quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

O FAZER TEOLÓGICO (OSWALDO JACOB)



A teologia tem a ver com Deus, o homem, o outro e a natureza que o Senhor Soberano criou de forma tão bela. Deus é o centro da teologia. O homem é o alvo do amor de Deus em Cristo e, por isso, é um elemento indispensável no fazer teológico. Quando falamos do homem nos referimos a ele mesmo – suas lutas internas e externas (suas crises), e suas relações. A teologia está voltada para o relacionamento entre o Deus e o homem; o homem e Deus; o homem e seu próximo; Deus e a natureza; o homem e a natureza. Ela tem a ver com a dinâmica da vida. Toda a Revelação escrita de Deus está voltada para estas relações dinâmicas e muito ricas. A questão ambiental, por exemplo, passa pela compreensão da teologia, pois tem a ver com Deus, o Criador; o homem, seu administrador, ecônomo. Então, fazer teologia significa compreender a dinâmica da vida no homem e todas as suas implicações, sejam espirituais, emocionais, racionais, éticas e físicas. Compreender os atributos (qualidades) de Deus e a complexidade do homem e a sua relação com Cristo, o Filho, é o foco do fazer teológico. Temos então a teologia que compreende uma relação profunda da cristologia ( ‘e o Verbo se fez carne e habitou entre nós’ – João 1.14) com a antropologia. Não se pode compreender a antropologia (o estudo do homem) se não tivermos uma perspectiva teológica, a partir do Senhor dentro do espectro das Escrituras.
O texto de Isaias 6.1-8 – o seu chamado profético, na verdade, é uma síntese teológica. Porque no texto percebemos claramente que o profeta messiânico teve uma percepção madura de Deus; a percepção de si mesmo como alguém desqualificado para a missão, mas que recebeu a qualificação de Deus; a necessidade do mundo à sua volta; os desafios de Deus e a sua prontidão em atender o chamado ou a vocação. A teologia tem interesse em estudar (sabemos que com limitações) Deus e tudo o que provém dEle. Toda a Bíblia tem a sua teologia. Gênesis (início), patriarcado, nação escolhida (Israel), êxodo, lei, conquista, história, poesia, promessas, genealogia, profecia, evangelho, igreja, missões e escatologia, fazem parte do conteúdo teológico. Deus tem todo interesse que o homem o conheça não apenas intelectualmente, mas, principalmente, na experiência da fé. A fé é o meio eficaz e dinâmico de comunicação com Deus. Sem fé é impossível agradarmos a Deus (Hb 11.6). A fé é um dom que Deus nos deu para crermos no Seu Filho Jesus Cristo para a salvação (Ef 2.8-10) e, a partir deste fato, todas as demais coisas serão vistas à luz da vontade de Deus. 
A teologia surge da Palavra que é a base do nosso relacionamento com Deus Pai, na mediação de Jesus Cristo e com chancela do Espírito Santo. A Triunidade de Deus é essencial para compreendermos o cerne da teologia. O Pai cria o homem, o Filho salva e o Espírito Santo imprime o selo da paternidade de Deus. O campo teológico é muito rico dos relacionamentos vertical e horizontal. Aliás, compreende todas as dimensões da vida do cristão. A teologia tem a ver com a vida simples e a vida complexa. Nela há uma profunda consciência de Deus e toda a Sua magnífica obra. Ela discorre sobre um Deus Soberano, Auto-existente, Auto-suficiente, Onipotente, Onipresente e Onisciente. Estes são alguns dos atributos incomunicáveis de Deus. Há também os atributos comunicáveis: Amor, Justiça, Misericórdia, Bondade, Fidelidade. Isto quer dizer que podemos viver estas qualidades em nossa vida sempre olhando para as necessidades do próximo. Vivamos na comunidade rica ou pobre buscando ajudar as pessoas nas suas múltiplas carências. Como Jesus andou por toda a parte fazendo o bem (At 10.38), esta realidade é fundamental para a nossa teologia. Ela revela este magnífico amor de Deus que age sempre para levantar o homem caído, morto nos seus delitos e pecados. Ela tem interesse no campo do serviço amoroso e abnegado, ao mesmo tempo que é matéria-prima para uma teologia de motivação para que outros sirvam à semelhança do Mestre (Mt 20.28). 
Na investigação teológica descobrimos quem realmente somos e como podemos ser em Cristo Jesus em relação ao outro e a natureza tão fantástica que o Pai criou para a Sua glória e o nosso aprazimento. À medida que vivemos os princípios de Deus desenvolve-se em nós um espírito teológico, ou seja, uma capacidade para lermos os fatos, interpretá-los e crescermos na graça e no conhecimento do Senhor. Que o nosso fazer teológico seja centrado em Cristo, o Senhor. Que na comunidade dos salvos (a Igreja) aprendamos a fazer teologia de forma prática, vivencial. Como teólogos, sejamos humilhados, quebrantados, e ministrados pelo Deus que age poderosa e amorosamente na História. Vejamos, com os olhos físicos e da fé, os Seus feitos neste tempo de tanta dispersão e apego às coisas desta terra. Concentremos no caráter de Deus. Sejamos santos como Ele é Santo (Lv 19.2). Vivamos em profunda comunhão com o Pai até que Cristo, o Filho, volte.
www.oswaldojacob.com

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