O pequeno número dos que são salvos (parte 5)
In Fé, In Inferno, In Meditação, In Morte, In O pequeno número dos que são salvossábado, 22 de outubro de 2011
Nossas crônicas relatam um acontecimento ainda mais terrível. Um de nossos irmãos, bem conhecido por sua doutrina e santidade, estava pregando na Alemanha. Ele demonstrou a feiura do pecado da impureza de maneira tão forte que uma mulher caiu como morta de tristeza na frente de todos. Então, voltando à vida, ela disse, "Quando eu era apresentada perante o Tribunal de Deus, 60 mil pessoas chegaram ao mesmo tempo de todas as partes do mundo; desse número, três foram salvos por ir para o Purgatório, e todo o resto foi condenado."
Oh abismo dos juízos de Deus! De 30 mil, apenas cinco foram salvas! E de 60 mil, apenas três foram para o céu! Vocês pecadores que estão me ouvindo, em qual categoria vocês vão estar?... O que vocês dizem?... O que vocês acham?...
Vejo quase todos vocês abaixando a cabeça, cheios de espanto e horror. Mas vamos colocar nosso estupor de lado, e, em vez de lisonjear-nos, vamos tentar tirar algum proveito do nosso medo. Não é verdade que há duas estradas que levam ao céu: inocência e arrependimento? Agora, se eu mostrar-lhe que pouquíssimos tomam qualquer uma destas duas estradas, como pessoas racionais concluiremos que pouquíssimos são salvos. E para provar: em qual idade, emprego ou condição você vai notar que o número de ímpios é cem vezes maior que o das pessoas de bem, e sobre os quais pode-se dizer, "Os bons são tão raros e os ímpios são tão maiores em número"?
Poderíamos dizer dos nossos tempos o que Salvianus disse do dele: é mais fácil encontrar uma multidão incontável de pecadores imersos em todos os tipos de iniquidades que alguns homens inocentes. Quantos servidores são totalmente honestos e fiéis em seus deveres? Quantos comerciantes são justos e equitativos em seu comércio; quantos artesãos exatos e verdadeiros; quantos vendedores desinteressados e sinceros? Quantos homens da lei não se esquecem da justiça? Quantos soldados não pisam na inocência; quantos patrões não retém injustamente o salário daqueles que os servem, ou não procuram dominar os seus empregados? Em todos os lugares, os bons são raros e os maus são em grande número. Quem não sabe que hoje existe tanta libertinagem entre os homens maduros, a permissividade entre as jovens, a vaidade entre as mulheres, a libertinagem na nobreza, a corrupção na classe média, a separação no povo, o descaramento entre os pobres, que se poderia dizer o que David disse de sua época: "Todos os iguais se desencaminharam... não há mesmo quem faça o bem, nem um sequer."
Vá para a rua e a praça, para o palácio e a casa, para a cidade e o campo, ao tribunal e fórum, e até mesmo ao templo de Deus. Onde encontrará a virtude? "Ai de mim!" grita Salvianus, "exceto por um número muito pequeno que foge do mal, o que é a comunidade de cristãos senão um antro de vícios?" O que podemos encontrar em toda parte é o egoísmo, ambição, gula, e luxo. Não está a maior parte dos homens contaminados pelo vício da impureza, e não está São João correto, dizendo: "O mundo inteiro” - se algo tão sujo pode ser aplicado - "está sentado na maldade?" Eu não sou o único que está dizendo-lhe, a razão obriga você a acreditar que com exceção daqueles que vivem tão mal, pouquíssimos são salvos.
Mas você vai dizer: Não é possível a penitência reparar a perda da inocência? Isso é verdade, eu admito. Mas também sei que a penitência é tão difícil na prática, perdemos o hábito tão completamente, e é tão mal empregada por pecadores, que só isto deveria ser suficiente para convencê-lo que pouquíssimos são salvos por esse caminho. Oh, quão íngreme, estreito, espinhoso, horrível de se ver e difícil de escalar que é! Para todo lugar que olhamos, vemos vestígios de sangue e coisas fazem-nos lembrar de memórias tristes. Muitos enfraquecem-se a mínima possibilidade dela. Muitos se retiram no início. Muitos caem de cansaço no meio, e muitos desistem miseravelmente no final. E como são poucos os que perseveram nele até a morte! Santo Ambrósio diz que é mais fácil encontrar homens que mantém a sua inocência do que encontrar alguém que faça uma penitência de forma apropriada
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