terça-feira, 29 de abril de 2014

Sinal da cruz Parte 1

NA MISSA EXPERIMENTAMOS O AMOR DE CRISTO FISICAMENTE. LIGAMOS O SINAL-DA-CRUZ À FÓRMULA TRINITÁRIA " EM NOME DO PAI, DO FILHO, E DO ESPÍRITO SANTO". PARA MUITOS ELA SE TORNOU UMA FIGURA RETÓRICA. COM ISSO RECONHECEMOS QUE DEUS NÃO É DISTANTE E FECHADO, E SIM UM DEUS QUE SE ABRE PARA NÓS, QUE NOS PERMITE PARTICIPAR DO CIRCUITO DO SEU AMOR . PODERÍAMOS TAMBÉM EXPLICITAR ESSA FÓRMULA QUANDO, SEMELHANTEMENTE À IGREJA SÍRIA, NÓS A AMPLIAMOS E, LENTA E CONSCIENTEMENTE, A EXPRESSAMOS JUNTO COM O SINAL-DA-CRUZ: " EM NOME DO PAI QUE A ENGENDROU E NOS CRIOU, E DO FILHO, QUE DESCEU ÀS PROFUNDEZAS DA NOSSA HUMANIDADE, E DO ESPÍRITO SANTO, QUE PASSA O ESQUERDO PARA O DIREITO, QUE TRANSFORMA O INCONSCIENTE E O DESCONHECIDO EM NÓS, PARA QUE SEJA DIRECIONADO A DEUS".(Anselm Grün) - P. 1

Sinal da cruz Parte2

A CHAVE QUE ABRE A PORTA DO ESPAÇO DO AMOR, NO QUAL O FIEL PENETRA DURANTE A EUCARISTIA, É O SINAL DA CRUZ . QUANDO FAZIAM O SINAL-DA-CRUZ, OS ANTIGOS CRISTÃOS QUERIAM DIZER QUE PERTENCIAM A DEUS E NÃO AO MUNDO, QUE NENHUM PODEROSO PODERIA DOMINÁ-LOS. ERA PARA ELES UMA MARCA, UMA DISTINÇÃO. COM ESSE SINAL, ELES MARCAVAM O AMOR DE CRISTO EM SEUS CORPOS. COM O SINAL-DA-CRUZ NÓS NOS BENZEMOS. A PALAVRA ALEMÃ SEGNEN (BENZER) VEM DE SECARE = CORTAR, MARCAR . NO SINAL-DA-CRUZ TOCAMOS PRIMEIRO A TESTA, DEPOIS O VENTRE, DEPOIS O OMBRO ESQUERDO E O DIREITO. COM ISSO QUEREMOS DIZER QUE JESUS CRISTO AMA TUDO EM NÓS, O PENSAMENTO, A VITALIDADE E A SEXUALIDADE, O INCONSCIENTE E O CONSCIENTE . PORTANTO INICIAMOS A EUCARISTIA COM O SINAL DO AMOR, PARA ASSIM JÁ SINALIZARMOS DO QUE SE TRATA . (ANSELM GRÜN)

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Meu Mestre, Jesus,
deixo que a dinâmica da Ressurreição tome conta de mim.
Vivo o momento presente, enchendo-o com amor.
“A linha reta é feita de milhões de pequenos pontos unidos uns aos outros.
Também a minha vida é feita de milhões de segundos e minutos unidos uns aos outros.
Coloco em ordem cada ponto e a linha será reta.
Vivo com perfeição cada minuto e a vida será santa.
Como tu Jesus, que fizeste sempre o que agrada a teu Pai.
A minha vida é sempre uma eterna e nova aliança contigo” (Cardeal Van Thuan)

A luz das velas e seus significados.




1 h · 


A LUZ DAS VELAS. Jamais usada como amuleto - Compreenda o significado. Entenda as suas práticas para defender a sua fé.

Temos de diferenciar as velas do altar (para a Missa e para a Exposição do Santíssimo) das velas acesas em veneração a um santo (ou a Deus mesmo). As velas que se acendem no altar são próprias para o culto litúrgico, e a Instrução Geral para o Missal Romano e as rubricas dos demais ritos dão diretrizes para seu uso. Já as usadas nos oratórios e nos altares laterais são para devoção pessoal (pagar uma promessa, pedir uma graça etc).


A vela tem um significado profundo e singelo ao mesmo tempo. Como só ilumina quando se consome, lembra nosso aniquilamento para ser luz do mundo: só poderemos fazer brilhar o Evangelho em nossas vidas se nos gastarmos por Cristo. Por isso, ela é usada em muitos atos litúrgicos e extra-litúrgicos.

Qual o sentido das velas do Altar? Nós as acendemos durante a Missa para mostrar que somos como elas, que se consomem quando prestam seu serviço. Assim devemos ser nós: cumprir nossa missão (a da vela é iluminar e aquecer) e, para isso, nos gastar (para iluminar e aquecer, a vela vai se consumindo, se destruindo). Mais ainda, a consumação da vela representa a entrega de Cristo por nós, pois foi morrendo que nos deu a vida eterna. Ora, a Missa não é justamente a Cruz tornada presente? Nada mais coerente do que ter as velas se consumindo no altar como lembrança do sacrifício que se realiza, como sinal do que está acontecendo. O "sacrifício" da vela é um símbolo do sacrifício de Jesus que se imola por nós na Missa. E também um símbolo dos nossos sacrifícios, meritórios se unidos ao de Cristo.

Mas o santo só intercede por nós mediante o voto? Mediante a vela? Claro que não! O santo intercede com ou sem voto a ele feito. O voto é mais uma demonstração de nosso afeto, de nossa devoção, do que um condicionamento para a ação do intercessor. Mais uma gratidão do que uma recompensa (até porque o santo já tem a maior de todas as recompensas: a visão beatífica). A finalidade da promessa (seja ela de acender uma vela ou qualquer outra) é a nossa devoção, não um aumento da eficácia do santo.

Acender velas pelos mortos é um modo, outrossim, de, simbolicamente, desejar-lhes a luz, a Luz Eterna, que é Deus.

domingo, 27 de abril de 2014

Catequese Pascal 3



Catequese pascal - 3

Depois, falando do outro sacramento pascal por excelência, a Eucaristia, eis o que dizia o antigo texto catequético:
“Recebemos com toda a convicção o Corpo e o Sangue de Cristo. Porque sob a forma de pão é o Corpo que te é dado, e sob a forma de vinho, é o Sangue que te é entregue. Assim, ao receberes o Corpo e o Sangue de Cristo, te transformas com Ele num só corpo e num só sangue. Deste modo, tendo assimilado em nossos membros o Seu Corpo e o Seu Sangue, tornamo-nos portadores de Cristo, tornamo-nos, como diz São Pedro, ‘participantes da natureza divina’ (2Pd 1,4)”.

Pois bem, com estes pensamentos no coração e na mente, proporei algumas meditações pascais sobre a Primeira Epístola da São Pedro. Espero dar conta do propósito, apesar das minhas ocupações... Que sejam para a edificação e fortalecimento da fé dos irmãos no Ressuscitado, razão do meu ministério!
..

Catequese Pascal 2



Catequese pascal - 2

Referindo-se ao santo Batismo, as Catequeses feitas por um dos Bispos de Jerusalém do século IV, assim ensinava, exprimindo perfeitamente a fé do Novo Testamento e da Igreja apostólica:

“Num mesmo instante, morrestes e nascestes, e aquela água de salvação tornou-se para vós, ao mesmo tempo, sepulcro e mãe”.
Depois, recordando a santa Crisma, confirmação batismal, o venerável texto cristão explicava: “Batizados em Cristo e revestidos de Cristo, vós vos tornastes semelhantes ao Filho de Deus.
Com efeito, Deus que nos predestinou para a adoção de filhos, tornou-nos semelhantes ao corpo glorioso de Cristo. Feitos, portanto, participantes do corpo de Cristo, com toda razão sois chamados ‘cristãos’, isto é, ungidos; pois foi de vós que Deus disse: ‘Não toqueis nos Meus ungidos’ (Sl 104,15).
Tornastes-vos ‘cristãos’ no momento em que recebestes o selo do Espírito Santo; e tudo isto foi realizado sobre vós em imagem, uma vez que sois imagem de Cristo. Depois que subistes da fonte sagrada , o óleo do crisma vos foi administrado, imagem real daquele com o qual o Cristo foi ungido, e que é, sem dúvida, o Espírito Santo!

Vós fostes ungidos com o óleo do crisma, tornando-vos participantes da natureza de Cristo e chamados a conviver com Ele. Não julgueis que este crisma é um óleo simples e comum. Depois da invocação [do Santo Espírito], é um dom de Cristo e do Espírito Santo, tornando-se eficaz presença da Divindade. Simbolicamente, unge-se com ele a fronte e os outros membros. E enquanto o corpo é ungido com o óleo visível, o homem é santificado pelo Espírito que dá a Vida”.
...

Catequese Pascal 1



Catequese pascal - 1
Logo nesta Oitava de Páscoa, a Igreja nos faz escutar, na Liturgia das Horas, a Primeira Epístola de São Pedro. Trata-se de um escrito rico em catequese batismal. Páscoa e Batismo, Páscoa e Eucaristia são temas inseparáveis: pelo Batismo somos imersos na morte de Cristo e da imersão saímos para a Vida nova de ressuscitados em Cristo; pela Eucaristia, banquete sacrifical no qual se faz presente o eterno e glorioso sacrifício do Cordeiro morto e ressuscitado, somos cada vez mais assimilados, unidos, transfigurados no Cristo pascal de morte e ressurreição, deixando que o Santo Espírito do Ressuscitado faça crescer mais e mais em nós, até a Vida eterna, a nova Vida recebida no Batismo.
..

Catequese Pascal 4



Catequese pascal - 4

“Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos que vivem como estrangeiros na Dispersão... Vós sois os eleitos conforme a presciência de Deus Pai, mediante a santificação do Espírito, para Lhe servir em obediência e ser aspergidos com o sangue de Jesus Cristo. A vós graça e paz em abundância” (1Pd 1,1-2).

Pedro escreve com a consciência de ser apóstolo, enviado de Jesus Cristo. Não escreve por si próprio nem tampouco para falar de si e de suas ideias ou gostos, mas para dizer as coisas concernentes ao Senhor Jesus. É Ele Quem importa!

A quem escreve? "Aos que vivem como estrangeiros na Dispersão" ... Tratam-se dos cristãos que se encontravam entre os pagãos e, assim, viviam como estrangeiros num mudo que não conhecia a Deus nem ao Seu Cristo. Estrangeiros dispersos pelo mundo inteiro... É isto que os cristãos serão sempre, é isto que nós somos e seremos cada vez mais...
No dia em que os cristãos se sentirem de bem com o mundo, se sentirem em casa no mundo, certamente estão sendo infiéis, estão traindo o Evangelho de Cristo e rendendo-se ao espírito do “Príncipe deste mundo”:
“Pai... Eu lhes dei a Tua palavra, mas o mundo os odiou, porque não são do mundo, como Eu não sou do mundo” (Jo 17,14);
“Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro Me odiou a Mim. Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas porque não sois do mundo, o mundo, por isso, vos odeia. Lembrai-vos da palavra que vos disse: o servo não é maior que seu senhor. Se eles Me perseguiram, também vos perseguirão; se guardaram Minha palavra, também guardarão a vossa” (Jo 15,18-20)...
Exemplos? Somente hoje duas notícias: o casamento legal de três mulheres entre si nos Estados Unidos... Outra ainda? A Disney proibiu referência a Deus nos seus filmes...

Não! Desculpem os que pensam diferente! A Escritura nos previne, Jesus nos previne, os Apóstolos no previne, os santos os previnem: nunca o cristianismo será agradável ao mundo... A não ser um cristianismo mundano... Mas, aí já não seria cristianismo, mas uma triste e inútil caricatura...

Neste sentido, há uma imagem sugestiva e trágica na Epístola aos Hebreus. Aí o mundo é comparado à Jerusalém, a Jerusalém segundo a carne, que rejeitou o Salvador: “Jesus, para santificar o povo por Seu próprio sangue, sofreu do lado de fora da porta. Saiamos também com Ele, carregando a Sua humilhação. Porque não temos aqui cidade permanente, mas estamos à procura da cidade que está para vir” (Hb 13,12-14).

Certamente que não se trata de ter raiva do mundo. Nada disso! O Senhor nos faz servos do mundo, da salvação do mundo; mas, trata-se de ter bem consciência que a adesão a Cristo rompe com o modo de pensar, de agir, de falar, de viver do mundo! Vale de modo trágico, a advertência do Apocalipse aos cristãos, falando da Roma imperial, imagem viva do mundo inimigo de Cristo: “Saí dela, ó Meu povo, para que não sejais cúmplices dos seus pecados e atingidos pelas suas pragas!” (18,4). Na mesma direção vai a constatação de São Paulo: “Quanto a nós, não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que vem de Deus, a fim de que conheçamos os dons da graça de Deus...” (1Cor 2,12).
...




Dom Henrique Soares Costa

Catequese Pascal 6

Catequese Pascal - 6

“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, em Sua grande misericórdia, nos gerou de novo, pela Ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para a esperança viva, para a herança incorruptível, imaculada e imarcescível, reservada nos céus para vós, os que mediante a fé, fostes guardados pelo poder de Deus para a salvação prestes a revelar-se no tempo do fim” (1Pd 1,3-5).

Primeiro que tudo, o Apóstolo pronuncia uma bênção: bendiz (diz-bem) a Deus, abençoa Deus pelo que nos fez.
É importante observar como aqui se apresenta a identidade do Deus dos cristãos: é “o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo”, em outras palavras, o Deus a Quem Jesus chamava de Pai, o Deus de Israel tal qual Jesus no-Lo apresentou!
É importante compreender bem isto: o nosso Deus não é exatamente o Deus dos judeus e dos muçulmanos ou, dito de modo mais preciso, o modo como os cristãos veem Deus não é o mesmo dos judeus e dos muçulmanos.
Os judeus têm a imagem de Deus tal qual é-lhes transmitida pela Lei de Moisés, os muçulmanos concebem Deus tal qual o Corão lhes apresenta; os cristãos, ao invés, creem no Deus de Israel sim, mas tal qual Jesus no-Lo revelou!
O nosso Deus é o tremendo Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, é o Deus terrível do Monte Sinai, o Deus Santo do Antigo Testamento, mas agora revelado em todas as Suas entranhas de misericórdia: Ele é o Pai eterno do eterno Filho, que no Amor eterno, que é o Santo Espírito gera eternamente o Filho amado!
... Dom Henrique Soares C.

Catequese Pascal 7

Catequese Pascal - 7

Neste pequeno texto, São Pedro resume toda a aventura da nossa salvação, sonhada por Deus:

1. Por pura misericórdia para conosco, Ele ressuscitou o Seu Filho Jesus dentre os mortos. Derramando o Seu Espírito sobre a humanidade bendita de Jesus, humanidade igual à nossa (corpo e alma humana), Ele através do Seu Filho feito homem ressuscitado, nos fez participantes desse Espírito de ressurreição.

2. Quem crê em Jesus e Nele é batizado, recebe o Seu Espírito Santo, sendo gerado de novo! O Batismo é um verdadeiro renascimento: antes, nascidos para da carne, isto é, nascidos naturalmente, agora, pelo Batismo, nascemos do Espírito do Ressuscitado: “O que nasce da carne é carne; o que nasce do Espírito é espírito” (Jo 3,6), é nova criatura, é renascido para a Vida divina, a única que dura eternamente! O cristão, pelo Batismo, é realmente um regenerado, um gerado de novo: “Não te admires de Eu te haver dito: vós deveis nascer de novo!” (Jo 3,7); porque “quando a bondade e o amor de Deus, nosso Salvador, se manifestaram [pela Ressurreição do Seu Cristo], Ele nos salvou, não por causa dos atos justos que houvéssemos praticado, mas porque, por Sua misericórdia, fomos lavados [no Batismo] pelo poder regenerador e renovador do Espírito Santo, que Ele ricamente derramou sobre nós por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador” (Tt 3,4-6).

3. Batizados no Nome de Jesus, recebemos, pelo instrumento da água, o Seu Espírito, Aquele mesmo que o Pai derramou sobre Ele, ressuscitando-O dos mortos e, assim, temos real e efetivamente em nós esse Espírito, que é semente de Vida eterna, penhor, semente, início concreto e verdadeiro em nós da esperança viva, certeza da herança incorruptível, imaculada e imarcescível de filhos no Filho.

4. E tudo isto porque, mediante a fé em Jesus ressuscitado, recebemos o Batismo e, tendo agora o Seu Espírito, que é o Poder do Altíssimo (cf. Lc 1,35; At 10,38), já temos agora realmente em nós a semente da salvação que vai se revelar de modo pleno no final dos tempos.

Então, compreendamos bem que a Ressurreição de Cristo nosso Senhor é a causa da nossa esperança e salvação, porque o Ressuscitado nos dá o Seu Espírito vivificante; e esse Espírito é-nos dado como Vida de Ressurreição em Cristo no sacramento do Batismo, recebido pelos que creem que Jesus é o Messias que morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para nossa justificação (santificação).
...
Dom Henrique Soares C.

Catequese Pascal 5

Catequese Pascal - 5

Continuemos ainda nossa leitura do início da Primeira Epístola de São Pedro: “Vós sois eleitos conforme a presciência de Deus Pai, mediante a santificação do Espírito, para Lhe servir em obediência e ser aspergidos com o sangue de Jesus Cristo”.

Observe que o raciocínio é trinitário, pois trinitária é a ação do Senhor Deus e trinitária é a nossa salvação: eleitos pela presciência do Pai, pela ação santificadora do Espírito, recebendo, assim, a salvação que nos vem por Jesus Cristo.

O Deus verdadeiro é Triuno e Sua ação é sempre triuna: tudo provém do Pai pelo Filho na potência do Espírito e tudo vai para o Pai pelo Filho no Espírito.

O Apóstolo afirma que os cristãos, convertidos a Cristo, são eleitos conforme a presciência de Deus. Que mistério: em Cristo, o Pai “nos escolheu antes da fundação do mundo, paras sermos santos e irrepreensíveis diante Dele no Amor”. Ser cristão é uma graça – nunca foi nem pode ser um direito! Ser cristão é fruto de uma misteriosa atração, de um misterioso chamado de Deus pela pregação do Evangelho, que, respondido livremente por cada pessoa, desemboca na fé e no Batismo. O próprio Jesus já prevenira para esta realidade: “Ninguém pode vir a Mim se o Pai que Me enviou não o atrair” (Jo 6,44).
Se eu sou cristão, se você é cristão, é porque o Pai nos atraiu pelo influxo da graça do Espírito do Cristo ressuscitado. Crer é graça; tudo é graça... E, no entanto, crer é, ao mesmo tempo, um ato livre da nossa escolha, da nossa liberdade. Aliás, crer é o ato mais decisivo e totalizante de toda uma existência, pois dá sentido e compromete toda a vida!

Todo cristão deveria agradecer continuamente ao Senhor pela graça de crer, como também deve suplicar todos os dias: “Senhor, sustenta a minha fé! Eu creio, mas aumenta a minha fé! Guarda-me na fé em Ti!”
Sendo a fé uma graça, um dom tão precioso, é pecado grave colocá-la em risco, aproximando-se deliberadamente de situações que terminarão por enfraquecer a nossa fé! Para utilizar uma imagem, a fé é sempre como uma tênue chama, que é necessário ser sempre protegida do vento...
A falta de coerência, o descaso para com os preceitos e a prática religiosa, as conversas e leituras que agridem, denigrem, ridicularizam a fé e a confiança em Deus, tudo isto é nocivo e não evitá-las é um pecado de temeridade...

Dom Henrique Soares C.
...

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Páscoa 2014



...
Portanto, na madrugada do primeiro dia da semana (depois chamado Dies Domini = Domingo = Dia do Senhor), Jesus passou (=fez a Passagem, a Páscoa) para o Pai com toda a glória, vitalidade e plenitude! É isto que nós celebramos na Festa da Páscoa!

Antes de Jesus ninguém fizera esta passagem; a morte era como uma caverna escura, sem volta, como um beco sem saída! Agora, Ele arrombou as portas da morte, Ele atravessou, passou, fez Páscoa! A morte agora, de caverna, tornou-se como um túnel: Jesus saiu deste mundo, entrou nela e dela saiu pelo outro lado, o lado de Deus, o lado da Glória! Mais ainda: Ele, ressuscitado, mesmo estando no Pai, ao Seu lado, na Sua Glória, várias vezes apareceu aos discípulos e deu-lhes o mesmo Espírito Santo que O tinha ressuscitado dos mortos. Este Santo Espírito, todos os que crêem em Jesus podem receber nas águas do Batismo e, assim, com o Espírito que Jesus dá, unidos a Jesus, ao morrerem um dia, como Jesus, entrarão no túnel da morte, com Jesus e como Jesus, e sairão do outro lado, do lado de Deus Pai, completamente glorificados, como Jesus Cristo.

É isto a Páscoa, é este o seu significado para Jesus e para nós!
A morte foi destruída, não é mais o fim, um beco sem saída!
Cristo passou por ela e a atravessou, Ele, o Primogênito, para que nós possamos ir por onde Ele foi: “Pai, aqueles que Tu Me deste quero que, onde Eu estou, também eles estejam comigo, para que contemplem a Minha glória, que Me deste! (Jo 17,24).

Quis falar do mistério da Páscoa numa linguagem bem simples, quase que simplória, para que todos possam entender bem o motivo da alegria dos cristãos, o motivo pelo qual a Páscoa é a maior de todas as festas, é a nossa esperança e a nossa certeza
.
Feliz Páscoa! Celebrando a de Cristo neste 2014, um dia, com Ele, faremos a nossa passagem deste mundo para o Pai!

Páscoa de 2014


Dom henrique Soares da Costa
“Nosso Cordeiro pascal, Cristo, foi imolado. Assim, celebremos a festa, não com o velho fermento nem com o fermento da maldade ou da iniquidade, mas com os pães ázimos da sinceridade e da verdade!” (1Cor 5,7b-8)
Eis o fundamento da fé cristã: a certeza que Cristo ressuscitou, que venceu a morte, que é o Vivente. É precisamente este evento que a Igreja celebra na festa da Páscoa.


Que significa dizer que Jesus ressuscitou?
Eis: Jesus de Nazaré é uma Pessoa divina, a segunda Pessoa da Trindade é Deus, com o Pai e o Santo Espírito. Sem deixar de ser Deus, fez-se homem real e verdadeiramente, assumindo a nossa natureza humana. Então, a Pessoa divina do Filho eterno assumiu de fato e realmente tudo aquilo que é humano, tudo aquilo que Deus pensou para o ser humano. Ele cresceu física e psicologicamente como qualquer ser humano, amou com um coração humano, trabalhou como homem... Por nós, seres humanos, caídos numa situação de pecado, de afastamento de Deus, desde o início da história, e para ser fiel ao plano do Pai, ele se entregou à morte na cruz.
Por que se entregar à morte? Porque a morte é o último e mais radical sinal do pecado, do afastamento de Deus, que é Vida. Assim, o Filho de Deus feito homem assumiu nossa condição de miséria até sua última e dolorosa experiência: a morte!!

COMENTÁRIO DO EVANGELHO DE (JOÃO 21,1-14)



AÇÃO PASTORAL SEM QUERÍGMA, ACABA EM FRACASSO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Diácono José da Cruz - Diácono da Paróquia Nossa Senhora Consolata – Votorantim – SP)
COMENTÁRIO DO EVANGELHO DE (JOÃO 21,1-14)

A Oitava da Páscoa termina com um alerta que para nós cristãos do mundo de hoje, é atualíssimo: Atividade pastoral sem a experiência do querígma, vai resultar em fracasso!

São Pedro estava louco para começar a fazer as coisas acontecerem, não aguentava mais esperar por Jesus, apesar de duas aparições á comunidade, Pedro achava que agora a coisa era com eles, não podiam mais esperar pelo Mestre e manifestou o seu desejo: Eu vou pescar! E os demais também abraçaram a causa e foram com Pedro.

Primeiro podemos pensar que São Pedro e os demais, haviam "jogado a toalha" e resolveram voltar a vidinha antiga de pescadores, já que o projeto de Jesus de Nazaré deu em nada, mas não é isso...

São Pedro representa muito bem aqueles agentes de pastoral que quase se matam de tanto trabalhar na comunidade, reuniões, encontros, atividades, mas esquecem de algo essencial, o sentido daquilo que fazem. Desenvolver qualquer ação pastoral sem uma espiritualidade sólida, fundamentada na oração e na meditação da Palavra de Deus, é pedir para "voltar sapateiro" da pescaria. Lidaram a noite inteira e nada pegaram... Alguns trabalhos pastorais não dão resultado, ou quando dão, ele não é bom... Algumas atividades de movimentos nada produzem de positivo para a comunidade, por que será?

Alguns grupos fazem muito, mas também nada agregam á Paróquia, o motivo é um só: fazer por conta própria, usando método humano, deixando Jesus de lado. De manhã Jesus estava na praia, mas eles não o reconheceram, estavam tão desanimados e cansados do trabalho infrutífero, que nem se deram conta de que Jesus estava ali com eles. Jesus quer experimentar a nova comunidade e pergunta se não há nada para servirem a ele, mas a resposta é negativa.

É preciso a gente se perguntar de vez em quando, para que está servindo o nosso trabalho pastoral, ele está ajudando as pessoas a terem mais vida, mais esperança e mais coragem? O que estamos oferecendo ás pessoas? O mesmo em relação aos movimentos, as pessoas estão sendo acolhidas e bem servidas? Quando falta o essencial, isso é, a experiência profunda com Jesus Cristo, sempre ficamos devendo e nada temos para servir, como responderam os discípulos.

Então vem uma ordem de Jesus para jogarem a rede ao lado direito da barca, para que a pesca seja boa. Os discípulos eram ex-pescadores, a hora da pesca é durante a noite, de manhã é hora de recolher as redes e contar os peixes... A pessoa que ali está diante deles não é pescador, ora, que diferença então iria fazer, jogar a rede a direita ou a esquerda, seria mais um trabalho árduo para nada...
Na comunidade ninguém pode se julgar absoluto naquilo que faz, as idéias, opiniões e sugestões têm que ser partilhadas e todas as opiniões são importantes, senão haverá monopólio de um grupo ou de uma pessoa, e isso irá comprometer a comunhão e a partilha.

Os discípulos levam em conta a orientação de Jesus e daí a pesca foi abundante. Quem tem o coração cheio de amor de Deus é sempre o primeiro a identificar a presença de Jesus na ação pastoral levada a bom termo. João anuncia a Boa Nova á Pedro, de que o Senhor está com eles. Pedro cobriu-se, porque estava nú e lançou-se ás águas, tomado pelo espanto e alegria de rever Jesus. Quando tentamos fazer as coisas acontecerem do nosso modo na comunidade, estamos nús, e é preciso nos revestir de Jesus Cristo, só Ele nos dá a dignidade necessária para darmos continuidade á missão pois esse "Barco" chamado Igreja, é Dele, e se o ouvirmos sempre, a pescaria será farta e o resultado sempre surpreendente...


------------------

COMENTÁRIO DA MESMA PALAVRA ACIMA   (JO  21, 1-14)
COMEÇAR DE NOVO
(O comentário do Evangelho abaixo é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado no Portal Dom Total a cada mês).

A aparição do Ressuscitado junto ao mar de Tiberíades evoca o primeiro encontro dos discípulos com Jesus, quando foram chamados a deixar tudo para se tornarem pescadores de homens. É como se tudo começasse de novo, e fossem chamados a retomar o caminho de serviço ao Reino, abandonado após a decepção diante da morte de Jesus na cruz.

O Evangelho apresenta-nos a profissão de alguns dos discípulos do Mestre: pescadores. Depois de uma noite de trabalho infrutífero, o Senhor apareceu-lhes para mostrar-lhes como se pesca de maneira proveitosa. E esta pesca foi deveras abundante! Mas a última, naquele lago, dando início aos tempos novos.

Depois de ter ceado com o Ressuscitado, a vida dos discípulos tomaria um rumo diferente. Doravante, deveriam lançar-se à missão de enviados do Senhor, pelos caminhos do mundo. Sua condição de apóstolos estava para se concretizar.

A novidade da experiência consistia em não mais contar com a presença física do Mestre. Ele se faria presente, na condição de Ressuscitado, onde quer que estivessem os seus apóstolos, animando-os na missão.

A rede superlotada de peixes simbolizava a humanidade toda à qual eles deveriam apresentar a proposta do Reino. No mar do mundo, muitos seriam os atraídos pela mensagem de Jesus.

Oração
Espírito de renovação, faze-me, cada dia de minha vida, retomar o serviço ao Reino a que sou chamado.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Configurados à Morte e Ressurreição de Cristo


...
Agora, podemos compreender o restante do pensamento do santo Apóstolo: no Batismo e Eucaristia nós somos configurados realmente à morte e ressurreição de Cristo: no Batismo somos mergulhados na Sua morte e ressurgimos na Sua ressurreição; na Eucaristia, comungamos com Ele imolado e ressuscitado. Assim, estes dois maiores sacramentos, os fundamentais, configuram-nos ao mesmo tempo na morte e ressurreição do Senhor; por isso, “se morremos com Cristo, temos fé que também viveremos com Ele”... Realmente, nos sacramentos algo concreto, verdadeiro, efetivo, acontece conosco: a morte e a vida nova, ressuscitada, de Cristo passam a trabalhar em nós: todas as mortes desta vida vãos se tornando morte em Cristo e com Cristo e tudo isto vai se tornando ressurreição em Cristo, até a Ressurreição final! Ora, essa configuração a Cristo não pode ser somente algo no plano concreto do nosso ser, mas deve esparramar-se e mostrar-se no nosso agir, no nosso modo de viver: “Assim, também vós considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus em Cristo Jesus”. A nossa vida nova com Deus em Cristo revela-se numa contínua procura de rompimento com tudo quanto em nós é pecado, superando a tendência para as várias paixões que ainda opera em nós. Essa má tendência chama-se concupiscência e será ocasião de luta para nós até o fim da vida...
Então, cristão, vivamos a como novas criaturas no Senhor, pois “Cristo, nosso Cordeiro Pascal, foi imolado. Celebremos, portanto, a festa, não com o velho fermento, nem com o fermento da malícia e da perversidade, mas com pães ázimos: na pureza e na verdade!” (1Cor 5,7-8).


Boa Oitava de Páscoa a todos!

Morrer com Cristo


12 h · 


“Se morremos com Cristo, temos fé que também viveremos com Ele, sabendo que Cristo, uma vez ressuscitado dentre os mortos, já não morre, a morte não tem mais domínio sobre Ele. Porque, morrendo, Ele morreu para o pecado uma vez por todas; vivendo, Ele vive para Deus. Assim, também vós considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus em Cristo Jesus” (Rm 6,8-10).

Na Epístola da Vigília Pascal, ouvimos todos estas palavras. Por que a Igreja latina as escolheu para sua celebração litúrgica mais importante? O que significam mesmo?
Comecemos com a triunfal afirmação do Apóstolo: “Cristo, uma vez ressuscitado dentre os mortos, já não morre, a morte não tem mais domínio sobre Ele”. Eis o seu significado: Cristo foi ressuscitado pelo Pai, que sobre Ele enquanto homem (corpo e alma humanos) derramou a plenitude do Espírito vivificante. A segunda Pessoa da Trindade, na Sua natureza humana – corpo e alma – agora Se encontra totalmente divinizada, totalmente glorificada, plena de uma Vida que não é mais esta nossa, mas a própria Vida divina, que um dia também nos será dada em plenitude.
Assim, Jesus, nosso Senhor, o Ressuscitado, não simplesmente vive daquela vida que vivia antes, vida igual à nossa; Ele é, ao invés, “o Vivente”, que esteve morto, mas está vivo pelos séculos dos séculos, e tem nas mãos as chaves da Morte e do Sheol (cf. Ap 1,18); Ele, o Vivente, já não pode ser alcançado pela morte: agora, na Sua alma e no Seu corpo humanos, Ele é todo plenitude, todo saciedade, todo Vida, todo fonte de Vida! Tudo quanto sonhamos de vida, Ele tem, Ele é e é ainda muito mais que possamos pensar ou desejar!

12 h · Para refletirmos irmãos!!
e fez homem. Sua natureza humana não era pecadora como a nossa, mas Ele entrou num mundo marcado pelo pecado, entrou humilhando-Se, entrou experimentando as consequências dolorosas das relações com os outros e com o mundo todo poluído pelo pecado, entrou num ambiente, numa esfera de pecado. “Morrendo, Ele morreu para o pecado uma vez por todas”, pois Ele nunca mais voltará a esta vida mortal, vida de humilhação... Nem Ele nem ninguém volta, pois só se vive uma vez e, depois, tem-se o julgamento (cf. Hb 9,27). Para o Cristo morto e ressuscitado, adeus morte, adeus humilhação... Morto, Jesus saiu, naquela cruz, deste mundo de pecado, morreu para o pecado, enfrentando a consequência mais radical de pertencer a um mundo e a uma humanidade marcados pela desordem da pecaminosidade: a morte!
Ele, que morreu uma vez por todas, agora, “vivendo, Ele vive para Deus!” Em outras palavras: vivendo agora como Ressuscitado, pleno do Espírito Vivificador, Ele vive na esfera de Deus, Ele vive como Deus na Sua natureza humana, Ele vive para o Pai: “Subo a Meu Pai e vosso Pai; ao Meu Deus e vosso Deus!” (Jo 20,17). É o Filho de Deus feito homem glorificado, ressuscitado, transfigurado em Glória divina Quem diz estas palavras!
...

Ares de adoração

Senhor, eu vim de novo buscar Tua amizade
Mais perto ficar
Tu és incomparável
Não há lugar no mundo onde eu possa encontrar
A Tua força e a Tua beleza
A Tua glória e a Tua unção
A Tua graça e a Tua realeza
Aonde mais? Somente aqui, em Teu coração
Quero respirar os ares da adoração
Quero mergulhar na Tua grandeza
Quero renovar o meu amor por Ti, ó Deus
Saber mais de Ti
Tornar-te amigo meu
Ser intimamente Teu

terça-feira, 22 de abril de 2014

Oração para Comunhão




ORAÇÃO PARA COMUNGAR POR MEIO DA SANTÍSSIMA VIRGEM

(Conforme S.Luís Mª Grignion de Montfort)


Virgem Maria, Santíssima Mãe de Nosso Senhor JESUS CRISTO, saúdo-vos com devoção e reverência. Proclamo-vos Senhora do meu destino e Rainha do meu coração. 


Eu vos amo com toda a ternura do meu ser. 


Venha hospedar-vos em minha casa, como hospedastes na casa de São João. Ficai sempre em meu coração, como estais no Coração de JESUS, Vosso adorável divino Filho. 


Recebei a Jesus Cristo por mim, pois minha alma suspira pelo seu Sacratíssimo Corpo, meu coração deseja ardentemente estar unido a Ele. Quero sempre recebê-Lo com amor e adoração, para alcançar a salvação e a santificação. Vosso Divino Filho é a suave e santa refeição da minha alma. Amém.

terça-feira, 15 de abril de 2014


Retiro Quaresmal - A Vida que vence a Morte (7)
XLI Dia da Quaresma - XXXV de penitência

“Foram contar aos fariseus o que Jesus tinha feito. Os sumos sacerdotes e os fariseus, então, reuniram o sinédrio e discutiam: ‘Que vamos fazer? Este homem faz muitos sinais!’ Um deles, chamado Caifás, sumo sacerdotes naquele ano, disse: ‘Vós não entendeis nada! Não percebeis que é melhor um só morrer pelo povo do que perecer a nação inteira?’ Caifás não falou isso por si mesmo. Sendo sumo sacerdote naquele ano profetizou que Jesus iria morrer pela nação, e não só pela nação, mas também para reunir os filhos de Deus dispersos. A partir desse dia, decidiram matar Jesus” (Jo 11,46-53).

Comentando:

Veja: é assim que termina a história da ressurreição de Lázaro: com a condenação de Jesus à morte!

No início desta narrativa, o Senhor dissera que a doença de Lázaro não era para a morte, mas para que por ela o Filho do Homem fosse glorificado... Frase que parecia tão escandalosa: um Deus que Se glorifica às custas do sofrimento e da morte de alguém! Mas, a agora, o seu significado aparece claro: pela revivificação de Lázaro, Jesus é glorificado porque mostra o Seu poder sobre a morte, mas, mais ainda, e de modo surpreendente, a revivificação de Lázaro será a gota d’água que levará o Sinédrio a decidir que Jesus deve morrer: Ele será levantado da terra na cruz e manifestará a Sua glória: “Pai, chegou a hora: glorifica o Teu Filho!” (Jo 17,1).

Que fique claro: quando o Senhor nosso afirma que aquela doença de Lázaro é para a Sua glória é porque aquela doença e aquela morte vão levar Jesus à morte e, na morte e ressurreição Ele será glorificado: "Embora fosse o Filho, aprendeu, contudo, a obediência pelo sofrimento; e, levado à perfeição, Se tornou para todos os que Lhe obedecem princípio de salvação eterna, tendo recebido de Deus o título de Sumo Sacerdote, segundo a ordem de Melquisedec" (Hb 5,8-10). "Vemos Jesus coroado de honra e glória por causa dos sofrimentos da morte! Pela graça de Deus, provou a morte em favor de todos os homens!" (Hb 2,9)

Eis, meu Leitor: não há sofrimento, não há dor que não seja para a glória do Filho de Deus, pois em cada dor nossa está presente a dor Dele, a dor terrível, o abandono tremendo, a morte trágica pelos quais Ele nos salvou da de uma vida sem sentido e da Morte eterna!

Ele venceu e nós podemos cantar: “A morte foi tragada pela vitória; onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (1Cor 15,54s)
Admire! Contemple! Adore tão grande Mistério!

Retiro Quaresmal - A Paixão segundo Mateus (1)
XLI Dia da Quaresma - XXXV de penitência

26,14Um dos doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes 15e disse: “Que me dareis se eu vos entregar Jesus?” Combinaram trinta moedas de prata. 16E daí em diante, ele procurava uma oportunidade para entregá-Lo.

Comentando:

Quem é o responsável pela morte de Jesus?
Podemos afirmar que os judeus têm responsabilidade: não creram Nele e seus chefes - sobretudo os saduceus - O entregaram à morte de modo desonesto e vergonhoso. Não há escapatória: os chefes judeus – particularmente o Sumo Sacerdote – agem em nome do inteiro povo! Jesus foi entregue à morte pelos judeus!

Mas, podemos afirmar também sem receio que os romanos foram responsáveis pela morte do Senhor: somente Pilatos, Governador romano da Judeia, poderia condenar alguém à morte. E ele condenou Jesus, em nome da autoridade romana.
Então, o pagão Pilatos e a Roma imperial, pagãos entre pagãos, foram responsáveis pela morte do Salvador. Jesus foi entregue à morte pelos romanos, os pagãos, não-judeus!

Mas, quem entregou Jesus aos chefes judeus? Onde começou tudo? Num de nós, num irmão nosso, num discípulo de Jesus: “Um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos sacerdotes e disse: “Que me dareis se eu vos entregar Jesus?” Tremendo: Jesus foi entregue à morte por um cristão! Um cristão entregou Jesus aos chefes judeus, que O entregaram aos pagãos romanos!

Eis, meu Leitor, que mistério: ninguém (judeus, pagãos, cristãos) está isento da morte de Nosso Senhor: Ele foi entregue por todos e por todos Se entregou livremente, deixou-Se entregar!
Os judeus, de modo geral, não creram Nele, os romanos não O conheciam, mas Judas, mas nós, nós O conhecemos, nós sabemos quem Ele é... E, no entanto, entregamo-Lo, vendemo-Lo pelo preço de um escravo!

– Senhor, tem piedade de nós!

...

É impressionante a gravidade, a seriedade do pecado de Judas: “Ai daquele por quem o Filho do Homem for entregue! Melhor seria que tal homem nunca tivesse nascido!” Palavras misteriosíssimas, que revelam a gravidade do pecado!
Hoje, quando temos a tendência de minimizar o pecado e jogar levianamente tudo na conta de misericórdia de Deus, deveríamos ponderar seriamente sobre esta palavra! Por um lado, essa traição miserável serve ao desígnio de Deus: “O Filho do Homem Se vai, conforme está escrito a Seu respeito”; mas nem por isso o ato de Judas é desculpado ou apresentado como menos grave! Aqui aparece, como em tantas outras passagens da Escritura, o misterioso e incompreensível encontro entre a providência do Senhor Deus e a verdadeira liberdade do ser humano...

Irmãos, cuidemos de evitar o pecado, cuidemos de evitá-lo mesmo nas pequenas ocasiões, para que não aconteça que nossa consciência se vá relaxando e, pouco a pouco, Deus esteja tão obscurecido em nós que nada mais julguemos pecado...
..

Retiro Quaresmal - A Paixão segundo Mateus (3)
XLII Dia da Quaresma - XXXVI de penitência
Mt 26,30-35

30Depois de cantarem o salmo, saíram para o Monte das Oliveiras. 31Então Jesus disse aos discípulos: “Esta noite, todos vós vos escandalizareis a Meu respeito. Pois está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho se dispersarão”. 32Mas, depois de ressuscitar, Eu irei à vossa frente para a Galiléia”.
33Pedro lhe disse: “Mesmo que todos se escandalizem, eu jamais”. 34Jesus lhe declarou: “Em verdade Eu te digo: esta noite, antes que o galo cante, três vezes Me negarás”. 35Pedro respondeu: “Ainda que eu tenha de morrer contigo, não Te negarei”. E todos os discípulos disseram a mesma coisa.

Comentando:

“Depois de cantarem o salmo, saíram para o Monte das Oliveiras”... Na verdade, trata-se não de um salmo só, mas do conjunto de salmos chamado Hellel (= louvor; daí vem o termo Helleluiah = louvai o Senhor), que se cantava nas grandes festas e, especialmente, ao fim da ceia pascal judaica. São os salmos 112/113 – 117/118. Vale a pena rezar esses salmos, para colocar-se em sintonia com os sentimentos do Senhor: a Páscoa de Israel, que saíra do Egito atravessando o tremendo Mar para entrar na Terra Prometida é a moldura para a Páscoa do Senhor nosso, que saiu da kénosis, do abaixamento em que Se encontrava neste mundo, atravessando o tremendo mar da morte, para entrar na Terra Prometida da Glória do Pai...

Segundo Mateus, é no Monte das Oliveiras que Jesus faz a dramática revelação: naquela noite, naquela escuridão, naquela hora do poder das Trevas (cf. Lc 22,53): “Esta noite, todos vós vos escandalizareis e Meu respeito!”
Veja, meu Leitor: esta frase diz respeito aos discípulos, a mim, a você, aos cristãos: naquela noite de provação, naquela noite em que o Senhor foi traído, vilipendiado, tornado presa de Seus inimigos, os Seus discípulos tropeçaram (= escandalizaram-se) por causa Dele...
Que vergonha para nós! Quantas vezes, nas trevas, naquelas situações e acontecimentos que nos machucam e que não compreendemos, temos a tentação de nos escandalizar com o Senhor, de desconfiar do Seu amor, da Sua providência e até mesmo da Sua existência...

– Senhor, por misericórdia, faze que nas noites da vida eu não me escandalize por Tua causa e não Te renegue!
Perdoa, Senhor, pela fraqueza de nossa fé, pela debilidade do nosso amor! Kyrie, eleison!
..




Retiro Quaresmal - A Paixão segundo Mateus (4)
XLII Dia da Quaresma - XXXVI de penitência
Mt 26,36-46

36Jesus chegou com eles a uma propriedade chamada Getsêmani e disse aos discípulos: “Sentai-vos, enquanto Eu vou orar ali!” 37Levou consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu e começou a ficar triste e angustiado. 38Então lhes disse: “Sinto uma tristeza mortal! Ficai aqui e vigiai Comigo!” 39Ele foi um pouco mais adiante, caiu com o rosto por terra e orou: “Meu pai, se possível, que este cálice passe de Mim. Contudo, não seja feito como Eu quero, mas como Tu queres.”
40Quando voltou para junto dos discípulos, encontrou-os dormindo. Disse então a Pedro: “Não fostes capazes de ficar vigiando uma só hora Comigo? 41Vigiai e orai, para não cairdes em tentação; pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca”.
42Jesus afastou-se pela segunda vez e orou: “Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que Eu o beba, seja feita a Tua vontade!” 43Voltou novamente e encontrou os discípulos dormindo, pois seus olhos estavam pesados. 44Deixando-os, afastou-se e orou pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras. 45Então voltou para junto dos discípulos e disse: “Ainda dormis e descansais? Chegou a hora! O Filho do Homem está sendo entregue às mãos dos pecadores. 46Levantai-vos, vamos! Aquele que vai Me entregar está chegando”.

Comentando:

Terminada a Ceia, Jesus dirige-Se ao Monte das Oliveiras. Já está tudo decidido: ao entregar-Se no Seu Corpo e Sangue na Eucaristia, Ele selou Sua sorte: o que fez naquela Ceia derradeira terá de fazer na carne de Sua vida: entregar-Se e Seu corpo será suspenso na cruz, alquebrado pela flagelação e a dor, Seu sangue, sinal da Sua vida, será derramado até a morte, para a remissão dos pecados do mundo...
No Monte das Oliveiras, do lado do Monte que fica de frente para Jerusalém, Jesus entra num pequeno jardim de oliveiras, chamado de Getsêmani, ou seja, “lagar de azeite”. Provavelmente ali existiria uma prensa para fabricar óleo... o óleo da unção, do Messias... Lugar muito significativo para a agonia do Ungido de Deus, do Rei de Israel, do Salvador da humanidade!

A tremenda realidade que o Senhor tinha pela frente não era uma brincadeira, um faz-de-conta: Ele, Deus verdadeiro e perfeito, Pessoa divina, realmente assumiu a natureza humana, sendo homem verdadeiro. Agora sentia todo o pavor que a morte nos causa – e mais ainda nele, pois essa morte tem o trágico do pecado do mundo; é uma morte obscura, que envolve traição, trama, maldade, violência, desprezo, ignomínia! Toda a natureza humana de Jesus nosso Senhor rebela-se contra a possibilidade de morrer.
Faz parte de nossa natureza, pois fomos criados para a vida, não para a morte! O instinto de sobrevivência do Senhor era igual ao nosso: Seu corpo, Seus reflexos, Sua vontade humana, tudo reage à ideia de morte, e morte violenta... Ele procura refúgio no regaço do Pai: procura-O na oração! Que exemplo para nós! Ele, o Filho de Deus precisou rezar procurando conformar Sua vontade humana àquela do Pai!
Pense nisso, meu Leitor, e seja assíduo e fiel à oração, se realmente quiser viver na vontade de Deus! Sem a oração, só vemos a nossa vontade e, pior ainda, a confundimos com a santa vontade de Deus... Quem não reza é ateu, pois, na prática, vive como se Deus não existisse!

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Fica a dica galera de Deus:

"Deus só poda a árvore que mais gosta, para que produza 



mais frutos; e aos filhos que mais ama, mais os 

deixa sofrer".
Para a Missa neste Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor:
Is 50,4-7
Sl 21
Fl 2,6-11
Mt 26,14 – 27,66
O mistério que hoje estamos celebrando – a Paixão e Morte do Senhor – e vamos celebrar de modo mais pausado e contemplativo nesses dias da Grande Semana, foi resumido de modo admirável na segunda leitura desta Eucaristia: o Filho, sendo Deus, tomou a forma de servo e fez-Se obediente ao Pai por nós até a morte de cruz. E o Pai O exaltou e deu-Lhe um Nome acima de todo nome, para nossa salvação! Eis o mistério! Eis a salvação que nos foi dada!
Mas isso custou ao Senhor! É sempre assim: os ideais são lindos; colocá-los na vida, na carne de nossa existência, requer renúncia, lágrimas, sangue! O Filho, para nos salvar, teve que aprender como um discípulo, teve que oferecer as costas aos verdugos e o rosto às bofetadas! Que ideal tão alto; que caminho tão baixo! Que ideal tão sublime, que meios tão trágicos!
Foi assim com o nosso Jesus; é assim conosco! É na dor da carne da vida que o Senhor nos convida a participar da Sua Cruz e caminhar com Ele para a ressurreição. Infelizmente, nós, que aqui nos sentamos à Mesa com Ele, tantas vezes o deixamos de lado: “Quem vai Me trair é aquele que comigo põe a mão no prato!” – Eis! É para nós esta palavra!
Comemos o Seu Pão ao redor deste Altar sagrado e, no entanto, o abandonamos nas horas de cruz: “Esta noite vós ficareis decepcionados por Minha causa!” – Que pena! Queríamos um Messias fácil, um Messias que nos protegesse contra as intempéries da vida, que fosse bonzinho para o mundo atual.
Como seria bom um Messias de acordo com o assassinato de embriões, com o aborto, com a ideologia de gênero, com a destruição da indissolubilidade do matrimônio, com a libertinagem reinante...
Mas, não! Esse Messias prefere morrer a matar, esse Messias exige que o sigamos radicalmente, esse Messias nos convida a receber a mesma rejeição que Ele recebe do mundo: Minha alma está triste até à morte. Ficai aqui e vigiai comigo!”
Irmãos, que vos preparais para celebrar estes dias sagrados, não vos acovardeis, não renegueis o nosso Senhor, não O deixeis padecer sozinho, crucificado por um mundo cada vez mais infiel e ateu, um mundo que denigre o nome de Cristo e de Sua Igreja católica!
Cuidado, irmãos! Não é fácil, não será fácil a luta: “Vigiai e orai, para não cairdes em tentação, pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca!” Que nos sustente a força Daquele que por nós Se fez fraco! Que nos socorra a intercessão Daquele que orou por Pedro para que sua fé não desfalecesse! E se, como Pedro cairmos, ao menos, como Pedro, arrependamo-nos e choremos!
Nós Vos adoramos, santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos porque pela Vossa santa cruz remistes o mundo!

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Santa Terezinha e seu Pai


Santa Terezinha do Menino Jesus e seu Pai


Nos passeios que fazia com ele, o papai gostava de me mandar entregar a esmola aos pobres que encontrássemos. Certo dia vimos um que se arrastava com dificuldade em muletas. Acerquei-me para lhe dar um óbolo. Mas, não se julgando bastante pobre a ponto de aceitar esmola, ele olhou-me com triste sorriso e não quis pegar o que lhe oferecia. Não consigo descrever o que se passou em meu coração. Quisera consolá-lo e reconfortá-lo. Em lugar disso, porém, julguei que o tinha magoado. O pobre doente adivinhou por certo meu pensamento, pois que o vi virar-se para trás e envolver-me num sorriso. Papai acabava de comprar um doce para mim. Bem me veio a vontade de lho dar, mas não tive coragem. Ainda assim queria dar-lhe alguma cousa que não me pudesse refugar, pois sentia por ele uma simpatia muito grande. Ocorreu-me então ter ouvido falar que, no dia da primeira comunhão, a gente obteria tudo o que pedisse. Este pensamento foi um consolo para mim, e disse comigo mesma, embora só tivesse seis anos ainda: "Rezarei pelo meu pobre no dia da minha primeira comunhão". Cumpri a promessa cinco anos mais tarde, e espero que o Bom Deus tenha atendido a oração que me inspirara a fazer-lhe por um de seus membros sofredores...


(Manuscrito A: história de uma alma)

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Não desista nunca,
Nem quando o cansaço se fizer sentir,
Nem quando os teus pés tropeçarem,
Nem quando os teus olhos arderem,
Nem quando os teus esforços forem ignorados,
Nem quando a desilusão te abater,
Nem quando o erro te desencorajar,
Nem quando a traição te ferir,
Nem quando o sucesso te abandonar,
Nem quando a ingratidão te desconcertar,
Nem quando a incompreensão te rodear,
Nem quando a fadiga te prostrar,
Nem quando tudo tenha o aspecto do nada,
Nem quando o peso do pecado te esmagar…
Invoque Deus, cerre os punhos, sorria… E recomece!



Postado por Pedro Afonso às 16:06

quarta-feira, 2 de abril de 2014


Meios para alcançar o amor de Deus e a santidade.




Desideria occidunt pigrum... qui autem iustus est tribuet, et non cessabit — “Os desejos matam o preguiçoso; porém, o que é justo dará e não cessará” (Prov. 21, 25 26).


I. Quem mais ama a Deus é mais santo. Dizia São Francisco Borges que a oração faz entrar o amor divino no coração, ao passo que a mortificação dele remove a terra e fá-lo apto a receber aquele fogo sagrado. Quanto mais espaço a terra ocupa no coração, tanto menos lugar achará ali o santo amor: Sapientia... nec invenitur in terra suaviter viventium (1) — “A sabedoria... não se acha na terra dos que vivem em delícias”. — Por isso é que os Santos sempre procuraram mortificar, o mais possível, o seu amor próprio e os seus sentidos. “Os santos são poucos, mas devemos viver com os poucos, se nos quisermos salvar com os poucos”, escreve São João Clímaco: Vive cum paucis, si vis regnare cum paucis. E São Bernardo diz: “Quem quer levar vida perfeita, deve levar vida singular: Perfectum non potest esse nisi singulare.”


Para sermos santos, devemos, antes de mais nada, ter o desejo de nos tornarmos santos: desejo e resolução. Alguns sempre desejam, mas nunca começam a por mãos à obra. “De semelhantes almas irresolutas”, dizia Santa Teresa, “o demônio não tem medo. Ao contrário, Deus é amigo das almas generosas.”


É, pois, um engano do demônio, no dizer da mesma seráfica Santa, fazer-nos pensar que há orgulho em se querer tornar santo. Seria orgulho e presunção se metessemos a nossa confiança em nossas obras ou resoluções; mas não, se esperamos tudo de Deus, que então nos dará a força que nos falta. — Desejemos, portanto, e ardentemente, chegar a um grau sublime de amor divino e digamos com coragem: Omnia possum in eo qui me confortat (2) — “Eu posso tudo naquele que me fortalece”. Se não achamos em nós tão grande desejo, peçamo-lo instantemente a Jesus Cristo, que não deixará de no-lo dar.


II. Devemo-nos, portanto, alentar, tomar uma resolução e começar; lembrando-nos de que, na perfeição cristã, segundo a expressão de São Francisco de Sales, vale muito mais a prática do que a teoria. O que não podemos fazer com as nossas próprias forças, ser-nos-á possível com o auxílio de Deus, que prometeu dar-nos tudo o que Lhe pedíssemos: Quodcumque volueritis, petetis, et fiet vobis (3).


Ó meu amado Redentor, Vós desejais o meu amor e me mandais que Vos ame de todo o coração. Sim, Jesus meu, quero amar-Vos de todo o meu coração. Não, meu Deus — assim Vos direi, confiado em vossa misericórdia, — não me assustam os pecados que cometi, porque agora detesto-os e abomino-os mais do que qualquer outro mal, e sei que Vos esqueceis das ofensas da alma que se arrepende e Vos ama. Porque Vos ofendi mais do que os outros, quero, com o auxílio que de Vós espero, amar-Vos mais do que os outros.


Senhor meu, Vós me quereis santo, e eu quero tornar-me santo, não tanto para gozar no paraíso, como para Vos agradar. Amo-Vos, bondade infinita! † Jesus, meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas, e me consagro todo a Vós, vós sois o meu único bem, o meu único amor. Aceitai-me, ó meu amor, e fazei-me todo vosso, e não permitais que ainda Vos dê desgosto. Fazei com que eu me consuma todo por Vós, assim como Vós Vos consumistes todo por mim. — Ó Maria, ó Esposa mais amável do Espírito Santo, e a mais amada, obtende-me amor e fidelidade. Alcançai-me somente, ó minha Mãe, que eu seja sempre vosso devoto servo; porquanto quem se distingue na devoção para convosco, distingue-se também no amor a vosso divino Filho. (II 400.)

----------


1. Iob. 28, 13.
2. Phil. 4, 13.
3. Io. 15, 7.


(Santo Afonso Maria de Ligório. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo Primeiro: Desde o primeiro Domingo do Advento até Semana Santa inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 360-362.)