sexta-feira, 29 de maio de 2015

Profeta Miquéias


RESUMO:  Miquéias é um profeta de origem judaica. Viveu no Reino de Judá e, nesse ambiente, sentiu o chamado de Deus para denunciar as injustiças que os reis cometiam em favor de uma escravidão para com o povo. Miquéias denuncia, sobretudo, a idolatria e a imoralidade. Viveu no interior, teve uma vida simples e experienciou o que é ser maltratado pelos ricos. Mesmo sabendo das condições corruptas de justiça, ele só ergueu sua voz quando essa atingia o povo. Por isso, é chamado  profeta de uma Nova Esperança. Um Reino aparentemente destruído, Deus, através do profeta, anuncia um tempo novo que irá chegar.

PALAVRAS-CHAVE: Miquéias - profeta - profetismo - chamado - denúncia - pecado - Povo de Deus - esperança.                                                         
                                                                      O PROFETA DA ESPERANÇA                            
                                                                                                                                             
De origem Judaica, Miquéias nasceu em Morasti-Gat, aldeia de Judá, 35 km ao sul  de Jerusalém. Seu nome significa "quem como Deus", viveu no interior e foi profeta do povo simples e da zona rural. O profeta denuncia o pecado [idolatria,imoralidade]. Experimentou as injustiças praticadas pelos ricos e, apesar de conhecer as condições políticas da nação, ele só levantou sua voz quando algo feria a situação moral e religiosa do povo. Pouco se sabe sobre a vida do Profeta  Miquéias, nem como ele foi chamado por Deus. Mas tinha viva consciência de sua vocação profética.
Profetizou no  período entre 750 e 686 a.C., aproximadamente, durante os reinados de Jotão,  Acaz e de Ezequias, reis de Judá (1.1; Jr 26.18).  Pano de fundo da atuação de Miquéias é a queda de Samaria em 722 a. C. e o terror proporcionado pelo inescrupuloso poderio assírio e isso determinou  as suas palavras. De certa forma, anteviu, em visão, a catástrofe de Samaria (722) e de Jerusalém (701) (cf. 1.6; 3.12). Todo esse período, também coincide com a crise do reinado em Israel. Em virtude disso, é época de decadência como povo de Deus. A profunda crise é consequência da quebra do pacto com Iahweh; e quando os  reis quebravam o pacto, todo o povo entrava em crise de vida e de valores. Esta infidelidade para com Deus se manifestava em todos os níveis de relacionamento e de vida do povo. A injustiça e a corrupção andavam de mãos dadas, enraizadas no seu povo, e Miquéias, sentindo-se enviado pelo seu Deus, luta essencialmente pela justiça.
No livro, o profeta traz em sua mensagem uma mistura de julgamento e de esperança: há o anúncio sobre Israel pelos males da sociedade, envolvendo a corrupção e idolatria, mas há também uma proclamação à transformação e exaltação de Israel e Jerusalém, bem como da restauração da nação: "Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e ande humildemente com o teu Deus." [Mq 6,8].
Miquéias denuncia dois grupos tradicionais e constitutivos do povo de Israel: a) ataca os "seus colegas", os outros profetas - eles não visam a justiça, somente seus próprios interesses e vantagens pessoais [3,5]. Os sacerdotes e profetas, [cf. 3,9-11] aceitam bons pagamentos e se tornam cúmplices dos interesses dos poderosos; b) os chamados "cabeças" e líderes do povo - investem contra os funcionários públicos de Jerusalém,[cf. 3,1.9]. Preocupam-se tão somente em aumentar os seus bens, ter vida fácil e alegrar-se às custas do povo. Ajeitam a justiça para si e comem a carne do povo. Os ricos, por causa da sua ganância, tiram os campos dos pobres [2,1-5] e roubam conscientemente, traindo seus irmãos.]
Miquéias e Amós são contemporâneos, há muita proximidade e suas mensagens convergem. Ambos são defensores incontestes dos pobres e lavradores. São opositores das cidades e de suas instituições de opressão contra o povo da roça. Ambos denunciavam contra as injustiças sociais, políticas e religiosas, defendendo a ética moral e religiosa estabelecida por Javé. Miquéias sabe que a história de Deus com o seu povo é, acima de tudo, história de amor. O próprio juízo também é manifestação do amor de Deus, do desejo de salvação para o povo. Deus destrói toda a falsa segurança do seu povo [5,9-14], com o objetivo de reconduzi-los  à irrestrita confiança nele próprio, em Deus, e no seu agir.
Miquéias, além de si, leva o homem a desinstalar-se e incomodar-se; sua dinâmica deve perpassar toda a história de vida do povo de Deus, em fatos concretos, interagindo  com o  profetismo, tão urgente nos dias de hoje, traduzindo sua mensagem em: "Caminhos de esperança".  

ESCRITO POR: Maria do Carmo; Maria do Socorro; Marisete Barbosa; Lucimar Toledo; Ir. Regina Guimaraes; Dione Afonso; Simone Ribeiro. 

Referências Bibliográficas:

- https://www.bibliaonline.com.br- Acesso em 23/05/15
- http://www.gotquestions.org/Portugues/Livro-de-Miqueias.html -acesso em 23/05/15
- http://www.teologiaclub.com/site/index.php?pagina=texto&id=165-acesso em 19/05/15
- http://biblia.gospelmais.com.br/miqueias_6:8/
- http://www.gotquestions.org/Portugues/Livro-de-Amos.html- Acesso em 24/05/15
- SCHULTZ, Samuel J. A história de Israel no Antigo Testamento Ed. Vida Nova SP 1. Edição
- CHAMPLIM, Russel Normam. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia . Ed. Candeia 3. Edição 1995 São Paulo
- RAMPIM, José Domingos . Apostila Profetas Exílicos e Pós Exílicos
- Bíblia de Jerusálem. São Paulo: Paulus,2003.
- Paulo,Julio zabateiro Tavares. Miquéias:VOZ DOS SEM -TERRA.comentário bíblico AT. São Paulo,Editora vozes,1996.
- MCKENZIE.J.DICIONÀRIO BÌBLICO.São Paulo:Paulinas,1990.
- L.SICRE,José. A JUSTIÇA SOCIAL DOS PROFETAS.São Paulo :Edições Paulinas,1990.
- WARTH, W. Meditação sobre Miquéias 5 l-4a 5b. In: Calwer Predigthilfen. Vol. 2. Stuttgart, 1963.
- WOLFF, H. W. Mit Micha reden. München, 1978. 

Trabalho realizado em 29-05-2015 pelo  EAD-Sab/Paulinas

sábado, 16 de maio de 2015


domingo, 10 de maio de 2015

At 10,25-26.34-35.44-48
Sl 97
1Jo 4,7-10
Jo 15,9-17


Para bem compreender esta Palavra de Deus que nos é dada neste Domingo VI da Páscoa, é necessário recordar o Evangelho do Domingo passado.


Encontramo-nos ainda no capítulo 15 de São João: aí Jesus revelou-Se como a Videira verdadeira, cujo agricultor é o Pai e cujos ramos somos nós.


Eis, caríssimos: estamos enxertados no Cristo morto e ressuscitados; somos ramos Seus, vivendo da Sua seiva que é o Espírito Santo, “Senhor que dá a Vida”, Espírito de amor derramado em nossos corações. Porque temos o Espírito do Cristo, vivemos do Cristo e, no Espírito, o próprio Cristo Jesus habita em nós e nos vivifica. Recordando essas coisas, podemos compreender o que o Senhor nos fala neste hoje. Vejamos, então!


“Como o Pai Me amou, assim também Eu vos amei. Permanecei no Meu amor”.


De que amor o Senhor nos fala aqui? De um sentimento, de um afeto, de uma simpatia, de uma amizade? Não!


De que amor? Escutemos São Paulo: “O amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito que nos foi dado” (Rm 5,5). O amor de que fala Jesus é o amor-caridade, o amor de Deus, o amor que é fruto da presença do Espírito de Amor, o Espírito Santo!


Colocai isso na cabeça e no coração: na Escritura, falar de Amor, de Glória, de Presença e de Poder de Deus é falar do Espírito Santo!


Pois, podemos agora compreender a profunda afirmação de Jesus: “Como o Pai Me amou, assim também Eu vos amei”.


Como o Pai amou o Filho? No Espírito de amor! Desde a eternidade, o Santo Espírito é o laço, o vínculo de amor que une o Pai e o Filho numa única e indissolúvel Divindade.


Na Sua vida humana, Jesus foi sempre amado pelo Pai no Santo Espírito. Basta recordar quando o Pai derrama sobre Ele o Espírito, o Jordão, exclamando: “Este é o Meu Filho amado, em Quem Eu Me comprazo” (Mt 3,17). Eis: o Pai declara o Seu infinito amor pelo Filho, derramando sobre Ele, feito homem, Seu Espírito de amor! Jesus é o Filho amado porque Nele repousa o Amor-Deus Espírito Santo!


Pois bem, escutemos: “Como o Pai Me amou no Espírito, Eu também vos amei! Dei-vos o Meu Espírito de Amor, que agora habita em vós! Permanecei no Meu Amor, isto é, deixai-vos guiar pelo Meu Espírito, vivei no Meu Espírito!” Vede, irmãos, como agora tudo tem sentido, como as palavras de Jesus são profundas! Vede como tudo isso é verdadeiro! Escutai ainda uma palavra da Escritura: “Nisto reconhecemos que permanecemos Nele e Ele em nós: Ele nos deu o Seu Espírito!” (1Jo 4,13).


E qual é o sinal que temos e vivemos no Espírito? Que frutos esse Espírito de Amor, permanecendo em nós, nos dá?


O primeiro é cumprir os mandamentos: “Se guardardes os Meus mandamentos, é porque permanecereis no Meu amor”. É experimentando o amor de Jesus, vivendo na doçura do Seu Espírito, que podemos compreender a sabedoria dos preceitos do Evangelho e teremos a força e a doçura para cumpri-los. Como o mundo não conhece nem tem o Espírito Santo de amor, não pode compreender nem gostar dos preceitos do Senhor! Por isso esse tão grande choque entre o que a Igreja propõe em nome de Cristo para a nossa vida moral e aquilo que o mundo propõe! Aborto, eutanásia, uso de preservativos, divórcio, relações pré-matrimoniais, relações homossexuais, riqueza, prazer, etc...


Caríssimos, há um abismo entre o sentir do mundo e o sentir do cristão. Somente o cristão, sustentado pelo Santo Espírito de Amor, pode compreender que os mandamentos do Senhor não são pesados, mesmo quando nos parecem difíceis! É o Espírito de Jesus que, habitando em nós, faz-nos permanecer em Jesus e ter prazer e força no cumprimento da Sua santa vontade.


Mas, há ainda outro fruto, outro sinal da presença do Espírito em nós: a alegria interior, mesmo em meio a dificuldades, lutas e provações da vida. Escutai: “Eu vos disse isso, para que a Minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena”. Onde o Espírito de Jesus ressuscitado está presente, a alegria triunfa, porque a morte, a treva, o pecado foram vencidos. Por isso mesmo, o cristão, ainda que entre provações e dificuldades, poderá sempre manter uma profunda alegria interior – a alegria pascal, fruto da presença do Santo Espírito!


Ainda um último sinal dessa doce presença do Espírito do Ressuscitado em nós: o amor fraterno. “Este é o Meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como Eu vos amei!” Jesus nos amou até entregar toda a Sua vida por nós, como remissão pelos nossos pecados. Pois bem, ao nos dar o Seu Espírito de amor, Ele nos dá as condições e a graça para amar assim, como Ele. Isso é tão forte, que a segunda leitura de hoje nos desafia: “Quem não ama, não chegou a conhecer a Deus, porque Deus é amor. Todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus”.


Ainda uma vez mais, meus caros, é no Espírito de Amor que podemos nascer de Deus no Batismo, é no Espírito de Amor que podemos conhecer a Deus como Pai e a Jesus como o Filho amado!


É o Espírito de Amor que nos reúne, apesar de sermos tão diferentes! Recordai-vos, caríssimos, da primeira leitura: como o Espírito, descendo sobre a família de Cornélio, que era toda pagã, fez com que Pedro, o Chefe da Igreja, aceitasse os primeiros pagãos na Comunidade cristã!


Caríssimos, a Palavra de Deus hoje escutada já nos aponta para Pentecostes, daqui a quinze dias... Prestai atenção como o fruto da morte e ressurreição de Jesus é o Dom do Seu Espírito, que permanece conosco e torna Jesus presente a nós, vivo e vivificante!


Estejamos atentos, meus caros: todos temos o mesmo Espírito de amor e no amor que é esse Espírito devemos viver. A Igreja não é uma comunidade de amiguinhos simpáticos entre si; não é a reunião de pessoas interessantes e bem relacionadas! Nada disso! Somos a Comunidade reunida em Nome de Cristo morto e ressuscitado, nascidos no Batismo no Seu Espírito Santo, Espírito que nos faz amar a Jesus e, por Jesus, amarmo-nos uns aos outros. Assim sendo, sejamos dóceis ao Espírito, permaneçamos em Cristo e arrisquemos viver de amor. Que no-lo conceda Aquele que, à Direita do Pai, deu-nos o Espírito e intercede por nós. Amém.

Postado por Dom Henrique Visão Cristã às 15:23 Nenhum comentário: