terça-feira, 29 de outubro de 2013

LUTAR SEMPRE...

LUTAR SEMPRE - DESÂNIMO NA VIDA ESPIRITUAL



                                       


Lutar sempre


Labora sicut bonus miles Christi (II Tim 2,3)


Trabalha como um bom soldado de Cristo



Os combates pelo amor são longos e
 por vezes difíceis, e toda alma, por
 pouco generosa que seja, verifica em 
si mesma, em dados momentos, um
 movimento de depressão que se chama
desânimo.


Essa depressão nasce insensivelmente
 da acumulação de contratempos e
 reveses sucessivos. A alma sente-se
 abatida, depois, de repente, um 
acidente qualquer, uma pequena 
indisposição, uma fadiga corporal,
 uma palavra de repreensão, uma falta
 de atenção sobrevêm a nosso respeito
 e a alma desanima.


Então tudo se torna pesado. A 
conversação espiritual é insípida,
 os livros que de ordinário a estimulavam
 perdem o sabor, os exercícios 
espirituais tornam-se um ônus intolerável. 
Nada a encoraja, tudo a aborrece e a desgosta.

A vida espiritual parece uma ilusão; 
atingir-lhe o cimo, uma impossibilidade.
 E ela senta-se tristemente a meia encosta
 sem forças para as alturas. Eis, por certo,
 um sério obstáculo, que impede por vezes 
o caminho às almas mais resolutas. Importa 
procurar as causas do desânimo e os meios
 de frustrar-lhes a influência paralisante.


Antes de tudo, o que deve consolar-te, 
alma piedosa, é não seres tu a única, 
sujeita a essas depressões passageiras. 
As melhores almas sofrem por vezes desse mal... 
Jesus, em sua infinita sabedoria, permite 
de bom grado que as almas mais dispostas 
sintam algumas vezes sua impotência pessoal.


Aliás “não é extraordinário, como diz São
 Francisco de Sales, que a miséria se sinta
por vezes miserável”.

Não é de estranhar que a natureza se canse 
e não queira mais avançar. Não é de admirar
 que o nosso corpo, como o asno de 
Balaão, recuse às vezes, seus serviços e, 
insensível aos golpes, se deixe abater 
que nos conduzir.

A razão dessa canseira é quase sempre
 uma série de exercícios espirituais e
 trabalhos exteriores por demais longa. 
É preciso que tudo se faça com medida
 e não exigir do corpo e do espírito
 senão o que eles podem razoavelmente dar. 
É preciso, pois, repousar, confortar-se a 
tempo, e depois dizer com nova energia:


Vamos! Ainda um pouco de tempo, o
 cimo já não está tão longe, Deus ajudará. 
Para frente!



Os sentidos do homem são inclinados,
 desde tenra idade, para o sensível 
e fascinados pelos objetos exteriores. 
A razão não conhece a existência de 
Deus, senão por um trabalho de educação. 
Tudo que ele sabe do mundo sobrenatural 
sabe-o por ouvir dizer!

E esse ser tão ínfimo, tão ignorante e tão
 inclinado para o mal, que somos nós, 
quer aspirar, por um esforço contínuo, 
a tornar-se amante apaixonado de uma
 beleza superior. Quer esgotar, para atingir
 esse ideal, todas as forças de sua alma
 e de seu corpo, e a cada inspiração, e a cada
 inspiração, a cada apelo apenas perceptível, 
de uma graça invisível, quer elevar-se ainda mais alto.


Esse homem fraco, feito de sangue e de
 pó, propõe-se renunciar a todas as 
aspirações animais, modificar-se, 
contradizer-se, corrigir seu raciocínio
 e seu coração, não uma vez por
 acaso, mas sempre, e isso sob a
 influência de um agente misterioso
 que ele não vê e no qual crê e cujo socorro implora.


Oh! Não, uma vida tão heróica só
 pode ser levada graças a uma luta incessante.


Como é belo ver esse homem, exposto 
a todas as seduções, a todos os ataques 
do mundo e do inferno, a todas as conivências
 íntimas, voltar-se para Deus, 
imperturbavelmente, apesar de suas fraquezas!


Também a santidade não exclui a luta,
 ela a supõe e a exige. A perfeição na 
terra não é o repouso nem o prazer. 
Não é um estado fixo. É uma ascensão
 para Deus, uma continuidade de esforços,
 uma tendência incessante para aproximar-se
 do ideal sobrenatural: Ad ea quae priora
 sunt extendens meipsum (Filip 3,13). 
Toda santidade no mundo é relativa; 
pode e deve aumentar continuamente.


Quanto mais a alma se une a Deus, e afunda-se
 na sua infinidade, tanto mais os espaços se 
estendem e os horizontes se ampliam. 
É o infinito a atravessar.


Afasta, pois, de teu espírito essa falsa 
idéia de que aqui na terra encontrarás 
repouso. Não estás no mundo para
 gozar de Deus, mas para amá-Lo no
 trabalho, no sofrimento e na luta.


E se há luta, haverá quedas algumas vezes... o soldado
 que combate valorosamente expõe-se a golpes e 
ferimentos, porém suas cicatrizes são para ele títulos
 de glória. Muitos há que não distinguem, na vida 
espiritual, a parte que lhes pertence e a que pertence 
a Deus. 


... A deles consiste, antes de tudo, em amar a 
Deus, esforçar-se por pertencer-lhe, pedir-lhe
 mais amor, e, em seguida, em levantar-se
 sempre com simplicidade após suas faltas,
 e purificar-se no sangue de Jesus.

Quanto ao mais, tudo é obra do Mestre. 
Enquanto a alma luta e geme pelas suas
 faltas e lamenta-se por não saber 
amar a Deus, esse Deus invisivelmente,
 enriquece-a com graças, orna-a de virtudes,
 cava nela a humildade e a paciência e 
une-se-lhe por tantas cadeias quantas 
ela faz de atos de amor e contrição.

E esse trabalho a dois prossegue até ao
 último instante da vida. A alma não viu
 senão faltas, e, com efeito, ela recaiu 
muitas vezes, e Deus não quis contar
 senão os atos de amor. 

...Alma de boa vontade, não te aflijas,
 pois, por tuas faltas. Pede sempre 
perdão a Jesus e recomeça, sem te cansar,
 tua vida de amor.

Bem vês, o indispensável é amar, 
amar sempre. O amor dar-te-á 
constância na luta, como te dará a 
compunção e o espírito de oração.

- O amor te ensinará a purificar tua 
vontade pelo desapego, disciplinar 
tua liberdade pela obediência, 
desembaraçar tua inteligência dos 
pensamentos inúteis.


- O amor te excitará à reflexão, retificará 
teu raciocínio pela humildade, dirigirá tua 
imaginação e acalmará tuas paixões.


- O amor reprimirá teus sentidos na pureza, 
desprenderá tua alma de todos os bens terrestres.


- O amor te conduzirá à intimidade de Jesus,
 revelando-te o mistério de sua paixão, de 
sua vida eucarística, de sua vida mística, que 
continua em ti.


- O amor te ensinará, enfim, a desapegar-te 
de ti mesmo para seres um com Jesus, viver
 Dele, agir com Ele, sofrer com Ele, e
 continuar, por Ele, a obra da redenção.

Assim, tudo começa, aperfeiçoa-se e acaba 
no amor.


Ó minha alma!...renova a Jesus a resolução 
de ser constante no amor.

Se o cansaço, o desânimo ou a desconfiança 
buscam invadir-te, olharás para o céu.

Jesus lá está e cuida de ti. Ninguém te 
arrancará de suas divinas mãos. Ele é
 o Amigo fiel, que começou e terminará
 a obra de tua santificação. Terminá-la-á 
não obstante as dificuldades exteriores e 
interiores, contanto que tenhas confiança
 Nele e que o deixes agir em tua alma.

Ama-O muito. Repete constantemente 
que o amas. Pede-Lhe sempre mais 
graças, mais luzes, mais força. Volve 
a Ele sem jamais te cansar. Tua santidade
 estará garantida.


(Excertos do livro: O Divino Amigo – Pe. Schrijvers)
créditos: A GRANDE GUERRA
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