domingo, 8 de março de 2015

A IGREJA É PARA TODOS, MAS NÃO PODE SER PARA TUDO

NA PAZ, A VERDADE / NA PAZ, A VERDADE

Um dos valores matriciais da convivência é o respeito.

Deste respeito não hão de ficar fora o espaço sagrado e os actos sagrados. Nem será preciso invocar normas. Bastará seguir o bom senso.


Todos sabem que a experiência religiosa é, por excelência, uma experiência de escuta.

Daí que o ambiente no espaço sagrado deva primar pelo silêncio.


Quem tem fé compreenderá com facilidade. E quem não tem fé também perceberá sem dificuldade.

É por isso que se pede que, antes das celebrações e como forma de ambientação, haja silêncio na igreja, na sacristia e até à volta do templo.


Sei que não é por mal, mas, nos últimos tempos, chega-se a uma igreja e o que avulta é o ruído.

A vontade de conversar sobrepõe-se ao direito de meditar. Parece que se pode falar com todos menos com Deus. Parece que se ouve toda a gente, menos a voz de Deus.


Como se isto não bastasse, já se vêem pessoas a entrar com bonés e chapéus, com fatos de praia, a beber, a comer (sobretudo gelados), a mastigar (rebuçados ou pastilhas elásticas), a atender o telemóvel ou a consultar a net.

Isto colide frontalmente com a natureza do lugar e das celebrações que nele decorrem.


Sobra, ainda, um problema para quem tem a missão de conduzir o povo de Deus.

Se intervém, arrisca-se a ser incompreendido e até maltratado. Se não intervém, acaba por consentir o que não pode aprovar. Ou seja, é uma situação sempre delicada.


Acresce que, à medida que o tempo passa, há uma tendência para transformar a excepção em regra.

Já se agenda quase todo o tipo de actividades para as igrejas.


Não raramente, prevalece a impressão de que a igreja é para tudo, excepto para aquilo que ela existe: rezar. Até parece que o incorrecto tem mais espaço que o correcto. E que o errado encontra maior acolhimento que o certo.

Aliás, quem é apontado como estando errado acaba por ser quem tenta corrigir o erro.


A Igreja é para todos, mas não é para tudo.

Só que é complicado gerir as situações concretas e os factos que muitos dão como consumados.


Apesar de tudo, creio não ser impossível restituir a dignidade aos lugares e a beleza às celebrações.

Para glória de Deus. E bem-estar de todos!

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