segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Ah! Como é bom é sentir a doce paz
E o amor que suave me leva a sorrir.
É você chegou qual ladrão me fitou e 
Roubou para si o meu coração.
E agora sem forças eu sou prisioneiro
Do mais belo amor, do Doce Jesus
Do meu bem da cruz.
Jesus.

sábado, 30 de julho de 2016



Atividade (4): Releitura do Êxodo no Evangelho de João
Leia todo o Evangelho de João, e responda:


1)Que símbolos da Teologia do Êxodo, são retomados no Evangelho de João? Qual é o enfoque dado pelo evangelista a cada um deles? 

Precisamos de sete chaves para entender o sentido mais profundo do evangelho de São João, um evangelho riquíssimo que nunca será esgotado tamanha sua profundidade e riqueza:

1ª chave: Personalidade do evangelista
Para entender melhor uma obra literária é preciso conhecer o autor.
João significa Deus faz misericórdia e é conhecido como o discípulo amado.Irmão de Tiago e filho de Zebedeu, pescador . Sua mãe era uma mulher muito ousada e talvez dominante e manipuladora, pois queria que seus filhos sentassem um à direita e outro à esquerda de Jesus.
Assinatura: está presente na cruz(19.26-27)
Fotografia: reclinado no peito de Jesus na última ceia (13,23-25)Símbolo: águia, a qual voa alto e tem uma excepcional visão; reconhece Jesus no Lago de Tiberíades (21,7)
2ª chave: Último a escrever e o faz usando uma linguagem simbólica
O primeiro versículo é como a clave de um pentagrama, o qual dará significado a todo o posterior.
“No princípio era verbo e o verbo estava com Deus e o Verbo era Deus.”(1,1)
João escreve entre 20 e 25 anos depois de Mateus, e 35 anos depois de Marcos.
Tem 15.416 palavras e 21 capítulos 

3ª chave: Divisão do Evangelho: duas partes

1ª parte: Livro dos Sinais (1,35-12,50)

Para João não existem milagres, mas “sinais” de Jesus, e ele selecionou sete, em que o mais importante não é o que se vê, mas o seu significado.

-Primeiro sinal: Bodas em Caná da Galiléia, matrimônio de Deus com o homem (2,1-10)

-Segundo sinal: Cura o filho de um funcionário real em Caná da Galiléia (4,46-54)

-Terceiro sinal: Cura do paralítico na piscina de Betesda (5,1-18)

-Quarto sinal: Multiplicação dos pães, no deserto (6,1-14)

-Quinto sinal: Jesus caminha sobre o mar (6,16-21)

-Sexto sinal: Cura do cego de nascença, no sábado, em Siloé (9,1-7)

-Sétimo sinal: Ressurreição de Lázaro, próximo a Páscoa (11,33-34)

Estes sete sinais mostram a missão de Jesus, porém, Ele mesmo é o ícone de Deus e revela:“Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único, para o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (3,16)

Por isso, repetia:

“Quem me vê, vê o Pai” (14,9)


3ºENFOQUE
2ª parte: Livro da glorificação na cruz e a hora de Jesus.
A segunda parte do evangelho de São João é a glorificação de Jesus, que está em harmonia com o tema da hora ou Páscoa da “hora” (2,4; 5,25; 7,30; 8,20; 12,23.27; 13,1; 16,2.4.25.32;17,1), a qual é como a contagem regressiva que culmina na cruz.Onde depois será glorificado.

4ª chave: Os sete “EU SOU” de Jesus
Jesus se apresenta sete vezes com a fórmula “EU SOU”, a qual nos lembra a descrição de Deus no monte Sinai e expressa a divindade de Jesus.

2º ENFOQUEEu sou o pão da vida, o verdadeiro pão do céu (6,35.41.48.51) O verdadeiro alimento é Jesus;
-E sou a luz do mundo (8,12) JESUS é a luz;

-Eu sou a porta das ovelhas (10,7.9) Jesus é a porta;

-Eu sou o Bom Pastor (10,11.14) Jesus é o bom pastor;

-Eu sou a ressurreição e a vida (11,25);

-Eu sou o caminho, a verdade e a vida (14,6);

-Eu sou a videira verdadeira (15,1).

5ª chave: Novidade de Jesus

João é dramático: mostra o rompimento e a novidade absoluta do Segundo Testamento. Assim apresenta a novidade radical de Jesus com relação às instituições, personagens e ícones do Primeiro Testamento.

Primeira Novidade: Nova escada de Jacó que comunica o céu com a terra: Gn 28,12-15;

Segunda novidade: Novo homem: Jo 1,30; 19,5;

1º ENFOQUE-Terceira novidade: Páscoa do Novo templo( “Eu destruirei esse templo e em três dia o reconstruirei”): 1Re 8,20.29; Jo 2,19;
Quarta novidade: Novo noivo, que dá o vinho da alegria: Gn 24,4.7.67; Jo 2,1-12; 3,29;

Quinta novidade: Novo cordeiro: Gn 22,8;

Sexta novidade: Novo poço de Jacó: Jo 3,14;

Sétima novidade: Nova serpente do deserto: Jo 3,14

6ª chave: Crucifixão e morte na cruz (19,23.30)

7ª chave: Profissão de fé de Tomé na divindade de Jesus (20,24-31)
O simbolismo de João , pertence à própria estrutura deste Evangelho, organizado, para revelar tudo o que nele se relata: , diálogos e discursos. Assim ,é revelado os milagres são chamados “sinais”, porque revelam a identidade de Jesus, a sua glória, o seu ser divino e o seu poder salvador, como pão (6), luz (9), vida e ressurreição (11), em ordem a crer nele; outras vezes são “obras do Pai”, mas que o Filho também faz (5,19-20.36). Repetindo, AQUI TAMBÉM O enfoque dado por São João aos símbolos do êxodo é que Jesus e sua identidade , sua glória, seu ser divino, seu poder salvador como pão vida e ressurreição SÃO REVELADOS NO BOM SENTIDO “escrachadamente” em JOão. Impossível neste evangelho não descobrir o Messias, o filho de Deus que nos foi dado, o Salvador, o Deus que abre o caminho para a eternidade para os filhos de Deus , o Deus que como Moisés vive o seu êxodo rumo à Jerusalém nos apontando o céu a eternidade, entre outros títulos ou referências feitas a Jesus pelo discípulo amado.

Cristo Revelado

O livro apresenta Jesus como ó único Filho gerado por Deus que se tornou carne. Para João, a humanidade de Jesus significava essencialmente uma missão dupla: 1) como o”Cordeiro” de Deus (1.29), ele procurou a redenção da humanidade; 2) Através de sua vida e ministério, ele revelou o Pai. Cristo colocou-se coerentemente além de si mesmo perante o Pai que o havia enviado e a quem ele buscava glorificar. Na verdade, os próprios milagres que Jesus realizou como “sinais”, testemunham a missão divina do Filho de Deus.

Objetivo e Teologia

Este Evangelho propõe-se confirmar na fé em Jesus, como Messias e Filho de Deus (20,30-31). Destina-se aos cristãos, na sua maioria vindos do paganismo (pois explica as palavras e costumes hebraicos), mas também em parte vindos do judaísmo, com dificuldades acerca da condição divina de Jesus e com apego exagerado às instituições religiosas judaicas que se apresentam como superadas (1,26-27; 2,19-22; 7,37-39; 19,36). Sem polemizar contra os gnósticos docetas, que negavam ter Jesus vindo em carne mortal (1 Jo 4,2-3; 5,6-7), JOÃO não deixa de sublinhar o realismo da humanidade de Jesus (1,14; 6,53-54; 19,34). Por outro lado, é um premente apelo à unidade (10,16; 11,52; 17, 21-24; 19,23) e ao amor fraterno entre todos os fiéis (13,13.15.31-35; 15,12-13).
JOÃO pretende dar-nos a chave da compreensão do mistério da pessoa e da obra salvadora de Jesus, sobretudo através do recurso constante às Escrituras: “Investigai as Escrituras (…): são elas que dão testemunho a meu favor” (5,39). Embora seja o Evangelho com menos citações explícitas do Antigo Testamento, é aquele que o tem mais presente, procurando, das mais diversas maneiras (por métodos deráchicos), extrair-lhe toda a riqueza e profundidade de sentido em favor de Jesus como Messias e Filho de Deus, que cumpre tudo o que acerca dele estava anunciado por palavras e figuras (19,28.30).
Além destes temas fundamentais da fé e do amor, JOÃO contém a revelação mais completa dos mistérios da Santíssima Trindade e da Encarnação do Verbo, o Filho no seio do Pai, o Filho Unigênito, que nos torna filhos (adotivos) de Deus; a doutrina sobre a Igreja (10,1-18; 15,1-17; 21,15-17) e os Sacramentos (3,1-8; 6,51-59; 20,22-23) e sobre o papel de Maria, a “mulher”, nova Eva, Mãe da nova humanidade resgatada (2,1-5; 19,25-27).
O conteúdo dos textos e os símbolos presentes no Evangelho de João permitem construir sua teologia a partir de dois temas: a criação e o êxodo. Estes temas se entrelaçam ao longo da obra nos permitindo entender o objetivo e a maneira com que Jesus realiza sua missão.

a) Tema da Criação: Este tema é a chave de interpretação da obra de Jesus. A sequência de dias que aparece no início do evangelho (1.19,29,35,43; 2.1) faz com que o anúncio e início da obra de Jesus ocorram no mesmo dia da criação do homem em Gênesis 1, o sexto dia. A razão e o resultado da obra de Jesus seriam, então, terminar a criação, o que culminou com sua morte na cruz. O "Está consumado!" (19.30), duplamente interpretado sob esta ótica, ocorre também no sexto dia, como recorda o autor com outras indicações (12.1: seis dias antes da Páscoa; 19.14,31,42: preparação da Páscoa). Com isso, toda a atividade de Jesus, até sua morte, fica sob o símbolo do "sexto dia", indicando o fim a que se destina: terminar a obra criadora, completando o homem com o Espírito de Deus (19.30; 20.22).
A parte final do evangelho completa o tema da criação por se situar no "primeiro dia" (20.1), que indica o princípio e a novidade da criação terminada.
Temas como "vida" e "luz", centrais no evangelho (1.4-9), assim como o do nascimento (1.13; 3.3-21), estão na linha da criação.

b) Tema do Êxodo: Traz vários de seus elementos: a presença da glória na Tenda do Encontro ou santuário (1.14; 2.19-21), o cordeiro (1.29), a Lei (3.1-21), a passagem do mar (6.1), o monte (6.3), o maná (6.31), a passagem do Jordão (10.40), etc. Este tema também está intimamente relacionado com o tema do Messias (1.17), que, como outro Moisés, tinha que realizar o êxodo definitivo e, por isso também, com o tema da realeza de Jesus (1.49; 6.15; 12.13-19; 18.33-19.22). O "mundo", inimigo de Jesus e dos seus (15.18-16.4), de onde ele e o Pai tiram (15.19; 17.6), faz parte do tema do êxodo e adquire o sentido de terra de escravidão.
A Páscoa, oportunidade para relembrar o êxodo, faz parte das seis festas que enquadram a atividade de Jesus. Delas, a primeira, a terceira e a última são a própria festa da Páscoa (2.13; 6.4; 11.55; 12.1).
Destaca-se a insistência no número seis: sexto dia, sexta hora, seis dias antes da Páscoa, seis festas, seis talhas. Este número indica o incompleto, um preparatório, o período da atividade que visa a um resultado. O número sete aparece somente em uma ocasião, a sétima hora (4.52), e indica o fruto da obra completa: a vida que Jesus dá.

Relacionando os temas, podemos dizer que o desejo de Deus é terminar a criação do homem dando-lhe o princípio de vida que supera.



2)Por que o mistério pascal de Cristo é uma das chaves de releitura do Êxodo, no Evangelho de João?


Posso responder bem objetivamente que todo mistério de Jesus, sua vida e seu sofrimento, o plano de salvação do pai aceito pelo filho e executado por ele mesmo, está  nas “entrelinhas” do antigo testamento, no êxodo de Moisés, todo ele prefigurado lá no passado. Em João esse mistério grandioso e adorável é REVELADO pelo discípulo amado. Partindo dessa resposta  fiz pesquisas e acrescento abaixo para enriquecimento: 

O Evangelho de João é uma reinterpretação da Escritura com ênfase no Livro do Êxodo. A indicações mais claras das tradições do Êxodo em João são encontradas no prólogo de abertura (João 1,1-18). Naturalmente o prólogo é uma introdução ao Evangelho, porém uma introdução que já aparece como síntese de tudo aquilo que irá se discutir durante todo o escrito joanino.
Logo no inicio ecoam as palavras da Torá de Moisés, (“No princípio era o Verbo...” Gn 1,1). Estas palavras já definem claramente a sua sintonia com o ritmo de Moisés.
Lembramos aqui que, para os judeus do tempo de Jesus, a Torá era Moisés e Moisés era a Torá (cf. At 15,21: “Pois, desde os tempos antigos, Moisés tem em cada cidade os seus pregadores, que o leem nas sinagogas todos os sábados”. A personalidade e a entidade se tornaram sinônimos. Falar em Moisés é falar em Pentateuco, é falar em Torá.
Logo, fica claro que a identidade de Moisés no primeiro século estava intimamente ligada à Lei (Torá) dada no monte Sinai. Esse recurso começa no prólogo (“Porque a Lei foi dada por meio de Moisés”, 1,17) e se manifesta em todo o Evangelho.
A frase mais citada do prólogo ( “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós” 1,14), tem uma referência direta com Êxodo 29,43-46). Ela evoca claramente a linguagem do deserto no texto grego. Com o uso da palavra Gr skheno, em Hb. Shakhan de onde vem a palavra Shekhina (fixar a tenda, habitar ou viver numa tenda). Portanto, “habitou entre nós” evoca para seu público mais experiente, mais sábio a Tenda ou Tabernáculo do deserto. Assim, a memória da presença de YHWH localizada na parte interna do Tabernáculo iria evocar o mesmo sentimento na vida e na encarnação de Seu Filho, o Logos, a Palavra. O apocalipse confirma esta ideia quando diz: “Eis o tabernáculo de Deus com os homens” (Rev 21,3).

Entrando mais no mistério Pascal.

No quarto Evangelho, João Batista apresenta Jesus como “Cordeiro de Deus” (1,36). Mas afinal de contas, de que cordeiro se trata? Não há nenhuma sombra de dúvida que se refere ao cordeiro da Páscoa (Ex 12).
Claro, o Êxodo e a Páscoa foram considerados ao longo dos séculos antes de Cristo o padrão e o protótipo da Redenção Messiânica. De fato, é pressuposto do Novo Testamento como um todo, e por excelência nos Evangelhos, que a morte de Jesus é o ato redentor que inaugura o novo Êxodo escatológico da salvação.
E é talvez aqui, em João, onde essa expectativa chega à sua mais gloriosa consumação.
Lembretes da Páscoa permeiam o contexto (13,1; 18, 28.39; 19,14). A festa da Páscoa fornece aos leitores uma estrutura teológica com a qual interpretar a paixão de Jesus.
Na celebração da festa, o cordeiro pascal escolhido devia ser perfeito ou sem mácula. Para verificar este fato, as famílias tinham que manter o cordeiro com eles durante quatro dias, em seguida, matá-lo no crepúsculo (Ex 12,5-10). É dentro deste contexto que a declaração de Pilatos, em 19,6 é muito significativa: "Tomai-o vós e crucificai-o, porque eu não acho culpa Nele." Em outras palavras, como o cordeiro, sem defeito, ele é apto para ser sacrificado.
Lembramos que, de acordo com o Evangelista, Jesus foi crucificado no dia da preparação da Páscoa (19,31.42), que era o décimo quarto dia de Nisan de acordo com a cronologia de João (Ex 12,6). Isto aconteceu ao mesmo tempo que os israelitas fiéis estariam abatendo seus cordeiros para a celebração da Páscoa. O facto de os guardas não quebrarem as pernas de Jesus (19,33) estava diretamente relacionado com o prescrito tratamento do cordeiro pascal e é explicitamente confirmada em 19,36 (Ex 12,46 "É para ser comido em uma única casa; vocês não devem levar nenhuma parte da carne fora da casa, nem é para quebrar qualquer osso dele." Cf. Nm 9,12).
Sendo assim,o evangelho de João é uma releitura fundante do êxodo e que vai culminar no Mistério Pascal de Jesus. O Evangelista João em seu típico simbolismo integra diversos símbolos do êxodo em seus textos bíblicos. Faz paralelo com o êxodo de Moisés, situando graça e verdade trazida por Jesus(Jo 1,17). Em Ex 3,14 é atribuído a Deus o título de "Eu Sou", em João é o próprio Cristo que se identifica com o mesmo título, Jo 4,26. Os sinais que Javé realizou em favor do povo hebreu são retomados nos 7 sinais realizados por Cristo, esquematizando todo o E. de João. A Páscoa Judaica é interpretada na simbologia do Cordeiro Pascal(Jo 1,29); o Maná alimento para o povo do deserto é retomado em Jesus como o Pão da Vida(Jo 6,22-59); a Água da rocha que saciou a sede d povo hebreu, retomada em Jesus como Fonte de água viva(Jo 3,5;4,14); a Serpente de B. levantada por Moisés, em Jesus levantado na cruz e é salvação para os que creem(Jo 3,14-15); o domínio de Moisés sobre o mar vermelho é atualizado em Jesus que caminha sobre as águas(Jo 6,16-21). Citei aqui, apenas alguns elementos de ligação entre o Êxodo e o Evangelho de Joao. Todavia, em cada capitulo do seu Evangelho nós podemos encontrar elementos do Êxodo como pano de fundo para todo o relato.


Bibliografia:
-SILVA,Valmor da. Deus Ouve o Clamor de um Povo- Teologia do Êxodo. São Paulo Paulinas,2004.
-Texto em PDF: Introdução e Fundamentos do Êxodo por Ir. Romi Auth fsp.
-Para ler o Evangelho de João-Jakler Nichele Nunes.
- <http> :// prazerdapalavra.com.br/bíblias/panoramas
- Fonte: Jesus nos quatro evangelhos – José H. Prado Flores
-BORTOLINI, J. Como ler o Evangelho de São João. São Paulo: Paulus, 1997.
-BRUCE, F. F. João, introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1987.
-CARSON, D. A. O Comentário de João. São Paulo: Shedd, 2007.
-MATEOS, J; Barreto, J. O Evangelho de São João. São Paulo: Paulinas, 1987.
-MAZZAROLO, I. Nem aqui, nem em Jerusalém. O Evangelho de João. Rio de Janeiro: Mazzarolo Editor, 2001.
-STERN, D. H. Comentário Judaico do Novo Testamento. Belo Horizonte: Atos, 2008.

sábado, 18 de junho de 2016


16 DE JUNHO DE 2016

Tesouro de Exemplos - Parte 133

A METADE DE UM PÃO PARA 50 RELIGIOSAS


S. Clara, abadessa do convento de S. Damião, porfiava com S. Francisco na observância da pobreza, de tal modo que, as vezes, não havia nada para a refeição.
De uma feita, a hora do almoço, Irmã Cecilia, a ecônoma, corre triste a mostrar a abadessa o único pão que havia em casa. Um pão para 50 religiosas!...
— Minha filha, — disse-lhe S. Clara, — divida o pão em duas partes: uma metade mande aos nossos bons Irmãos esmoleiros, os quais com certeza estão necessitados como nós; a outra metade, vocé a divida em cinquenta fatias, que tantas são as Irmãs.
— Mas, Madre — replica a ecônoma — para dar de comer a 50 religiosas com a metade de um pão, seria mister que Deus renovasse para nós as maravilhas operadas outrora em favor da multidão faminta...
— E por que duvidar, minha filha? vá — diz-lhe a Santa com um sorriso angélico — vá e com espirito de fé faça tudo como lhe ordenei.
Depois, reunidas no refeitório todas as Irmas, pôs-se a rezar junto com elas; e eis que, durante a oração, as fatias de pão cresciam maravilhosamente nas mãos de Irma Cecilia que as distribuía.
Todas as Irmãs ficaram abundantemente servidas e não cessavam de dar graças a santa abadessa e mais ainda ao bom Deus, que renovara diante de seus olhos o prodígio da multiplicação dos pães.

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quarta-feira, 30 de março de 2016

O dia no qual cães encontraram “alguém” vivo dentro do Sacrário

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O site Norte Americano  www.americaneedsfatima.org revelou um fato impressionante ocorrido no ano de 1995 durante visita do Papa João Paulo II aos Estados Unidos.
A descrição foi feita pelo Padre Albert J. Byrne no artigo “Nature’s Evidence of the Real Presence” (“Uma evidência natural da Presença Real” – link acima).
Conta o Padre que o Papa decidiu fazer uma visita não programada ao Santíssimo Sacramento durante sua passagem pelo Seminário de Santa Maria, em Baltimore. No entanto, a Capela não havia sido inspecionada pelo aparato de segurança do Sumo Pontífice. Cães treinados para encontrar pessoas em escombros de catástrofes foram levados à Capela de modo a verificarem se havia alguém escondido e que pudesse causar algum problema ao Santo Padre.
O que aconteceu em seguida foi impressionante. Os cães pararam diante do Sacrário e ficaram imóveis, com olhar fixo, cheirando e se recusando a sair do local, conforme foram treinados a fazer diante de pessoas vivas cobertas por escombros. Para eles, não havia dúvida: alguém estava escondido no Sacrário.
Os cães só deixaram o local após receberem o comando específico de seus treinadores para tal fim.
Apostolado Catecismo da Igreja Católica

ELE VIVE, ELEVIVE, E PRESENTE AQUI ESTÁ!!!!!!!!!!!!!! JESUS CRISTO VIVE E É O SENHOR!!!!

sexta-feira, 18 de março de 2016


Santa Brígida: infiltração na Igreja atrai a ira de Deus.
Nossa Senhora obtém a restauração da Igreja Militante






Santa Brígida de Suécia

Santa Brígida (também “Brigita”) da Suécia (1303-1373) foi mãe de oito filhos. Após ficar viúva, tornou-se religiosa e fundou a Ordem do Santíssimo Salvador, mais conhecida como Ordem das Brigidinas.

Ela promoveu a reforma da Igreja que começava a dar sinais de decadência com o fim da Idade Média.

Foi também grande mística, favorecida com visões e revelações relativas à Igreja.

Na nossa época, atingida por males derivados daquela mesma decadência da Igreja, os escritos místicos da Santa atraem especialmente o interesse dos católicos perplexos pela crise religiosa e eclesiástica universal.

Santa Brígida é co-padroeira da Europa.

A seguir publicamos o capítulo 5 do primeiro de seus livros que onde Nosso Senhor lhe apresenta a natureza e a proveniência da crise da Igreja.

Nosso Senhor fustiga os perniciosos erros que com hipócrita manipulação da misericórdia justificam a prática constante do pecado.

Os inimigos infiltrados na Igreja em nome dessa hipocrisia perseguem e ferem ferozmente os bons.

Essa falsa pregação acompanhada de uma perseguição sorrateira ao bem, em verdade, atrai a cólera divina.

Mas Nossa Senhora obtém a verdadeira misericórdia para os bons e Deus decide reedificar a Igreja Militante, premiando aos bons e fazendo sentir o rigor de sua justiça para os maus e hipócritas impenitentes.

A concordância desta visão com os anúncios do Segredo de La Salette salta aos olhos e dispensa comentários.


Livro 1 - Capítulo 5

Visão de Santa Brígida em Nosso Senhor lhe apresenta uma nobre fortaleza que simboliza a Igreja Militante infiltrada pelos seus inimigos. Mas, lhe mostra que essa Igreja merecedora da punição da justiça será reconstruída em virtude das orações da gloriosa Virgem e dos Santos.


A cidadela da Igreja corrompida pelos inimigos



Santa Brígida de Suécia
Eu sou o Criador de todas as coisas. Sou o Rei da gloria e o Senhor dos anjos.

Construí para Mim uma nobre fortaleza e tenho colocado nela os meus eleitos.

Meus inimigos têm corrompido seus fundamentos e tem dominado meus amigos amarrando-os ao pelourinho a ponto de fazem sair a medula dos ossos de seus pés. Suas bocas são apedrejadas e são torturados pela fome e a sede.

Assim, os inimigos perseguem o seu Senhor. Meus amigos estão agora gemendo e suplicando ajuda; a justiça pede vingança, mas a misericórdia invoca o perdão.

A Corte celeste vota pela execução da terrível justiça divina

Então, Deus disse à Corte Celestial ali presente:

– “O que pensais dessas pessoas que têm assaltado minha fortaleza?”.

Eles, a uma voz responderam:

– “Senhor, toda a justiça está em Ti e em Ti vemos todas as coisas. A Ti foi dado todo juízo, Filho de Deus, que existes sem princípio nem fim, Tu és seu Juiz”.

E Ele disse:

– “Como todos sabeis e vedes em Mim, pelo bem da Minha Esposa, decidam qual é a sentença justa”.

Eles disseram:

– “Isto é justiça: Que aqueles que derrubaram os muros sejam castigados como ladrões; que aqueles que persistem no mal, sejam castigados como invasores, que os cativos sejam libertados e os famintos saciados”.


Nossa Senhora pede misericórdia
Então Maria, a Mãe de Deus que a princípio havia permanecido em silencio, disse:

– “Meu Senhor e Filho querido, tu estiveste em meu ventre como verdadeiro Deus e homem. Tu te dignaste a santificar-me a mim que era um vaso de argila. Eu te suplico, tem misericórdia deles uma vez mais!”

O Senhor respondeu a sua Mãe:

– “Bendita seja a palavra de tua boca! Como um suave perfume sobe até Deus. Tu és a glória e a Rainha dos anjos e de todos os santos, porque Deus foi consolado por ti e a todos os santos deleitas. E porque tua vontade tem sido a Minha desde o começo de tua juventude, uma vez mais cumprirei o teu desejo”.


Deus promete a restauração da Igreja Militante
Então Ele disse à Corte Celestial:

– “Porque haveis lutado valentemente, pelo bem da vossa caridade, terei piedade por ora.

“Vede, reedificarei meu muro pelos vossos rogos.

“Salvarei e curarei os oprimidos pela força e os honrarei cem vezes pelo abuso que sofreram.

“Se os que fazem violência pedem misericórdia, terão paz e misericórdia. Aqueles que a desprezam, sentirão Minha justiça”

quarta-feira, 9 de março de 2016

LEITURA II – 1 Tes 5,16-24
Leitura da Primeira Epístola do apóstolo São Paulo aos Tessalonicenses
Irmãos:
Vivei sempre alegres, orai sem cessar,
dai graças em todas as circunstâncias,
pois esta é a vontade de Deus a vosso respeito em Cristo Jesus.
Não apagueis o Espírito,
não desprezeis os dons proféticos;
mas avaliai tudo, conservando o que for bom.
Afastai-vos de toda a espécie de mal.
O Deus da paz vos santifique totalmente,
para que todo o vosso ser – espírito, alma e corpo –
se conserve irrepreensível
para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo.
É fiel Aquele que vos chama
e cumprirá as suas promessas.
AMBIENTE
Tessalónica era, no século I da nossa era, a cidade mais importante da Macedónia. Porto marítimo e cidade de intenso comércio, era uma encruzilhada religiosa, na qual os cultos locais coexistiam lado a lado com todo o tipo de propostas religiosas vindas de todo o Mediterrâneo.
A cidade foi evangelizada por Paulo durante a sua segunda viagem missionária, muito provavelmente no Inverno dos anos 49-50. Paulo chegou a Tessalónica acompanhado de Silvano e Timóteo, depois de ter sido forçado a deixar a cidade de Filipos. O tempo de evangelização foi curto – talvez uns três meses; mas foi o suficiente para fazer nascer uma comunidade cristã numerosa e entusiasta, constituída maioritariamente por pagãos convertidos. No entanto, a obra de Paulo foi brutalmente interrompida pela reacção da colónia judaica… Os judeus acusaram Paulo de agir contra os decretos do imperador e levaram alguns cristãos diante dos magistrados da cidade (cf. Act 17,5-9). Paulo teve de deixar a cidade à pressa, de noite, indo para Bereia e, depois, para Atenas (cf. Act 17,10-15).
Entretanto, Paulo tinha a consciência de que a formação doutrinal da comunidade cristã de Tessalónica ainda deixava muito a desejar. A jovem comunidade, fundada há pouco tempo e ainda insuficientemente catequizada, estava quase desarmada nesse contexto adverso de perseguição e de provação (cf. 1 Tes 3,1-10). Preocupado, Paulo enviou Timóteo a Tessalónica, a fim de saber notícias e encorajar os tessalonicenses na fé (cf. 1 Tes 3,2-5). Quando Timóteo voltou e apresentou o seu relatório, Paulo estava em Corinto. Confortado pelas informações dadas por Timóteo, o apóstolo decidiu escrever aos cristãos de Tessalónica, felicitando-os pela sua fidelidade ao Evangelho. Aproveitou também para esclarecer algumas dúvidas doutrinais que inquietavam os tessalonicenses e para corrigir alguns aspectos menos exemplares da vida da comunidade.
A Primeira Carta aos Tessalonicenses é, com toda a probabilidade, o primeiro escrito do Novo Testamento. Apareceu na Primavera-Verão do ano 50 ou 51.
O texto que hoje nos é proposto faz parte das exortações com que Paulo encerra a carta. Depois dos ensinamentos sobre a segunda vinda do Senhor (cf. 1 Tess 4,13-18) e de um convite veemente a esperar, vigilantes, esse momento final da história humana (cf. 1 Tess 5,1-11), Paulo apresenta alguns elementos concretos que os tessalonicenses devem ter sempre em conta e que devem marcar a existência cristã nesse tempo de espera (cf. 1 Tess 5,12-28).
MENSAGEM
Como é que os cristãos devem, então, viver esse tempo de espera do Senhor?
No texto que a segunda leitura deste domingo nos propõe, Paulo não apresenta grandes desenvolvimentos nem reflexões muito elaboradas… No entanto, o apóstolo apresenta sugestões muito úteis para a vida cristã e para a construção da comunidade.
Paulo começa por pedir aos tessalonicenses que vivam alegres e que pautem a sua vida por uma intensa oração, sobretudo a oração de acção de graças. O cristão é sempre uma pessoa livre e feliz, consciente da presença salvadora e libertadora de Deus ao seu lado, que contempla permanentemente esse horizonte último de vida eterna e de felicidade definitiva que Deus lhe reserva e que, por isso, agradece e louva ao seu Senhor.
Depois, o apóstolo pede também aos tessalonicenses que abram o coração ao Espírito e que não desprezem os seus dons. Esta referência pode significar que as experiências carismáticas começavam a criar problemas na comunidade… Provavelmente, nem toda a gente entendia e estava aberta às interpelações que o Espírito fazia através de alguns membros da comunidade… O novo, o espontâneo, o criativo, chocavam com o rotineiro, o estabelecido, o pré-fixado. Paulo recomenda aos cristãos de Tessalónica que saibam tudo analisar com cuidado e discernimento, sem preconceitos, de coração aberto à novidade de Deus, guardando “o que é bom” e afastando-se de “toda a espécie de mal”.
Uma comunidade construída de acordo com estes princípios – que vive a sua existência histórica com alegria e serenidade, que louva o seu Senhor e que está permanentemente atenta para discernir e aceitar os dons do Espírito – é uma comunidade “santa” e irrepreensível, preparada para acolher, em qualquer momento, o Senhor que vem.
ACTUALIZAÇÃO
Considerar, na reflexão, os seguintes desenvolvimentos:
• A existência cristã é uma caminhada ao encontro do Senhor que vem. Na sua peregrinação pela história, mergulhados na alegria e na tristeza, no sofrimento e na esperança, os crentes não podem perder de vista essa meta final que dá sentido a toda a caminhada. O caminho cristão deve ser percorrido na atenção e na vigilância, procurando viver com coerência os compromissos assumidos no dia do Baptismo e na fidelidade às propostas de Deus.
• De acordo com a Palavra de Deus que nos é proposta, esse caminho deve ser percorrido na alegria… O cristão é alegre, porque sabe para onde caminha e está certo de que no final da caminhada encontra os braços amorosos de Deus que o acolhem e o conduzem para a felicidade plena, para a vida definitiva. Nem os sofrimentos, nem as dificuldades, nem as incompreensões, nem as perseguições podem eliminar essa alegria serena de quem confia no encontro com o Senhor. É essa alegria serena e essa paz que marcam a nossa existência e que brilham nos nossos olhos, ou somos seres derrotados, desiludidos, que se arrastam pela vida mergulhados no desespero e na solidão, sem rumo e ao sabor da corrente e das marés?
• De acordo com a Palavra de Deus que nos é proposta, esse caminho deve ser percorrido também num diálogo nunca acabado com Deus. O crente é alguém que “ora sem cessar” e “dá graças em todas as circunstâncias” pelos dons de Deus, pela sua presença amorosa, pela salvação que Deus não cessa de oferecer em cada passo da caminhada. Sabemos encontrar espaços para o diálogo com Deus? Sabemos sentir-nos gratos por esses dons que, a cada instante, Deus nos oferece?
• De acordo com a Palavra de Deus que nos é proposta, esse caminho deve ser percorrido, ainda, numa atitude de permanente atenção aos dons e aos desafios do Espírito. Sabemos estar atentos às propostas de Deus, ou deixamo-nos prender num esquema de instalação, de rotina, de preconceitos que não nos deixam acolher e responder aos desafios e à novidade de Deus?

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

O FAZER TEOLÓGICO (OSWALDO JACOB)



A teologia tem a ver com Deus, o homem, o outro e a natureza que o Senhor Soberano criou de forma tão bela. Deus é o centro da teologia. O homem é o alvo do amor de Deus em Cristo e, por isso, é um elemento indispensável no fazer teológico. Quando falamos do homem nos referimos a ele mesmo – suas lutas internas e externas (suas crises), e suas relações. A teologia está voltada para o relacionamento entre o Deus e o homem; o homem e Deus; o homem e seu próximo; Deus e a natureza; o homem e a natureza. Ela tem a ver com a dinâmica da vida. Toda a Revelação escrita de Deus está voltada para estas relações dinâmicas e muito ricas. A questão ambiental, por exemplo, passa pela compreensão da teologia, pois tem a ver com Deus, o Criador; o homem, seu administrador, ecônomo. Então, fazer teologia significa compreender a dinâmica da vida no homem e todas as suas implicações, sejam espirituais, emocionais, racionais, éticas e físicas. Compreender os atributos (qualidades) de Deus e a complexidade do homem e a sua relação com Cristo, o Filho, é o foco do fazer teológico. Temos então a teologia que compreende uma relação profunda da cristologia ( ‘e o Verbo se fez carne e habitou entre nós’ – João 1.14) com a antropologia. Não se pode compreender a antropologia (o estudo do homem) se não tivermos uma perspectiva teológica, a partir do Senhor dentro do espectro das Escrituras.
O texto de Isaias 6.1-8 – o seu chamado profético, na verdade, é uma síntese teológica. Porque no texto percebemos claramente que o profeta messiânico teve uma percepção madura de Deus; a percepção de si mesmo como alguém desqualificado para a missão, mas que recebeu a qualificação de Deus; a necessidade do mundo à sua volta; os desafios de Deus e a sua prontidão em atender o chamado ou a vocação. A teologia tem interesse em estudar (sabemos que com limitações) Deus e tudo o que provém dEle. Toda a Bíblia tem a sua teologia. Gênesis (início), patriarcado, nação escolhida (Israel), êxodo, lei, conquista, história, poesia, promessas, genealogia, profecia, evangelho, igreja, missões e escatologia, fazem parte do conteúdo teológico. Deus tem todo interesse que o homem o conheça não apenas intelectualmente, mas, principalmente, na experiência da fé. A fé é o meio eficaz e dinâmico de comunicação com Deus. Sem fé é impossível agradarmos a Deus (Hb 11.6). A fé é um dom que Deus nos deu para crermos no Seu Filho Jesus Cristo para a salvação (Ef 2.8-10) e, a partir deste fato, todas as demais coisas serão vistas à luz da vontade de Deus. 
A teologia surge da Palavra que é a base do nosso relacionamento com Deus Pai, na mediação de Jesus Cristo e com chancela do Espírito Santo. A Triunidade de Deus é essencial para compreendermos o cerne da teologia. O Pai cria o homem, o Filho salva e o Espírito Santo imprime o selo da paternidade de Deus. O campo teológico é muito rico dos relacionamentos vertical e horizontal. Aliás, compreende todas as dimensões da vida do cristão. A teologia tem a ver com a vida simples e a vida complexa. Nela há uma profunda consciência de Deus e toda a Sua magnífica obra. Ela discorre sobre um Deus Soberano, Auto-existente, Auto-suficiente, Onipotente, Onipresente e Onisciente. Estes são alguns dos atributos incomunicáveis de Deus. Há também os atributos comunicáveis: Amor, Justiça, Misericórdia, Bondade, Fidelidade. Isto quer dizer que podemos viver estas qualidades em nossa vida sempre olhando para as necessidades do próximo. Vivamos na comunidade rica ou pobre buscando ajudar as pessoas nas suas múltiplas carências. Como Jesus andou por toda a parte fazendo o bem (At 10.38), esta realidade é fundamental para a nossa teologia. Ela revela este magnífico amor de Deus que age sempre para levantar o homem caído, morto nos seus delitos e pecados. Ela tem interesse no campo do serviço amoroso e abnegado, ao mesmo tempo que é matéria-prima para uma teologia de motivação para que outros sirvam à semelhança do Mestre (Mt 20.28). 
Na investigação teológica descobrimos quem realmente somos e como podemos ser em Cristo Jesus em relação ao outro e a natureza tão fantástica que o Pai criou para a Sua glória e o nosso aprazimento. À medida que vivemos os princípios de Deus desenvolve-se em nós um espírito teológico, ou seja, uma capacidade para lermos os fatos, interpretá-los e crescermos na graça e no conhecimento do Senhor. Que o nosso fazer teológico seja centrado em Cristo, o Senhor. Que na comunidade dos salvos (a Igreja) aprendamos a fazer teologia de forma prática, vivencial. Como teólogos, sejamos humilhados, quebrantados, e ministrados pelo Deus que age poderosa e amorosamente na História. Vejamos, com os olhos físicos e da fé, os Seus feitos neste tempo de tanta dispersão e apego às coisas desta terra. Concentremos no caráter de Deus. Sejamos santos como Ele é Santo (Lv 19.2). Vivamos em profunda comunhão com o Pai até que Cristo, o Filho, volte.
www.oswaldojacob.com

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Teologia da Libertação? Eu te explico.

113Alguns de meus amigos, e leitores dos blogs para qual escrevo, me pediram um artigo explicando o porque a TL (Teologia da Libertação) não é aceita pela Igreja, e quais os seu males, eu confesso que demorei para “soltar” este artigo, não por falta de provas, na verdade, não precisa de muito para constatar seus erros, mas demorei pois, tive algumas palestras, e hangouts para realizar. Mas vamos parar de justificativas, e vamos logo para o tema, para melhor compreensão dividirei o artigo em pequenos capítulos.
  1. O comunismo
Temos que entender uma coisa básica para termos uma introdução ao tema – a teologia da libertação está assentada toda no marxismo – ou seja, ela é toda comunista, suas concepções sobre o mundo e a fé, são vistas pelos óculos de Marx, sendo assim, seus discursos estão cheios de piedades sociais, e desigualdades gritantes, sua bandeira, ou melhor estandarte é o pobre; bom, mas vocês devem estar se questionando: “qual mal há nisso?”, na verdade nenhum enquanto os discursos estão voltado a desigualdade em si, mas existe um grande problema, que esta no centro irrigador de toda ideologia comunista; todo comunismo em seu fim, é materialista, ateu e desigual (apesar de seu discurso pregar a igualdade), e traz consigo interesses políticos e econômicos que em nada ajudará os pobres, e no fim acarretará em mais fome e miséria do que nos ditos países capitalistas, vejam como exemplo: Cuba, Coreia do Norte, Venezuela, China, a extinta URSS, e outros países mais, e como o Papa Francisco bem lembrou: “Os comunistas nos roubaram a bandeira. A bandeira dos pobres é cristã…” (Uol).
55O pobre no discurso da teologia da libertação é a desculpa ou a sempre dita: “massa de manobra”, para quem fica na superficialidade do primeiro discurso, abrace suas causas, sem conhecer seus conteúdos e consequências nefastas, no fundo todo o discurso comunista é cheio de falácias e utopias que todos, inclusive eles próprios sabem que nunca acontecerão, não é atoa que um dos maiores economistas do mundo Ludwig von Mises afirmou que o comunismo é impraticável, e não apenas economicamente, mas ideologicamente também. Atrás de todo discurso lotado de moralismo e piedade, está o desejo de um Estado totalitário e ditatorial, a permanência de uma ideologia, e o esvaziamento da democracia, elevando não os pobres a uma dignidade real, mas os mantendo ou piorando sua situação, tirando de todos a liberdade, e proporcionando caviar para a elite comunista feito do suor dos mesmos pobres que eles juraram libertar. Então, a Teologia da libertação esta toda montada e estruturada sobre o marxismo e suas ideologias.
Todo agir político de Marx está ligado a dois pontos chaves – a revolução – que seria a tomada do poder pela classe pobre (ideologia) e a luta de classe que seria o meio para consegui-la (práxis), porém obviamente o meio para conseguir é o meio da violência, ou golpe estatal, ambos ilícitos. A guerra programada por Karl Marx aconteceu em vários países, como China de Mao Tse, ou em Cuba com Fidel Castro (o “membro” de ouro do PT), Hugo Chaves na Venezuela e agora por seu seguidor Nicolas Maduro, Hitler na Alemanha, Lenin na Rússia, enfim, todos estes implantaram o sistema comunista a força ou a golpes estatais, sabe qual o resultado? Mais de 100 milhões de mortos (Courtois, 1999), esta conta é do ano 2000 imagina agora, afinal a matança não acabou. É nessa ideologia fadonha e assassina onde está apoiada a teologia da libertação.
“Seria ilusório e perigoso chegar ao ponto de esquecer o vínculo estreito que os liga radicalmente (comunismo e socialismo), aceitar os elementos da análise marxista sem reconhecer suas relações com a ideologia, entrar na prática da luta de classes e de suas interpretação marxista sem tentar perceber o tipo de sociedade totalitária a qual este processo conduz.” (Paulo VI, 1971, p. 424-425)
  1. A fé para os teólogos da libertação.
A primeira e grande mudança da teologia da libertação, está na interpretação da bíblia,  onde a bíblia esta sendo lida única e exclusivamente no âmbito social, toda interpretação que se dá a ela, é sobre o campo politico de ação, não se fala mais em pecado, em Verdades definitivas, entre bem e mal, ou coisas que não se referem ao contexto politico-social, já se sabem até de leituras partidárias.
115A primeira grande mudança feita pela teologia da libertação, é o esvaziamento da teologia para uma sociologia, a teologia é vista agora pelos olhos de Karl Marx que ironicamente era ateu, então a partir desta ótica, já não é possível falarmos em dogmas, bem e mal, ética, moral, pecado, ou qualquer ação espiritual, já que Karl Marx idealizou que o homem e seu agir está sujeito a sua condição social, levando-nos a ler o Cardeal Ratzinger dizer: “Para estes (Teólogos  liberais), o evangelho se reduz a um evangelho puramente terrestre.” (RATZINGER, 1984, p. 25) Ou seja, já não cabe discursarmos sobre virtude, dons, ou graças, pois isso está sujeito a hermenêutica socialista, ateia. Jesus é apenas um “líder” sindical, libertador de classes, ou um corista de palanques; através da teologia da libertação que há a separação herética entre Jesus histórico e Jesus religioso, pregando quase que um dualismo em Jesus, como se houvesse tido um Jesus dos discursos bíblicos, e outro da visão marxista,
A eucaristia, é retirada de todo seu plano espiritual e é colocada apenas no imanente, a santa missa então não é mais o sacrifício do cordeiro, não é mais ceia sacrificial do Senhor, ela é apenas um encontro sindical, ou de jovens revolucionários (PJ) para celebração de suas lutas sociais, o maior sacramento da Igreja Católica se torna apenas um jantar de comunistas com bandeiras do Che guevara, ao som de Negro nagô, e outras coisas horripilantes que a imaginação comunista lhes proporcionam.
“A eucaristia não é mais entendida na sua verdade de presença sacramental do sacrifício reconciliador e como dom do Corpo e do Sangue de Cristo. Torna-se celebração do povo na sua luta, por conseguinte, a unidade a reconciliação a comunhão no amor não mais são concebidas como um dom que recebemos de Cristo.” (RATZINGER, 1984, p. 45)
  1. Perigos da TL.
No final de tudo a teologia da libertação nada mais é do que um parasita do marxismo tentando adequar uma ideologia ateia e contrária a qualquer tipo de cristianismo, a uma fé ortodoxa de mais de dois mil anos. A teologia da libertação se tornou perversa, talvez não pela vontade dos seus seguidores mais ignorantes, mas por parte de seus idealizadores, os lugares onde ela prosperou, por exemplo nos países latino-americano, principalmente no Brasil através de seus teorizadores, Leonardo Boff, Frei Beto, J. B Libanio; percebeu-se grande perca de fiéis, e grande número de adeptos do marxismo dentro da Igreja, Roma, passou a ser desprezada, suas premissas, desde vestes, liturgias, tornaram-se alvos de agrados da “cultura” que assim foi dito para não utilizar o termo “marxismo”, hoje temos uma divisão clara dentro da Igreja brasileira, uns fiéis que ficaram com Roma, e outros que ficaram com marx e companhia LTDA.
114Hoje vemos, que sua identidade indispensável de ditadura, se instaura aqui, se temos opiniões contrárias somos rechaçados, expulsos de nossas igrejas, ou pastorais, se falarmos, somos perseguidos, e não é chorar lagrimas falsas não, eu já fui, conheço outros tantos que já foram, chegará enfim o dia que seremos confrontados se escolhemos ser fiel a Igreja de nosso Senhor Jesus e perder nossa liberdade, ser perseguidos, ou nos moldar ao ditames desta teologia, que hoje encontra respaldo do governo também comunista.
Mas seu maior perigo está em eliminar do contesto católico, as verdade essenciais da fé, já não se fala mais em ética, bem ou mal, certo ou errado, catecismo virou palavrão de ultima escala, quando são permitidas, já são utilizadas para doutrinação comunista. Quando se perde o parâmetro da realidade final (salvação) então não há motivos para sermos virtuosos, bondoso ou caridosos, a não ser como forma social, já se torna bobeira orar, jejuar, coisas essenciais da vida espiritual, através dessa ideologia ateia, em seu fim ultimo a Igreja, fé, e bíblia são meios instrumentais para alcançar fins políticos, e não salvíficos. Já não se fala mais em salvação, as homilias são verdadeiros comícios eleitorais, qualquer aconselhamento que fuja do plano social se torna moralismo.
E no fim, temos uma sociologia, transvestida de teologia, pregando política marxista dentro dos templos católicos, temos uma fé oca, sem conteúdo, a salvação virou piada, a liturgia virou churrasco de encontro sindical, e Roma virou “adversária”.
E estes não percebem, que não haverá uma verdadeira mudança no âmbito social, sem que haja uma conversão sincera, uma libertação de vícios. Toda libertação parte da primária libertação, a do do pecado, onde houver pecado, mesmo que haja boas ações sociais no fim reinará a discórdia e a injustiça, e engraçado é que o mesmo resultado causado pelo pecado, que é a perda da liberdade, é o mesmo resultado causado pelo comunismo.
116O Papa bento XVI quando ainda era Cardeal Ratzinger nos disse qual era a forma de ação dos comunistas e consequentemente o perigo gritante de aceitarmos tal teologia: “A derrubada, por meio da violência revolucionária (do comunismo), de estruturas geradoras de injustiças, não é, pois, ipso facto o começo da instauração de um regime justo. Um fato marcante de nossa época deve ocupar a reflexão de todos aqueles que desejam sinceramente a verdadeira libertação dos seus irmãos. Milhões de nossos contemporâneos aspiram legitimamente a reencontrar as liberdades fundamentais de que estão privados por regimes totalitários e ateu, que tomaram o poder por caminhos revolucionários e violentos, exatamente em nome da libertação do povo. Não se pode desconhecer esta vergonha de nosso tempo: pretendendo proporciona-lhes liberdade de escravidão indignas do homem. Aqueles que, talvez por inconsciência, se tornam cúmplices de semelhantes escravidões, traem os pobres que eles quereriam servir.” (RATZINGER, 1984, p. 49)
Conclusão:
Não me alongarei mais, pois quero que vocês mesmo de suas conclusões, faça seus estudos,  e constatações pessoais. Deixarei uma única pergunta a vocês: “Tenho eu buscado a aprovação dos homens ou a de Deus? Acaso procuro agradar aos homens?” (Gálatas 1, 10)
Autor: Pedro Henrique Alves
Bibliografia:
COURTOIS, Stéphane et al. O livro negro do comunismo, Bertrand Brasil, 1999.
Paulo VI, Octogesima adveniens, nº 34: AAS 63, 1971, pp. 424-425
RATZINGER, Joseph, Instrução sobre alguns aspectos da “Teologia da Libertação”, edições paulinas, 1984.

sábado, 30 de janeiro de 2016

As Excelências da Mortificação - Parte II





Por Santo Afonso Maria de Ligório

Da mortificação externa

§ II. Efeitos salutares da mortificação externa


A mortificação externa é de suma utilidade para o espírito:
1. Antes de tudo, ela nos desprende dos prazeres sensuais, que ferem e, até, muitas vezes, matam a alma. “As chagas do amor divino impedem que as chagas da carne nos atormentem”, diz Orígenes.


2. Pela mortificação expiamos os castigos temporais devidos a nossos pecados. Se depois de uma dolorosa confissão nos é tirada a culpa do pecado, não deixamos por isso de ficar sujeitos aos castigos temporais. Se não os expiarmos durante a vida presente, teremos de recuperar o que perdemos no Purgatório. Mas aí os castigos são imensamente maiores. “Os que não fizeram penitência por seus pecados se verão em grandíssima tribulação” (Apoc 2, 22).


Santo Antônio narra que o Anjo da Guarda deu a escolher a um doente entre o ficar três dias no Purgatório e o suportar ainda dois anos a sua doença. O doente escolheu os três dias de Purgatório; apenas, porém, se escoara uma hora, e já se queixava ao Anjo que, em vez de deixá-lo por alguns dias nessas penas, já as suportava durante tantos anos. Então respondeu-lhe o Anjo: Que dizes? Teu corpo se acha ainda quente em teu leito mortuário e já falas de anos?


Se, pois, tiveres de padecer alguma coisa, alma cristã, dize a ti mesma: Isso me deve servir de Purgatório. A alma, e não o corpo, deve sair vencedora!


3. A mortificação eleva a alma até Deus.
Segundo São Francisco de Sales, nunca a alma poderá chegar até Deus sem a mortificação e sujeição da carne. Sobre esse ponto Santa Teresa d’Ávila (Fund., c. 5) nos deixou várias e belas sentenças: “É um grande engano crer que Deus admite a Seu trato familiar homens efeminados”. “Vida voluptuosa e oração não se harmonizam”. “Almas que verdadeiramente amam a Deus, não aspiram a descanso corporal”.


4. Pela mortificação alcançamos uma grande glória no Céu.
“Se os combatentes se privam de todas as coisas que minoram suas forças, diz o Apóstolo (I Cor 9, 25), e que poderiam impedi-los de alcançar uma coroa corruptível, quanto mais nos devemos nós mortificar para conseguirmos uma coroa inapreciável e eterna”. São João viu todos os Bem-Aventurados com “palmas nas mãos” (Apoc 7, 9). [E a palma é o símbolo tradicional do martírio.] Daí devemos concluir que todos nós, para nos salvar, devemos ser mártires, quer o sejamos pela espada dos tiranos ou pela mortificação.


Devemos, entretanto, considerar que “as penalidades da presente vida, não têm proporção alguma com a glória vindoura que se manifestará em nós”. O que aqui é para nós humana tribulação, momentânea e ligeira, produz em nós, de um modo maravilhoso no mais alto grau, um peso eterno de glória (2 Cor 4, 17).


Avivemos, portanto, nossa fé! Curta é a nossa peregrinação aqui na terra: nossa morada vindoura é além, onde aquele que na vida mais se mortificou receberá uma glória e alegria maior. São Pedro (I Ped 2, 5) diz que os Bem-Aventurados são as pedras vivas com as quais é edificada a Jerusalém Celeste. Mas, como canta a Igreja (In dedic. eccl.), essas pedras devem primeiramente ser trabalhadas com o cinzel da mortificação. Tenhamos sempre em vista esse pensamento e se nos tornará fácil todo o esforço e trabalho.


Se alguém soubesse que ele receberia todos os terrenos que ele percorresse num dia, quão fácil e agradável não lhe pareceria o trabalho dessa caminhada!


Conta-se que um monge planejava trocar sua cela com uma outra que se achava mais próxima da fonte d’água. Ao ir, porém, um dia, buscar água, ouviu que atrás de si contavam seus passos; virando-se para trás, viu um jovem que lhe disse: Sou um Anjo e conto teus passos, para que nenhum fique sem recompensa. Ouvindo isso, não pensou mais o monge em mudar de cela, pelo contrário, teria desejado até que estivesse ainda mais longe, para que pudesse adquirir mais merecimentos.


5. E não são só os bens da vida futura que os cristãos mortificados têm a esperar; eles já possuem nesta vida um bem sumamente precioso na paz e na felicidade que desfrutam na terra. Ou poderá talvez existir uma coisa mais agradável para uma alma que ama a Deus do que o pensamento de que com sua mortificação faz coisa agradável a Deus? Tais almas experimentam na privação de prazeres sensuais e até em seus padecimentos uma grande alegria, não sensual, mas espiritual.


O amor não pode ficar ocioso: quem ama a Deus não pode viver sem lhe dar contínuas provas de seu amor. Ora, não pode uma alma testemunhar melhor o seu amor para com Deus do que renunciando por Ele às alegrias deste mundo e sacrificando-Lhe seus sofrimentos.


Uma alma que ama a Jesus Cristo nem sequer sente quando se mortifica. “Se se ama não se sente nenhuma pena”, diz Santo Agostinho (In Jo trat. 48). Quem poderá, de fato, ver seu Redentor coberto de chagas, afligido e perseguido, sem abraçar, a Seu exemplo, os sofrimentos, e até desejá-los? pergunta Santa Teresa (Vida, c. 8). Por isso protestava São Paulo que não aspirava a outra glória e outra alegria que à da Cruz de Jesus Cristo: “Longe de mim o gloriar-me a não ser da Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo” (Gál 6, 14). Segundo o mesmo Apóstolo, a diferença que existe entre os que amam a Jesus Cristo e os que não O amam, é que estes lisonjeiam a carne, enquanto aqueles cuidam em mortificá-la e crucificá-la (Gál 5, 24).



6. Pensemos, finalmente, alma cristã, que nossa morte se aproxima depressa, e que muito pouco é o que fizemos para o Céu. Procuremos, portanto, no futuro, mortificar-nos tanto quanto possível; não deixemos passar ocasião alguma de mortificação, conforme o conselho do Espírito Santo: “Não deixes passar uma partezinha do bem que te é concedido” (Ecli 14, 14). Consideremos que cada ocasião de mortificação é um presente de Deus, pelo qual podemos adquirir grandes merecimentos para a vida eterna; ponderemos que não nos será possível amanhã o que hoje podemos, visto que o tempo passado não volta mais.

Grupo São Tomás de aquino

domingo, 24 de janeiro de 2016

11 h · 



TEMPO PARA VIVER

“27 de Setembro de 1958

É uma tarde esplêndida: e eu, o que vou fazer? Vou trabalhar com a cabeça e a caneta, enquanto o céu está claro e as nuvens brancas e fofas nele se definem pequena e acentuadamente. Não vou me enterrar em livros, tomando notas. Não vou me perder por essa selva e sair de lá embriagado e confuso, achando que a confusão é um sinal de que eu fiz alguma coisa. Não vou escrever como alguém impelido por compulsões, mas sim livremente, porque sou um escritor, porque para mim escrever é pensar e viver e também, em certa medida, até rezar.


Este tempo me é dado por Deus para que eu possa viver nele. Não dado para fazer-se alguma coisa DELE, mas dado a mim para ser conservado como meu nos longes da eternidade.

Para esta tarde ser minha na eternidade, deve ser minha nesta tarde, e nela eu devo possuir-me, não ser possuído por livros, por ideias que não tive, por uma compulsão de produzir o que ninguém precisa. Mas simplesmente glorificar Deus ao aceitar Suas dádivas e Seu trabalho. Trabalhar para Ele é trabalhar para que eu mesmo possa viver.

De que outro modo hei de estudar Boris Pasternak, cuja ideia central é a sacralidade da vida?”

Thomas Merton, "Merton na Intimidade - Sua Vida em Seus Diários", Fisus 2001, pág. 147

Rubem Alves

"Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. 
Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltavam poucas, rói o caroço. 
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. 
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. 
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte. 
Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. 
Já não tenho tempo para conversas intermináveis para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha. 
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas que, apesar da idade cronológica, são imaturas. 
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral ou semelhante bobagem, seja ela qual for.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa... 
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado de deus. 
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo. O essencial faz a vida valer a pena. Basta o essencial!" Rubem Alves