkos XI
Contemplamos o santo ícone da Mãe de Deus, que como um círio pleno de luz apareceu aos que estão na trevas, recebendo o fogo imaterial de graça, iluminando todos com os raios dos milagres, ensinando a clamar assim à Bendita:
Alegra-te! Pronta ajuda em todas as necessidades; Alegra-te! Pronto consolo nas tristezas.
Alegra-te! Pois salva-nos do fogo, da espada e da invasão dos estrangeiros; Alegra-te! Tu, que nos livras da fome e da morte vã.
Alegra-te! Tu que nos preserva da praga e aniquilação mortal; Alegra-te! Súbita ajuda aos que sofrem no caminho, sobre a terra e sobre as águas.
Alegra-te! Cura das feridas da alma e do corpo; Alegra-te! Pois pegas em Tuas mãos aqueles que foram deixados pelos médicos.
Alegra-te! Bondoso consolo de todos o aflitos e oprimidos; Alegra-te! pois não deixas de lado os desdenhados e repudiados.
Alegra-te! Pois resgatas os desesperados do abismo da perdição; Alegra-te! Pois não deixas a mim, despido de boas ações, sem Tua proteção e intercessão.
Alegra-te! Bondosa Guardiã que abre as portas do paraíso aos fiéis.

Kondákio XII
Quando o Remissor das dividas dos homens quis dar-nos a absolvição dos antigos pecados, veio aos que tinham se distanciado de Sua graça, e rasgando o manuscrito, deu-nos a forte intercessão bendita por Deus, para que cantemos com as orações Dela: Aleluia!

Íkos XII
Cantando os Teus milagres, a nós manifestados nesta vida, Te glorificamos Mãe de Deus, como uma fonte inesgotável de misericórdia. Mas prostrando-nos diante de Ti diante de Teu milagroso ícone, rogamos humildemente, sejas nosso amparo e proteção no dia de nosso falecimento e quando devemos nos apresentar diante o temível trono de Teu Filho para o terrível julgamento, para que exclamemos:
Alegra-te! Tu, que estas em glória sentada junto ao trono de Teu Filho e de lá lembraste de nós; Alegra-te! Pois reinas eternamente com teu Filho, e intercedes por nós.
Alegra-te! Pois Tu dás um final de vida sem provações; Alegra-te! Pois Tu nos prepara um final pacífico e indolor.
Alegra-te! Nossa libertação dos amargos tormentos; Alegra-te! libertação nossa do poder do príncipe das trevas.
Alegra-te! Pois por Ti não são lembrados nossos pecados; Alegra-te! Nossa esperança no Senhor de uma vida bem-aventurada.
Alegra-te! Pois para aqueles que em Ti confiam preparas um lugar à direita de Teu Filho; Alegra-te! Tu, que nos fazes dignos de ouvir a abençoada voz d’Aquele que promete herança do reino celestial.
Alegra-te! Bondosa Mãe, pois permites que vivam junto contigo àqueles que Te honram; Alegra-te! Forte esperança da eterna salvação de todos os cristãos.
Alegra-te! Bondosa Guardiã que abre as portas do paraíso aos fiéis.

Kondakio XIII
Oh, Mãe entoada por todos nós, Senhora Santíssima Virgem, Mãe de Deus! Proteja-nos pois ofertamos, humildemente, com lágrimas, essas pequenas orações diante de Tua Puríssima imagem e depositamos toda a nossa esperança e toda a nossa confiança em Ti, e livra-nos de todos os males e dificuldades desta vida, e de sofrimentos futuros, para que salvos por Ti exclamemos: Aleluia, aleluia, aleluia!

Este Kondákio lê-se três vezes, após Íkos I (Quando foste escolhida) e em seguida Kondákio I (Oh! Excelsa Generalíssima).

Íkos I
Quando foste escolhida para o serviço apostólico na terra de Ivéria, um anjo predecessor foi enviado a Mãe de Deus dizendo : Não deixes Jerusalém, a escolha que Te coube será iluminada em dias posteriores, Tu deves empenhar-te na terra que Deus Te indicar, assim Te clamamos:
Alegra-te! pois por Ti anunciou-se o Evangelho; Alegra-te! pois por Ti foi suprimida a sedução da idolatria
Alegra-te! pois por Ti o poder do príncipe das trevas foi destruído; Alegra-te! pois por Ti o reino de Cristo foi fundamentado.
Alegra-te! pois por Ti foram envocados para a luz do Evangelho aqueles que caíram nas trevas da idolatria ; Alegra-te! pois por Ti fomos trazidos da escravidão ao demфnio para a liberdade da Glória dos filhos de Deus
Alegra-te! Serva constante do Teu Filho e Deus; Alegra-te! Pois por tua obediência eximiu a desobediência de Eva
Alegra-te! Incomparável virtude; Alegra-te! Profunda humildade de sabedoria
Alegra-te! pois por Ti os infiéis conhecem o Criador; Alegra-te! pois por Ti os fiéis foram adotados pelo Pai.
Alegra-te! Bondosa Guardiã que abre as portas do paraíso aos fiéis.

Kondákio I
Oh! Excelsa Generalíssima, Oh! Soberana nossa Mãe de Deus, nós teus servos, ofertamos a Ti os cвnticos de louvor, já que com o advento de Tua venerável imagem ganhamos escudo forte, muralha inconquistável e Guardiã vigilante, Tu, que possuís o poder invencível, nos cubra e proteja, Oh! Soberana, de todos os inimigos visíveis e invisíveis e livra-nos de todos os males espirituais e corporais para que a Ti envoquemos :
Alegra-te! Bondosa Guardiã que abre as portas do paraíso aos fiéis.

Oração a Santíssima Mãe de Deus
A quem clamarei, Senhora, a quem recorrerei na minha aflição senão a Ti, Rainha Celestial? Quem escutará meu pranto e receberá minhas lamentaçхes senão Tu, Imaculada, esperança dos cristãos e refugio de todos nós, pecadores? Quem além de Ti nos defenderá nas desgraças? Ouve os meus lamentos e inclina a mim Teu ouvido, Senhora Mãe de Deus, Rainha Celestial. Não desprezes aqueles que buscam Tua ajuda e não rechaces a mim, pecador. Ensina-me a cumprir a vontade de Teu Filho, e concede-me o desejo de praticar Seus santos mandamentos.
Mesmo que eu me queixe nas minhas penúrias e seja de pouca fé, não te apartes de mim seja meu manto protetor e ampara-me.
Por Tua intercessão, fazei desaparecer meus pecados; protege-me dos meus inimigos visíveis e invisíveis; abranda os coraçхes dos que estão contra Mim e esquenta-os com o amor de Cristo.
Concede a mim fraco, Tua poderosa ajuda para vencer minhas paixхes pecaminosas e para que com arrependimento e vida emendada seja eu purificado; concede-me que o rasto de minha peregrinação por esta vida terrena transcorra sem pecado e em obediência а Igreja de Teu Filho. E na hora de minha morte assiste-me, Oh! esperança dos cristãos Confirma minha fé naquele penoso dia e no momento final, e no depois de minha partida eleva tua poderosa oração por mim, para que o Senhor tenha piedade de mim e me conceda participar das infinitas alegrias, pelos séculos dos séculos. Amém.


Publicação da Catedral Ortodoxa de São Nicolau
Rua Tamandaré, 710 - Aclimação
São Paulo - S.P. Brasil
Copyright
Direitos Autorais Reservados
Em memória de
José Cortez-Muñoz
# 31-X-1997

Tradução: padre Constantino Bussyguin
Editoração e revisão: Zlata Hvanov
Ana Coser


(Akathisto_p.doc, 03-07-2000)

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Os frutos da esmola




Os frutos da esmola

Em primeiro lugar, ninguém duvida que as Sagradas Escrituras pedem esmolas. A sentença que nosso supremo e justo Juiz proferirá contra os ímpios no último dia é suficiente, mesmo supondo que não tenha nada mais contra nós: Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos. Porque tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber; era peregrino e não me acolhestes; nu e não me vestistes; enfermo e na prisão e não me visitastes (Mt 25,41-43). E um pouco depois: Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer (Mt 25,45). 


Se não há muito a dizer sobre a necessidade de dar esmolas, há muito mais sobre os frutos, pois estes são abundantes. Primeiro, esmolas salvam a alma da morte eterna, sejam elas uma forma de satisfação ou disposição de receber as graças. Esta doutrina é claramente ensinada nas Sagradas Escrituras. No livro de Tobias podemos ler: a esmola livra do pecado e da morte, e preserva a alma de cair nas trevas (Tb 4,11); no mesmo livro, o anjo Rafael afirma: a esmola livra da morte: ela apaga os pecados e faz encontrar a misericórdia e a vida eterna (Tb 12,9). E Daniel disse ao rei Nabucodonosor: Queiras então, ó rei, aceitar meu conselho: resgata teu pecado pela justiça, e tuas iniqüidades pela piedade para com os infelizes; talvez com isso haja um prolongamento de tua prosperidade (Dn 4,24 ).


Esmolas também, se dadas por um homem justo, e com verdadeira caridade, são meritórias para a vida eterna: isto o Juiz dos vivos e mortos pode testemunhar: Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo, porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes; nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim (Mt 25, 34-36). E logo após: Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes (Mt 25,41).
Maria Madalena aos pés de Jesus



Em terceiro lugar, esmolas são como um batismo, porque levam consigo tanto os pecados quanto a punição, de acordo com as palavras do Eclesiástico: A água apaga o fogo ardente, a esmola enfrenta o pecado (Eclo 3,33). A água extingue completamente o fogo, de tal modo que a fumaça permanece. Desta maneira ensinam muitos dos Santos Padres, como São Cipriano, São Ambrósio, São João Crisóstomo e São Leão, cujas palavras é desnecessário citar. Esta, portanto, é uma grande vantagem, que pode inflamar em todos os homens o amor às esmolas. Mas isto não pode ser entendido de qualquer modo, mas apenas aquelas que são procedidas de grande contrição e caridade, tais como Santa Maria Madalena, que, em lágrimas de verdadeira contrição, lavou os pés do Senhor; e tento comprado o mais precioso perfume, derramou-o sobre Seus pés.


Em quarto lugar, as esmolas aumentam a confiança em Deus e produzem alegria espiritual; embora isto seja comum a outras obras de caridade, dá-se de modo particular com as esmolas, pois através delas prestasse um serviço especial a Deus e aos irmãos, e esta obra é claramente reconhecida como boa. Daí a palavra de Tobias: A esmola será para todos os que a praticam um motivo de grande confiança diante do Deus Altíssimo (Tb 4,12). E o apóstolo, na sua Epístola aos Hebreus, diz: Não percais esta convicção a que está vinculada uma grande recompensa (Hb 10, 35). São Cipriano, no Sermão sobre as Esmolas, a chama de "grande conforto dos fiéis".


Em quinto lugar, as esmolas conciliam a boa vontade de muitos que rezam por seus benfeitores e obtém para eles tanto a graça da conversão, ou o dom da perseverança, ou um aumento de méritos e glória. De todas estas maneiras devem ser compreendidas estas palavras do Nosso Senhor: fazei-vos amigos com a riqueza injusta, para que, no dia em que ela vos faltar, eles vos recebam nos tabernáculos eternos (Lc 16,9).


Em sexto lugar, as esmolas demonstram disposição para receber a graça da justificação. Deste fruto Salomão nos fala no livro dos Provérbios, onde afirma: É pela bondade e pela verdade que se expia a iniqüidade (Pv 16,6a). E quando Cristo ouviu falar da liberalidade de Zaqueu: Senhor, vou dar a metade dos meus bens aos pobres e, se tiver defraudado alguém, restituirei o quádruplo. Disse-lhe Jesus: Hoje entrou a salvação nesta casa (Lc 19, 9b-10a). Também lemos nos Atos dos Apóstolos o que foi dito à Cornélio, que ainda não era um cristão, mas deu grandes esmolas: As tuas orações e as tuas esmolas subiram à presença de Deus como uma oferta de lembrança (At 10,4). Deste ponto Santo Agostinho prova que Cornélio, pelas suas esmolas obteve de Deus a graça da fé e perfeita justificação.


Por fim, esmolas são um instrumento para aumentar os bens materiais. Isto afirma o homem inteligente: Quem se apieda do pobre empresta ao Senhor, que lhe restituirá o benefício (Pv 19,17). E também: O que dá ao pobre, não padecerá penúria (Pv 28,27). Jesus nos ensinou esta verdade pelo seu próprio exemplo, quando ordenou a seus discípulos que distribuíssem os cinco pães e dois peixes; em retorno receberam doze cestos, dos quais serviram-se por muitos dias. Tobias também distribui fartamente aos pobres e, em curto espaço de tempo, obteve grandez riquezas. A viúva de Sarepta, deu a Elias apenas um refeição e um pouco de óleo, obeteve de Deus por este ato de caridade, abundância de alimentos e óleo, que por longo tempo não terminaram. 


-- Do Livro A Arte de Morrer Bem, de São Roberto Belarmino, bispo (século XVIII)

Significado da esmola




Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*

Relata São Marcos que Cristo “estava sentado no templo, diante do cofre das esmolas, e observava como a multidão depositava suas moedas no cofre” (Mc 12, 41). Deus que era Ele penetrava fundo nas intenções de cada um e, por isto, elogiou a atitude da pobre viúva que pouco ofereceu, mas era o que possuía e o fez de coração que era generoso.

Bem entendida, no sentido bíblico, a esmola tem um valor imenso diante de Deus. Compreendida como donativo que se faz para o culto divino ou como uma ajuda oportuna aos necessitados. Nesse último caso cumpre não se deixe a luta pela promoção integral dos carentes, os quais sem aquele auxílio, socorro ou benefício estariam em situação realmente ainda mais complicada.

Trata-se, portanto, ou da justiça para com Deus cujo louvor é amparado pelos fiéis ou de um ato de misericórdia para com o próximo. Para a Bíblia a esmola, gesto de bondade do homem para com seu irmão é, antes de tudo, uma imitação dos gestos de comiseração de Deus que, por primeiro deu provas de amor para com todos. Deste modo a esmola deixa de ser um ato de filantropia, mas tem um sentido profundamente religioso. Tanto isto é verdade que cria um liame entre o doador e o próprio Deus.

Está no Evangelho de São Lucas: “Daí esmola e vossos pecados serão apagados” (Lc 11,41). É que a esmola equivale a um sacrifício oferecido ao Senhor Onipotente e diz o salmista que privando-se do próprio bem o ser humano cria para si um tesouro (Sl 29,12). Diz ainda Davi: “Feliz de quem pensa no pobre e no desamparado” (Sl 41, 2-4).

Tobias aconselhou a seu Filho: “Jamais afastes o teu rosto dum pobre, e Deus não afastará o seu de ti […] Se tens muito, dá mais; se tens pouco, dá menos, mas não hesites em fazer a esmola […] Quando fazes esmola, não haja pesar nos teus olhos” (Tb 4,7-11.16 s). Cristo, no Sermão da Montanha, incentivou seus seguidores na mesma linha e fez da esmola, oração e jejum as três colunas da existência de seu seguidor (Mt 6,1-17).

Alertou, porém, “quando deres esmola, na toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens” (Mt 6,2). Afiançou, porém, “teu Pai que vê o que é secreto, te recompensará” (Mt 6,4). Cumpre, pois, uma reta intenção e também total precaução para que a esmola seja bem direcionada. Para que isto aconteça nada melhor do que entregá-la aos Vicentinos que conhecem de perto as deficiências dos carentes e fazem um trabalho caritativo maravilhoso, ou a ajuda às Obras Sociais tão numerosas da Igreja Católica.

É na fé em Cristo que a esmola ganha todo seu significado: “O que fizestes a um destes mais pequeninos foi a mim que o fizestes, afirmou o Mestre divino (Mt 25,31-46). Os apóstolos compreenderam isto perfeitamente e São João assim se expressa na sua primeira Carta: “Como pode permanecer o amor de Deus em que fecha suas entranhas diante do irmão necessitado”? (1 Jo 3,17). São Paulo, o grande missionário da caridade, asseverou: “Deus ama quem dá com alegria” (2 Cor 9,6 ss).

Sob qualquer aspecto que se considere a esmola o valor dela é tão grande que é impossível aquilatar todo o mérito que tem diante de Deus. São João Crisóstomo deixou escrito: “ Daí um pedaço de pão ao vosso irmão pobre e recebereis o paraíso; daí um pouco e recebereis muito; daí bens terrenos e recebereis bens eternos”. Santo Ambrósio afirmou que a esmola é quase como um segundo batismo e um sacrifício de propiciação que atalha a cólera divina e faz atrair as graças celestes.

Adite-se a tudo isto que a ação caritativa é uma vitória sobre o egoísmo, dado que inclui sempre uma privação, inspirada na misericórdia de Deus a bem do próximo em dificuldades.

Pela esmola bem direcionada se torna crível a fé do cristão e testemunho que dela oferece ao mundo é a vivência da prática do amor pregado por Jesus. É beatificante o itinerário do amor da Trindade naquele que crê e deste até o seu irmão carente.







* Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos – MG

figura de Jesus

FIGURA  DE  JESUS



“Quem é este a quem até o vento e o mar obedecem?” (Mc. 4,41)

O objetivo desse texto é propor uma breve reflexão sobre o significado da pessoa de Jesus, particularmente sobre como ela se nos apresenta, ou seja, sobre a sua figura (daí o título do mesmo), não esquecendo que Ele não é apenas objeto de estudo histórico, pois qualquer abordagem de sua pessoa exige que a dimensão da fé não seja preterida.

A figura de Jesus, delineada pelas suas palavras e atitudes, revela uma pessoa totalmente original, com uma personalidade até paradoxal, por vezes, mas sempre mostrando um ser inigualável, inconfundível e sem nenhum paralelo humano.

Inicialmente, virá abordada a dimensão histórica de Jesus de Nazaré, com a situação e o ambiente histórico de sua época e o estado atual da pesquisa histórica, para depois tratar da exposição bíblica do mesmo, visto que ambas se completam, pois a Sagrada Escritura retrata a história do Nazareno a partir da sua ressurreição, que O constituiu em “Senhor e Cristo” (cf. At. 2,36). A partir desses dois pressupostos, é possível efetuar a abordagem dogmática, colhendo a reflexão teológica elaborada pela Igreja, baseada nos elementos fornecidos pelos argumentos históricos e escriturísticos.

A situação da época de Jesus

Antes de tudo, é necessário fazer duas observações:

a) As estruturas sociais, políticas, culturais e religiosas estão ligadas à prática de Jesus, pois Ele atuou numa situação histórica determinada;

b) A sociedade da época de Jesus não é literalmente análoga à atual, pois nela existem diferenças qualitativas significativas, que a distingue substancial-mente da nossa. Basta recordar, como exemplo, o modo de produção em vigor, que era o não-capitalista, e a atividade econômica dominante na época, que era a agricultura, contrastando com o da sociedade hodierna, na qual predomina a produção capitalista e a atividade técnico-científica . Assim, a época de Jesus apresenta as seguintes características:

Assim, por exemplo, a compreensão da terra. Os israelitas consideravam-na como pertencente a Deus. E estava ocupada pelos romanos, acarretando descontentamento e o aumento do latifúndio. Isso trouxe o despojamento do camponês pobre, que se tornou mão-de-obra liberada ou diarista. O latifúndio, sistema incorporado com a chegada dos romanos, passa a ser adotado porque dá mais lucro do que o sistema das pequenas propriedades familiares. Os impostos pagos aos romanos aumenta a miséria, porque são em número muito elevado e bastante pesados do ponto de vista econômico.

Os partidos religiosos, existentes então, digladiam-se entre si, cada um procurando impor a sua ideologia própria. O templo, situado na cidade de Jerusalém, enquanto centro religioso, é o lugar da presença de Deus e do culto. Os sacrifícios oferecidos pelo povo, tanto públicos quanto privados, tornaram-no, também, um centro econômico. Nele funcionava o sinédrio, centro do poder político judaico, que resolvia as questões internas do judaísmo.

A época de Jesus é considerada, normalmente, como o período que abarca do ano 7 a.C. a 39 d.C., ano em que Herodes Antipas foi exilado. É uma época caracterizada por uma forte instabilidade política, devido, principalmente, a ocupação da Palestina pelos romanos, apesar de Herodes, o Grande, ter governado durante muito tempo. Os romanos exerciam uma repressão dura, impingindo castigos como a crucificação, escravidão e deportação. Os zelosas começam a aumentar em número e em influência no povo, culminando com a destruição de Jerusalém, em 66 d.C.

Todas essas vicissitudes enfrentadas pelo povo, naquele momento, tornam a época de Jesus efervescente. O messianismo se apresenta como uma resistência surda e inflamada contra o ocupante, apesar de as classes dirigentes tentarem estabelecer uma convivência pacífica aceitável, nunca aprovada pela maioria do povo israelita. Isso acarreta uma esperança messiânica de tipo político, levando a interpretar erroneamente a missão de Jesus, como muito bem comprovam certas passagens evangélicas, entre os quais, o episódio ocorrido após a multiplicação dos pães, quando o povo quis aclamar a Jesus como rei (Jo 6,15), motivado pelo sucesso conseguido pelo milagre. Também por parte do próprio grupo dos Doze, que apresentam a preocupação de saber quem seria o maior dentre eles no futuro reino de Jesus (cf. Mc. 10,37; Mt. 20,23).

No entanto, a atuação de Jesus se dá numa situação social, econômica, política, cultural e religiosa bem configurada. Ele não realiza a sua missão, que é, sem dúvida, eminentemente religiosa, desconhecendo sua época, o que seria impensável para um judeu tão próximo do povo assim como Jesus demonstrou durante toda a sua vida pública. As interpretações sobre a sua missão comprovam tal afirmação (cf. Jo 6,14 - 15; Mt. 2,8 - 10; Lc. 23,1 - 3).

Uma análise, mesmo superficial, revela que Jesus tem compaixão pelo povo com o qual convive e compartilha da mesma sorte (Mc. 6,34; Mt 9,36). Por isso, é chamado de "pastor" e aplica essa figura para si mesmo. Esse é um título de dignidade, que corres-ponde aos chefes do povo . A atitude de Jesus se explica, porque parte da constatação do abandono em que o povo se encontra, pois seus representantes formais estavam completamente desleixados, pois representavam mais Roma do que o povo.

Estrutura econômica

O povo de Israel tinha consciência, pelo menos no início de sua trajetória, de que não havia propriedade privada, pois a terra pertence a Deus. Mas isso não impede do povo se organizar. Do sistema tribal nômade, como era o sistema inicial, passa para a clã sedentária, com uma porção de terra, que é muito importante, pois serve como garantia de sobrevivência. Do cultivo da terra, o israelita tirava seu sustento e de sua família (1 Mc. 14,12; Zc 3,10). Daí que a estrutura patriarcal, com as suas leis sobre o casamento e a herança (filhos só recebiam-na e o mais velho ficava com a terra), serviam para favorecer a conservação dos bens e evitar a miséria. As leis religiosas a respeito do ano sabático, celebrado no sétimo ano de uma série de sete anos, determinavam que os escravos fossem libertados, a terra ficasse em repouso, o produto da terra fosse distribuído aos pobres e as dívidas perdoadas. O ano jubilar, que ocorria a cada cinqüenta anos, mandava que as terras e as casas alienadas ou vendidas devessem voltar aos seus primeiros proprietários. Essas leis tinham a finalidade de fazer do israelita um homem livre e proteger a propriedade básica de cada clã. Nos tempos de Davi e Salomão, conforme 1 Sm. 8,11 - 17, o mecanismo estatal foi implantado, substituindo essa organização originária. A conseqüência foi o surgimento, a partir do período da monarquia e que se estende até o tempo de Jesus, de grandes propriedades privadas, mas, ainda, não de latifúndios.

A economia da Palestina baseava-se na agricultura, pecuária, artesanato, comércio e pesca no lago de Tiberíades. Na Judéia, região montanhosa e rochosa, havia a criação de ovinos e caprinos; na Galiléia, região mis fértil havia a criação de gado de grande porte (bezerros, bois e jumentos), o cultivo de cereais (trigo, centeio, paio e cevada), vinhedos, olivais, frutas (figos, tâmaras, romãs) e legumes, com indústrias de lã, linho e couro; em Jericó era cultivado o bálsamo. Como adoçante, existia, apenas, o mel.

De modo geral, eram cultivados os legumes e a criação de animais ainda incluía as aves, como as galinhas e os pombos, e os animais domésticos, que serviam tanto para suprir as necessidades habituais quanto as oferendas feitas nos cultos do Templo.

A pesca tinha muita importância, pois o peixe era mais importante do que a carne. Era praticada, sobretudo, no lago de Tiberíades e organizada em cooperativas. Os peixes dividiam-se em puros, destinados unicamente para os judeus, e impuros, que eram vendidos aos pagãos. A profissão de pescador era bem considerada e remunerada razoavelmente, a tal ponto de estarem bem organizados e possuírem até uma indústria de salgar peixes.

O operariado tinha situações diversas. No meio rural, sobrevivia por meio da industrialização familiar. Também haviam os artesãos do ferro, pedra, madeira e argila. Na cidade, dependia muito do mercado: os tecelões na cidade de Séforis, os das conservas de peixes de Tarichés, os oleiros da planície de Saron. Em Jerusalém, aproximadamente com 25.000 habitantes, havia profissões de interesse geral (lã, couro, bronze, argila), que eram organizadas de acordo com a necessidade do Templo, que tinha seus próprios empregados, denominados de templários, quando prestavam serviços ocasionais, e os funcionários permanentes. Diz-se que a restauração do templo ocupou mil sacerdotes, com especializações diferentes, de acordo com as necessidades. A construção civil cresceu muito após Herodes, o Grande. Também havia os médicos.

A evolução técnica parece fraca na Palestina, pois era uma região onde predominava a agricultura. As técnicas agrícolas, pecuárias e artesanais eram bem rudimentares. Por isso, havia muita valorização do trabalho manual, o que se apresenta, indubitavelmente, como um dado original do mundo judaico. Daí, também, as profissões serem hereditárias e com organização corporativa.

O intercâmbio também era desenvolvido na época. O transporte das mercadorias era, normalmente, feito por via marítima, através dos portos de Dor, Jafa, Cesaréia. O meio usual de transporte terrestre era o jumento, ao passo que o camelo, o cavalo e a carroça eram pouco utilizados pelos judeus. Por questões de segurança, os judeus nunca viajavam sozinhos pelas estradas, devido ao medo de assaltos. As rotas comerciais que atravessavam a Galiléia eram Ptolemaida-Damasco e Damasco-Jerusalém.

O sistema monetário usava as moedas, sendo as permutas o meio mais comum de comércio. Circulavam, ainda, as peças de bronze, a dracma grega, o asse, o denário romano, a mina e souz fenício. Existiam os bancos, que, porém, cobravam juros apenas dos pagãos.

O comércio local acontecia nas feiras e mercados, com a presença de fiscais, que examinavam os pesos e as medidas. Na cidade de Jerusalém é que existiam os grandes mercados: gado, cereais, frutas, legumes, madeira e, inclusive, de escravos.

Não faltava a importação. Da Grécia vinha o bronze; do Líbano, a madeira; da Babilônia, os tecidos; da Arábia, os aromas e as pedras preciosas; do Egito, o trigo. Também existia a exportação, que compreendia cereais, frutas, óleo e bálsamo.

Os impostos eram cobrados tanto pelos romanos quanto pelos judeus. Os impostos romanos dividiam-se em diretos, cobrados dos produtos da terra (entre 20 a 25%), os de capitalização ou pessoal, que era o denário, e indiretos, que compreendia os direitos de alfândega, de barreira (na entrada das cidades) e pedágio (pontes, atravessadouros de rios e encruzilhadas). Esses últimos eram arrendados, por isso muito altos. Os impostos judaicos eram os do templo, destinados a manutenção do santuário e dos sacerdotes; o primeiro dízimo, que era a décima parte do primeiro produto da terra (ou primícias) e da agropecuária; o segundo dízimo, a ser pago no primeiro, segundo, quarto, quinto anos numa série de sete anos e cobrado do produto da terra e do gado, que deveria ser gasto em festa e beneficência; o terceiro dízimo ou dízimo dos pobres, a ser pago no terceiro e sexto anos, destinado aos órfãos, viúvas e prosélitos; as rendas do quarto ano, que prescrevia que o produtor, que podia colher o produto da terra nos três primeiros anos, gastasse o resultado dessa primeira colheita em Jerusalém.

A beneficência era muito apreciada pelos judeus. Por isso, havia as leis em favor dos pobres, pela qual o produtor devia ajudá-los no ano sabático, no terceiro dízimo e durante as colheitas. O judeu piedoso devia, ainda, dar esmolas individuais, especialmente durante a peregrinação a Jerusalém. Os grupos religiosos também deviam ajudá-los, assim como as instituições públicas, compreendidas pelo cesto dos pobres, que era semanal, e pelo prato dos pobres, servido no Templo diariamente.

Uma das formas de estabelecer a classificação social era através do critério da riqueza, que assim dividia as pessoas:

- os ricos, formada pelo pessoal da corte, grandes negociantes, proprietários de terra e nobreza sacerdotal;

- os judeus medianamente favorecidos; - os pobres, composta pelos diaristas, escravos judeus, escravos pagãos e pelos assistidos, que eram os mendigos e os escribas.

Estrutura social

Aqui o critério para estabelecer a diferenciação entre as pessoas era a pureza. Assim, quanto mais puro tanto mais alto na escala social judaica. Era composta pelas seguintes classes:

- Israel puro, formada pelos sacerdotes, levitas e israelitas leigos de ascendência pura;

- Famílias legítimas atingidas por mancha leve, composta pelos descendentes ilegítimos de sacerdotes, pelos prosélitos, escravos (devido à dívidas) e pagãos libertos;

- famílias ilegítimas atingidas por mancha leve, da qual faziam parte os bastardos, escravos do templo, filhos de pais desconhecidos e crianças expostas;

- população estrangeira, formada pelos escravos pagãos, samaritanos e pagãos verdadeiros.

Estrutura religiosa

A organização religiosa abrangia duas dimensões:

a) o Templo, lugar da habitação de Deus e dos sacrifícios, que podiam ser públicos (diariamente, um cordeiro) e privados. O culto obedecia ao esquema do ano litúrgico, que estava baseado em festas. Essas eram muitas:

- Páscoa ou de nissan: comemora o êxodo do Egito;

- Pentecostes: celebrava os cinqüenta dias após a Páscoa, no qual Deus deu a lei a Moisés no monte Sinai;

- Tabernáculo ou das Tendas: comemorava os preparativos para a partida do Egito, segundo Nm. 8,14, na qual se construíam cabanas dentro das casas, que simbolizava as tendas erguidas no deserto;

- Yom kipur ou dia das expiações: jejum para comemorar a descida de Moisés do monte Sinai, após ter conseguido o perdão pelo pecado de idolatria do bezerro de ouro. Era o único dia em que era permitido entrar no Santo dos Santos;

- Dedicação: celebra a dedicação de Templo pelos Macabeus, segundo 2 Mc. 10,1-8;

- Purim: comemoração da intervenção de Deus, que destruiu os planos de Aman para assassinar os judeus.

b) Piedade privada: os judeus davam muita importância a própria piedade, pois desejavam ser conhecidos como piedosos. Assim, existia a oração do Shema (Dt. 6,4), que era feita três vezes por dia, nos mesmos momentos em que era oferecido o sacrifício no Templo; o jejum, sinal de humilhação, proteção e expiação das faltas, feito às terças e quintas-feiras; a esmola, também muito apreciada, pois era vista como extensão da misericórdia de Deus e, enfim, as obras de misericórdia.

A sinagoga é um lugar de oração e de leitura da Bíblia, além da vida comunitária também ser aí discutida. Por isso, pode-se afirmar que é o lugar da ideologia e das escolas teológicas. A liturgia da palavra tinha um esquema fixo: hinos e preces; leitura da lei; leitura de um profeta, que dependia do momento, segundo Lc. 4,17; homilia; recitação do “Shema Israel” (escuta Israel) e a bênção do sacerdote.

Mas o israelita vivia num ambiente familiar e comunitário impregnado de oração, pelo qual a família, a comunidade, a sinagoga e o Templo formavam um todo inseparável, em que a lei de Deus norteava o agir. Eles aprendiam os salmos décor, evocando os acontecimentos mais importantes de sua história, propiciando que mantivessem a sua identidade nacional e religiosa.

Estrutura cultural

A base da cultura é a coleção dos escritos inspirados, fazendo com que a ciência adquirisse uma dimensão teológica. As escolas estavam divididas nos níveis seguintes: primária, onde se aprendia a ler texto hebraico; secundária, dedicada ao ensino da interpretação das escrituras pela tradição oral; superior, reservada para os escribas.

Cada rabino se preocupava em formar discípulos e futuros escribas, para exercer sua atividade nos tribunais e sinagogas. Entre os escribas de orientação farisaica havia duas escolas: a deHillel, liberal em matéria de pureza ritual, e a de Shamai, rigorista ao exigir a observância estrita da lei.

O poder dos escribas é fruto do saber. Aos 40 anos, ele recebia uma espécie de ordenação, pela qual começava a fazer parte da corporação doutoral. Ele tinha seu dia dividido em três partes: uma parte dedicada à oração, outra ao estudo e, por fim, a terceira ocupada com o trabalho manual.

Estrutura política

O exercício do poder: poder político tinha origem no templo, que possuía três setores básicos: a ordem fiscal, a ordem pública, o direito e a justiça. O Sinédrio, espécie de tribunal, que resolvia questões internas do judaísmo, era um conselho, formado pelos sacerdotes, anciãos e escribas, que assistiam ao sumo sacerdote, chefe supremo da comunidade judaica. A tarefa do mesmo variou conforme as épocas, mas é no tempo da dominação romana que teve seu apogeu. Exercia, fundamentalmente, três tarefas:

a) cuidado da ordem pública;

b) exercício do poder oridinário jurídico, civil e religioso;

c) o poder executivo, podendo recorrer a corte romana, caso fosse necessário, embora os romanos respeitassem a organização interna dos povos conquistados.

Os partidos políticos da época de Jesus eram os saduceus, os herodianos, os fariseus, os zelosas e os essênios, sobre os quais se discorrerá mais adiante.

Ambiente histórico

Alguns historiadores e geógrafos antigos, em seus escritos diversos, dão notícias da existência histórica de Jesus de Nazaré. Entre eles, pode-se citar, por exemplo, Estrabão de Amasea-Ponto (60 - 21 a.C.); Plínio, o Velho (27 - 79 d.C.). Muito importante é Celso, com sua obra intitulada Discurso verdadeiro, escrita por volta de 170, na qual traz pormenores sobre o nascimento e a vida de Jesus. Justino refuta as afirmações de Celso com a obra intitulada Contra Celsum. Além desse, Flávio Josefo, nascido na Palestina por volta dos anos trinta, é quem mais abundantemente oferece documentação, servindo-se dos escritos de Nicolau de Damasco. Também Tácito, escritor samaritano, e Suetônio, de origem romana, dão notícias de Jesus em suas obras. Os escritos judaicos são pouco utilizados, porque falta segurança quanto às datas, especialmente Targumin, Mishna e Talmude. Isso sem levar em conta os apócrifos cristãos e a literatura dos santos Padres.

Mas, sem dúvida, as “únicas fontes sobre a vida e a doutrina de Jesus, portanto, são os quatro evangelhos”.

As descobertas arqueológicas das localidades evangélicas, máxime Nazaré, Cafarnaum e Jerusalém, são de grande valia para reconstituir a Palestina do tempo de Jesus. Também alguns papiros, especialmente do arquivo de Zenon, funcionário do ministro das finanças de Ptolomeu II, Apolônio, do século III a.C., achados no Egito, dão informações precisas sobre a economia palestinense da época que antecede ao tempo neotestamentário.

Carlos Mesters observa que a vida do povo estava marcada por três forças, cada uma interferindo a seu modo e criando uma situação confusa e conflitiva:

a) a política do governo de então, que, ao mudar o sistema econômico por causa da convivência com os dominadores romanos, enfraquecia os valores tradicionais da cultura do povo herdada dos antepassados;

b) a religião oficial, que através de suas inúmeras leis e normas, derivadas da lei recebida de Moisés, tornou-se um peso ao impedir o povo de observá-las, como, aliás, Jesus mesmo declara (cf. Mt. 21,13; 11,13 - 36);

c) o movimento popular, que procurava uma saída para a situação, chamando o povo de volta para a aliança.

A origem de Jesus

O nome Jesus, do hebraico yeshua, abreviação de yehoshua, forma tardia do hebraico yeshua, Josué, significa Javé salva ou Iahweh dá salvação. O Novo Testamento usa-o sempre como nome próprio e não como título. Designa, portanto, o “indivíduo particular”, a singularidade da pessoa que viveu na Palestina.

Seu pai chamava-se José, do hebraico yôsef, que, segundo alguns, na forma original é y’osêf, significando ”que ele reúna” . Sua mãe chamava-se Maria, do hebraico Miryam, com significado e etimologia incertos. Talvez proviesse do egípcio mrjt, que significa “amada”.

Jesus nasceu em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes , conforme prova o censo de Quirino. Não se sabe com precisão o ano exato do nascimento de Jesus. A maioria concorda que Jesus nasceu entre o ano 5 e 6 a.C., e não no ano zero da nossa era.

Chega-se a essa data por causa do recenseamento e da afirmação de que Jesus nasceu no tempo de Herodes. A origem do mal-entendido se deve ao monge Dionísio, do século VI, que, ao partir de Lc. 3,23, que afirma Jesus ter começado a sua vida pública aos trinta anos, no “ano quinze do principado de Tibério César (...)”, calculou mal a data do nascimento de Jesus. Isso porque o décimo quinto ano do reinado de Tibério corres-ponde ao ano 782 do calendário romano. Mas Herodes morreu no ano 750 do calendário romano, e não 752, como resulta da conta do monge Dionísio. E ele fixou o ano 752 do calendário romano como o ano 1 da nossa era.

Os seus pais estabeleceram domicílio em Nazaré na Galiléia. Jesus era solteiro. Sua profissão era a de carpinteiro, conforme Mc. 6,3, tendo a mesma profissão de seu pai adotivo, conforme relata Mt. 13,55, apesar da palavra hotekton deixar impreciso qual seria a natureza exata da profissão exercida por ambos, apenas significando uma profissão manual , da qual originavam-se os recursos econômicos necessários para a sobrevivência de José, Maria e Jesus.

Jesus de Nazaré tinha a cultura básica normal dos jovens de um lugarejo da Galiléia. Segundo R. Fabris, a formação bíblico-religiosa associada com o trabalho de carpinteiro contribuiu para lhe dar a capacidade de captar os traços cotidianos e concretos da vida . Ele falava aramaico. Alguns afirmam “com sotaque de judeu da Galiléia”.

O estado civil de Jesus

Ele era celibatário com certeza, revelando-se impensável qualquer hipótese contrária. Parece mais provável ter-se inspirado na figura profética de Jeremias, que assumiu a condição celibatária como sinal para seus contemporâneos (cf. Jr. 16,1 - 13), e não na corrente ascético-espiritual de Qumrân. Segundo Mt. 19,12, seu celibato é sinal do mundo novo inaugurado com a chegada do Reino de Deus à história humana.

A pesquisa histórica sobre Jesus

A pesquisa sobre o Jesus histórico passou por três fases. A primeira, da crítica liberal (Strauss e Renan), surgida num clima iluminista, por isso marcada pelo tom racional, elimina o Cristo do dogma, considerado uma construção indevida da Igreja e se põe a busca do autêntico Jesus da história, questionando a validade das fontes evangélicas, produziu um Jesus humanista e naturalista. Spinoza (1632 - 1677) foi quem deu início a esta mentalidade. Com A. Schweitzer, todos se referiram a são Reimarus (1694 - 1768) e à publicação póstuma (1778) de seu sétimo fragmento, intitulado O fim de Jesus e de seus discípulos. Segundo este, Jesus foi apenas um agitador político, que faliu no momento da morte. Foram os discípulos que reergueram o seu sonho messiânico, não mais em sentido político mas espiritual. Foram eles, portanto, os inventores do Cristo da fé. Essa tese, hoje considerada "idiota e diletantesca" (esta é a apreciação de Jeremias in Problemas do Jesus histórico), teve o grande mérito de abrir a pesquisa sobre o Jesus histórico e do valor histórico das fontes cristãs. A conseqüência foi a desintegração tanto do Cristo da fé quanto do Jesus histórico, que procurava recuperar. Por isso não subsistiu.

A segunda fase iniciou com a reação de A. Schweitzer e pela Formgeschichte, interditando o acesso ao Jesus histórico, indo, portanto, em direção oposta à anterior. Assumiram essa posição K. Barth e R. Bultmann . Contra a tendência racionalista radical da teologia liberal, Barth acentuou, de modo também radical, a transcendência absoluta de Deus, o Totalmente Outro. A sua teologia dialética refutou decisivamente a pergunta sobre o Jesus histórico e a sua impostação liberal, fundando a fé cristã só sobre o querigma de Jesus, como Cristo e Senhor, crucificado e ressuscitado. Essa corrente toma como motivo a frase de 2 Cor 5,16.

R. Bultmann defende o Cristo querigmático, com desatenção total ao Jesus histórico, chegando a recusar que o divino possa revelar-se na história humana. Por isso, leva em conta apenas o querigma da comunidade primitiva, mostrando o apelo existencial de sua morte e ressurreição, e ensinando que só o Cristo da fé é importante, restringindo o Jesus histórico apenas ao fato de que Ele aconteceu. O precedente de sua vida, a pregação e ações, não conta nada para a fé.

A terceira fase, a mítica, vem expressa por J. Jeremias, que, discordando de Bultmann, por ter esvaziado o conteúdo da fórmula da encarnação e por ter substituído Paulo por Jesus, diz que a nossa fé tem início no fato histórico da vida de Jesus e no querigma pós-pascal. Assim, o querigma remete ao próprio Jesus histórico, pois este é continuação daquele a partir do evento salvífico Jesus Cristo, buscando descrever honesta e cientificamente essa existência histórica que nos mostrou a face de Deus.

J. Konings situa o estado atual da questão na busca não tanto de um Jesus sobre-natural, nem exemplarmente humano, nem na manifestação de Deus na existência e compromisso histórico de uma pessoa humana, mas num "Jesus filho de seu tempo, ambiente e cultura, aquele que Martin Buber chamou de ‘meu irmão mais velho' e G. Vermès, não sem um quê de chauvinismo, de "Jesus, o judeu".

No entanto, o primeiro núcleo de qualquer anúncio cristológico deve ser a história de Jesus Cristo. Independentemente dos modelos e metodologias escolhidas e usadas , o anúncio cristão deve fundar-se, confrontar-se e referir-se continuamente à história de Jesus. Ela é a fonte da experiência cristã de todo espaço e tempo.

"História de Jesus" significa:

a) O conjunto de fatos acontecidos em determinadas circunstâncias espácio-temporais e o;

b) Lugar da intervenção de Deus. No cristianismo, a salvação aconteceu na história concreta de Jesus de Nazaré, o Cristo. N'Ele a história torna-se história da salvação. Aí se encontra a tarefa do resgate metodológico contemporâneo.

Ele não é apenas o homem de Nazaré, mas o cristianismo O interpela a partir da revelação salvífica de Deus na história. Jesus é o Cristo, o Salvador absoluto e definitivo, manifestando-se na história com determinadas atitudes, doutrinas e fatos histórico-salvíficos. Isso é o que se pode chamar de significado histórico-teológico da pessoa de Jesus, pois a sua história é uma história teológica, sem possibilidade de separação entre os dois elementos. Uma cristologia radical do Jesus da história apresenta o problema de re-conhecer a divindade de Jesus, tornando impossível chegar ao Cristo da fé.

O cristianismo se funda na história concreta de Jesus de Nazaré e no significado salvífico "para nós" de Cristo. W. Pannenberg afirma: "Jesus adquire significado ‘para nós’ somente enquanto esta significação está apoiada nele mesmo, na sua história e na pessoa que a história manifestou. Somente enquanto esta poderá ser demonstrada, podemos ter certeza que a nossa fé não será uma mera projeção de problemas, desejos e pensamentos pessoais sobre a pessoa de Jesus" .

Bornkamm assevera que mesmo a pesquisa histórica contemporânea, mesmo a mais exigente, aceita que a apresentação de Jesus, da parte do cristianismo primitivo, nos evangelhos e nos Atos corresponde a história, pois a referência à vida concreta e terrena de Jesus de Nazaré faz parte integrante da pregação missionária da Igreja primitiva.

Assim, Bultmann escrevia, já em 1926: "A dúvida se Jesus realmente existiu é infundada e não merece ser abordada. É de todo evidente que Ele é a origem daquele movimento histórico, cujo primeiro estágio tangível está representado pela comunidade cristã primitiva palestinense".

Concluindo, o valor teológico de Cristo se manifesta na história. Por isso, W. Kasper diz: "A cristologia não é outra coisa do que a exegese da profissão ‘Jesus é o Cristo’. (...) A profissão de fé eclesial não se apóia sobre si mesma. Ela, de fato, tem seu conteúdo e norma pré-estabelecida na história e na sorte de Jesus". Portanto, o anúncio dos primeiros discípulos é uma referência teológico-salvífica à história de Cristo, como, por exemplo, At. 2,22 - 24, tendo como conseqüência a historicidade da fé, que não se funda num mito ou numa invenção dos Doze.

Aproximação dogmática

No atual sentido, a palavra "dogma" só se generalizou a partir do século XVIII, embora já conhecida anteriormente com acepções diferentes e apesar de possuir uma certa ambigüidade, segundo R. Latourelle, pelas diferentes significações que pode possuir. Para Tomás, a verdade una deve ser desmembrada em articulifiquei para melhor ser compreendida. Cada artigo deve ter três notas: caráter de verdade, importância salvífica e relação com a comunidade.

Michael Schmaus assim define o dogma: "Uma revelação que o magistério eclesiástico, quer pelo ensino ordinário e universal, quer por solene definição do papa ou de um concílio propôs explicitamente como autêntica verdade revelada que todos são obrigados a crer e que concorre para a salvação".

Karl Rahner apresenta outra definição: "É um enunciado de fé divina e católica, ou seja, uma afirmação que a Igreja proclama explicitamente (através do magistério ordinário e universal, ou mediante uma definição papal ou conciliar) como revelada por Deus (DS 3011) e cuja negação é sancionada com o qualificativo de heresia ou anátema" (CIC 750 - 752).

As propriedades do dogma são duas:

a) É uma verdade contida na revelação divina, que constitui seu elemento material;

b) É uma verdade que a Igreja formulou e propôs expressamente como objeto de fé, o que constitui seu elemento formal. Segundo K. Rahner, as propriedades do dogma são a origem divina, a verdade, a obrigação de crer, a imutabilidade, a historicidade, a capacidade de evolução, a estrutura encarnacionista e a unidade autêntica entre o divino e o humano.

Daí o dogma deve ser sempre adequado à Sagrada Escritura, por conter a revelação de Deus em Cristo, acontecida uma vez para sempre sob determinado aspecto parcial, e por ser de origem divina em seu conteúdo essencial. Por meio dele, a Igreja transmite a Revelação, pois a revelação divina adotou a veste corporal acomodada aos primeiros receptores, expressando a fé de todo povo de Deus, que, por sua vez, já é uma resposta à auto manifestação divina. Daí que a declaração de fé, existente nos dogmas, permanece aquém do multiforme querigma e, muito mais, abaixo da realidade proclamada no querigma. Contudo, não se pode esquecer que a verdade proclamada pelo dogma vive no todo da revelação, e só neste conjunto se pode entender seu verdadeiro sentido e importância.

Sendo uma declaração incondicional da verdade e declaração definitiva da fé, os dogmas são imutáveis (é a dimensão da imutabilidade) sob o aspecto de seu conteúdo. O que não significa estaticidade, pois eles exigem interpretação constantemente nova por parte da Igreja e, por isso, estão em movimento (é a dimensão da mutabilidade). Para distinguir o mutável do imutável, é preciso, em primeiro lugar, reconhecer o interesse da Igreja naquele momento determinado, para lhe entender o sentido, e, em seguida, conhecer o erro contra o qual se dirige o dogma. O interesse da Igreja pode ser melhor compreendido numa situação nova . Todavia, enquanto a comunidade de fé tem estruturas jurídicas, um dogma repercute no campo do direito. Quem o rejeita nega a sua ligação com a comunidade da Igreja juridicamente constituída.

O surgimento do dogma acontece a partir da preocupação de proteger e conservar a revelação de Deus e a resposta de fé à ela, em face de graves perigos. Daí o dogma nasce da passagem da fé irreflexiva à fé consciente. É o estado final de um processo dialético ou de uma evolução que caminhou entre a ortodoxia e a heresia. J. A. Möhler opina que a plena penetração na revelação divina se desenvolve exatamente na base de autênticos movimentos do erro ocorridos na história humana.

Os portadores do magistério eclesiástico não impõem, ao dogmatizarem, mas proclamam, como locutores do povo de Deus, uma verdade que enriquece a todos. Proclamam a fé da comunidade em meio dela. O próprio Deus age no dogma, visto ser ele uma realização da fé, portanto, uma entrega a Cristo, e, por isso, possui verdadeiro dinamismo salvífico.

Mas a doutrina ensinada pela Igreja não é horizontal, pois há uma relação diferente dessa com a verdade recebida de Cristo, o que determina uma “hierarquia de verdades”. É como diz o Vaticano II: “Comparando as doutrinas, lembrem-se que existe uma ordem ou ‘hierarquia’ de verdades na doutrina católica, já que o nexo delas com o fundamento da fé cristã é diverso” (cf. Unitatis Redintegratio 11).

Daí que os dogmas podem ser classificados segundo o critério da necessidade ou não para a salvação, ou seja, de acordo com sua conexão com o fundamento da fé cristã. Assim são classificados:

1º - De fé divina são as verdades formalmente reveladas, que são as atestadas por Deus e contidas na Sagrada Escritura ou na tradição;

2º - De fé divina e católica são as verdades cujo conteúdo são propostos pela Igreja como divinamente revelados, seja por meio de uma declaração solene do Papa ou de um Concílio ou por meio do Magistério ordinário e universal. E ó caso dos dogmas, em seu sentido estrito, como, por exemplo, o da unicidade da pessoa de Jesus Cristo e dualidade de suas naturezas (a humana e a divina), conforme vem proposto pelo concílio de Calcedônia, de 451.

3º - As verdades católicas ou de fé definida, que são propostas pelo Magistério por meio de sua infalibilidade. É o caso dos dogmas marianos, explicitados por dedução, através do método racional teológico, ou pelo conhecimento resultante da lumen fidei, conforme a expressão de Santo Tomás (Summa Theologiae II - II, 1,4, ad 3), das verdades reveladas explicitamente. O ensinamento da Igreja, iluminado pelo Espírito Santo e manifestando progressivamente de maneira infalível o conteúdo da Revelação, pode atestar, com toda certeza, a origem divina dos dogmas marianos. Isso porque Cristo dotou o Magistério da prerrogativa da infalibilidade, que atinge o depósito da fé por resultar de Cristo (Jo 14,26), que ensinará tudo aos pregadores do Evangelho (Mt. 28,20).

4º - As verdades conexas com as doutrinas formalmente reveladas, que, embora não estejam contidas formalmente na Revelação, estão virtualmente presentes dada sua ligação estreita com as mesmas. Essas são:

a) próximas à fé, quando são consideradas contidas na Revelação unanimemente pela Igreja, mas não definidas expressamente;

b) teologicamente certa quando a doutrina é deduzida de uma verdade revelada, cuja negação seria rejeitar um dogma.

O documento Mysterium Ecclesiae, nº. 3, diz: “Segundo a doutrina católica, a infalibilidade do Magistério da Igreja se estende não só ao depósito da fé, mas também a tudo o que é necessário para que ele possa ser guardado e exposto como deve”. Por isso, os cristãos devem obediência ao Magistério e a sua não aceitação, que implica na desobediência em questões de fé e de moral, põe em risco a salvação pessoal (cf. Lumen Gentium 25).

Os principais dogmas podem ser descobertos no índice do Denzinger-Schönmetzer (DS) e na obra La fe de la Iglesia Catolica de J. Collantes (BAC, Madrid, 1984). Eis uma divisão sumária:

1) A razão humana: pode conhecer a existência de Deus; não é imediato, mas através das criaturas;

2) A revelação sobrenatural: é possível e aconteceu;

3) As fontes da revelação: depósito é a SE e a Tradição; SE: cânon;

4) Criação: Deus é criador do mundo e do homem; estado de justiça e pecado original;

5) Jesus Cristo: é verdadeiro Deus e verdadeiro homem; união hipoestática; missão de Cristo; Ressuscitado;

6) Maria: maternidade divina; santidade, imaculada conceição e assunção;

7) Deus: Trino e uno; as pessoas divinas;

8) A Igreja de Cristo: instituída por Cristo; comunidade visível de salvação; comunidade hierárquica (bispos e leigos); regime; primado; infalibilidade;

9) A graça: original, atual e santificante;

10) Sacramentos: número 7 e quais são;

11) As realidades últimas: imortalidade da alma; juízo; céu, inferno, purgatório; ressurreição.

A teologia dogmática é a ciência do dogma eclesiástico ou a reflexão sistemática sobre o dogma da Igreja, ou seja, a exposição e o aprofundamento científico da Palavra de Deus, tal como é pregada e ensinada pela Igreja.

A aproximação dogmática do evento Cristo, de acordo com as indicações da Optatam Totius 16, acontece por meio de três momentos: base na Sagrada Escritura, na Tradição eclesial (tradição patriótica, pronunciamentos conciliares, elaborações teológicas privilegiadas) e a síntese das sistematizações atuais do dado da fé. Para realizar esta síntese, a teologia dogmática parte de dois pressupostos: o primeiro, o horizonte de pré-compreensão é a fé na auto revelação absoluta, única e definitiva de Deus no evento Jesus Cristo; o segundo, a fé, que, sendo um conhecer, não pode elaborar completamente o seu discurso sem o diálogo e o confronto interpretativo com a história, a filosofia e as outras ciências humanas. Desse modo, a cristologia dogmática ou sistemática é chamada a ilustrar o significado e o valor do evento Cristo não só no seu dado escriturístico e da tradição, mas também na sua coerência intrínseca. Para evitar distorções neste diálogo, a cristologia sistemática assegura sua unidade a partir do evento Cristo tanto como objeto primário da pesquisa teológica específica quanto como princípio lógico formal da unidade de toda a teologia.

Sendo a cristologia sistemática a inteligência critica e orgânica do mistério de Cristo, ela inclui dois momentos essenciais: o da escuta (auditus fidei) e o da reflexão (intellectus fidei):

a) O auditus fidei é o momento de recolher o dado bíblico e a tradição eclesial. Mais do que na sua circunscrita validade exegética ou histórico-crítica, o dado bíblico é tomado pela teologia sistemática no seu leito interpretativo mais amplo de toda a tradição da Igreja. Esta não é uma leitura fundamentalista" da Bíblia, mas que existem dois níveis interpretativos diferentes do dado bíblico: o histórico-crítico exegético, que oferece o sentido técnico do texto, e o teológico-sistemático, que oferece o significado mesmo texto no âmbito do mistério global de Cristo. A distinção entre os dois níveis é dado pela presença da tradição eclesial como elemento interpretativo essencial. Por isto, a cristologia sistemática assume o dado histórico-crítico não como absoluto, mas inserindo-o na compreensão da fé da Igreja. A consciência de fé católica está, de fato, intimamente convencida que o Espírito não agiu somente inspirando a Sagrada Escritura, mas também guiando a comunidade dos crentes para o conhecimento sempre mais profundo da verdade revelada. A tradição cristológica é riquíssima neste ponto e tem seus lugares privilegiados na vida litúrgica, na experiência espiritual, na catequese e na pregação, nas decisões conciliares, na reflexão dos teólogos e das escolas teológicas, no "sensus fidei" do povo cristão, no Magistério.

b) O intellectus fidei é o momento da reflexão e da organização de todos os elementos essenciais concernentes ao mistério de Cristo. A cristologia sistemática ausculta a Escritura, a Tradição e o Magistério para elaborar uma resposta adequada às interrogações contemporâneas e a iluminação e formação da hodierna consciência da fé cristã, em relação com a comunidade.

A teologia dogmática assumiu no período pós-conciliar a tarefa de uma ciência "plenária", de reflexão "sapiencial" da fé. A teologia dogmática vem classificada como uma ciência ao lado da liturgia, da história da Igreja, da moral, da filosofia. Para restituí-la o caráter sintético, orgânico e geral que sempre possuiu, se prefere chamá-la "teologia sistemática". Assim emerge o dado de ciência integral da fé, indispensável ao especialista. Alguns preferem "teologia sistemática" porque põe em relevo a apresentação orgânica da globalidade do mistério de Cristo hoje.

A teologia sistemática contemporânea possui algumas características, que podem ser apresentadas da seguinte forma:

- bíblica, eclesial e pneumática porque a cristologia deve ser uma síntese orgânica dessas três realidades;

- existencial, pela exigência de um encontro pessoal com Cristo;

- prática, a partir da mudança provocada pela práxis resultante da mensagem de Cristo;

- ecumênica;

- pluralista, enquanto recolhe os dados teológicos resultantes do diálogo com os diversos horizontes filosóficos, teológicos e existenciais;

- trinitária, enquanto explicita a vida de Cristo no mistério trinitário;

- pneumatológica, por ressaltar o papel fundamental do Espírito Santo no evento Cristo.