quinta-feira, 6 de dezembro de 2012



O pequeno número dos que são salvos (parte 6)


segunda-feira, 3 de dezembro de 2012



Se você considerar o sacramento da penitência, há tantas confissões distorcidas, tantas desculpas esfarrapadas, tantos arrependimentos fraudulentos, tantas falsas promessas, tantas resoluções ineficazes, tantas absolvições inválidas! Será que você considera como válida a confissão de alguém que se acusa de pecados de impureza e ainda guarda a ocasião deles? Ou alguém que se acusa de injustiças óbvias, sem a intenção de fazer qualquer reparação que seja para elas? Ou alguém que cai de novo na mesma iniquidade imediatamente após sair da confissão? Oh, abusos horríveis de tão grande sacramento! Uns confessam para evitar a excomunhão, outros para ter uma reputação como um penitente.

Uns livram-se de seus pecados para acalmar seus remorsos, outros esconde-os de vergonha. Uns acusam-se de forma imperfeita por má intenção, outros expõem-se por força do hábito. Uns não têm a verdadeira finalidade do sacramento em mente, a outros estão faltando a tristeza necessária, e para outros, ainda, o propósito firme. Pobres confessores, quais esforços vocês fazem para trazer o maior número de penitentes a estas resoluções e atos, sem os quais a confissão é um sacrilégio, absolvição uma condenação e a penitência uma ilusão?
Onde estão eles agora, aqueles que acreditam que o número dos que se salvam entre os cristãos é maior do que a dos condenados e aqueles que, para justificar suas opiniões, alegam que, portanto: a maior parte dos adultos católicos morre em suas camas armados com os sacramentos da Igreja, portanto, muitos adultos católicos são salvos? Ah, que bom raciocínio! Você deve dizer exatamente o oposto. Muitos dos adultos católicos confessam mal na hora da morte, portanto muitos deles são condenados. Eu digo "de todas a mais certa", porque uma pessoa que está morrendo que não tenha confessando-se bem quando estava bem de saúde terá uma condição ainda mais difícil para fazê-lo quando estiver na cama com o coração pesado, a cabeça instável, a mente confusa; quando é confrontado, em muitos aspectos, por situações recentes, ocasiões ainda frescas, por hábitos adotados, e acima de tudo por demônios que estão buscando por todos os meios lançá-lo no inferno.
Agora, se você adicionar a todos estes falsos penitentes todos os outros pecadores que morrem inesperadamente em pecado, devido à ignorância dos médicos ou por falha de seus familiares, que morrem de envenenamento ou soterrados em terremotos, ou de um acidente vascular cerebral, ou de uma queda, ou no campo de batalha, em uma luta, pego em uma armadilha, atingido por um raio, queimado ou afogado, você não é obrigado a concluir que a maioria dos adultos cristãos são condenados? Esse é o raciocínio de São Crisóstomo. Este Santo diz que a maioria dos cristãos anda na estrada para o inferno durante toda sua vida. Por que, então, você está tão surpreso que o maior número vai para o inferno? Para chegar a uma porta, você deve tomar a estrada que leva até lá. O que você tem para responder a uma razão poderosa?
A resposta, você vai me dizer, é que a misericórdia de Deus é grande. Sim, para aqueles que O temem, diz o Profeta, mas é grande a Sua justiça para aqueles que não O temem, e condena todos os pecadores obstinados.
Então você vai dizer para mim: Bem, então, para quem é o Paraíso, senão para os cristãos? É para os cristãos, é claro, mas para aqueles que não desonram seu caráter e que vivem como cristãos. Além disso, se ao número de cristãos adultos que morrem na graça de Deus, você adiciona o incontável número de crianças que morrem depois do batismo e antes de chegar à idade da razão, você não vai se surpreender com o que o apóstolo João, falando daqueles que são salvos, diz: "Eu vi uma grande multidão que ninguém podia contar."
E é isso que engana aqueles que pensam que o número dos salvos entre os católicos é maior do que o dos condenados... Se a esse número, você adiciona os adultos que têm mantido o manto da inocência, ou que depois de terem sidos contaminados, se lavaram nas lágrimas da penitência, é certo que o maior número é salvo, e é o que explica as palavras de São João: "Eu vi uma grande multidão", e estas outras palavras de Nosso Senhor, “Muitos virão do oriente e do ocidente, e festejarão na mesa com Abraão, Isaac e Jacó no reino dos céus", e as demais figuras geralmente citadas a favor dessa opinião.
Mas se você está falando de cristãos adultos, experiência, razão, autoridade, dignidade e das Escrituras, todos concordam em provar que o maior número é daqueles que são condenados. Não acredite que por causa disso, o paraíso é vazio, pelo contrário, é um reino muito populoso. E se os condenados são "tão numerosos quanto a areia do mar", os salvos são "tão numerosos quanto às estrelas do céu", isto é, tanto um quanto o outro são inúmeros, embora em proporções muito diferentes.

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