domingo, 12 de janeiro de 2014

Amor, sexualidade e castidade

Amor, sexualidade e castidade[editar | editar código-fonte]

São José, o pai adotivo de Jesus, é considerado como um grande modelo de castidade.326
Em relação à sexualidade, a Igreja Católica convida todos os seus fiéis a viverem na castidade, que é um dom divino e uma virtude moral que permite a integração positiva da sexualidade na pessoa.327 Essa integração exige "uma aprendizagem do domínio de si, que é uma pedagogia da liberdade humana. A alternativa é clara: ou o homem comanda as suas paixões e alcança a paz, ou se deixa dominar por elas e torna-se infeliz." A virtude da castidade relaciona-se com a virtude cardinal da temperança.328
Logo, todos os católicos são chamados à castidade 329 , porque a sexualidade só se "torna pessoal e verdadeiramente humana quando integrada na relação de pessoa a pessoa, no dom mútuo total e temporalmente ilimitado, do homem e da mulher",330 ambos unidos pelo sacramento do matrimónio (que é indissolúvel).331Por isso, os atos sexuais fora do matrimónio constituem sempre um pecado grave.332 Por essas razões, o sexo pré-marital, a pedofilia, o adultério, a masturbação, a fornicação, a pornografia, a prostituição, o estupro e os atos sexuais entre homossexuais são condenados pela Igreja como sendo expressões do vício daluxúria.333
Para a Igreja, o amor é uma virtude teologal310 e o oposto de usar.334 Aplicado nas relações conjugais humanas, o amor verdadeiramente vivido e plenamente realizado é uma comunhão de dádiva mútua de si mesmo, "de afirmação mútua da dignidade de cada parceiro" e um "encontro de duas liberdades em entrega e receptividade mútuas".335 Essa comunhão conjugal do homem e da mulher é um ícone da vida da Santíssima Trindade e leva não apenas à satisfação, mas àsantidade.336 Esse tipo de relação conjugal proposto pela Igreja exige permanência e compromisso matrimoniais.337
Santa Maria Goretti(1890-1902), uma virgemque, tal como os inúmeros santos, viveu rigorosamente e à sua maneira a castidade cristã.338
Por essa razão, a sexualidade é uma fonte de alegria e de prazer e ordena-se para o amor conjugal 339 e para a procriação.340 A sexualidade (e o sexo) é também considerada como a grande expressão do amor recíproco, onde o homem e a mulher se unem e se complementam.335
O verdadeiro amor conjugal, onde a relação sexual é vivida dignamente, só é possível graças à castidade conjugal.337 Essa virtude permite uma vivência conjugal perfeita assente na fidelidade e na fecundidade matrimoniais.340 Para além da castidade conjugal (que não implica a abstinência sexual dos casados), existem ainda diversos regimes de castidade: a virgindade ou o celibato consagrado (para os religiosos, as pessoas consagradas, os clérigos etc.) e a castidade naabstinência (para os não-casados).341

O divórcio[editar | editar código-fonte]

Na atualidade, a Igreja não aceita o divórcio, embora este seja aceite no Antigo Testamento:
Cquote1.svgse um homem, tendo escolhido uma mulher, casar-se com ela, e vier a odiá-la por descobrir nela qualquer coisa inconveniente, escreverá uma letra de divórcio, lha entregará na mão e a despedirá de sua casa.342Cquote2.svg
Porém, no Novo Testamento, Jesus, que segundo a Igreja veio completar e dar o sentido definitivo às revelações divinas do Antigo Testamento, afirmou que:
Cquote1.svgMoisés permitiu escrever carta de divórcio e despedir a mulher, [..] foi devido à dureza do vosso coração que ele vos deu essa lei; mas, no princípio da criação, Deus os fez homem e mulher. Por isso, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher; e os dois não serão senão uma só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne. Não separe, pois, o homem o que Deus uniu."343Cquote2.svg
Por isso, baseando-se nos ensinamentos de Cristo, a Igreja afirma que o sacramento do matrimónio entre um homem e uma mulher livres é indissolúvel, até no momento em que um dos cônjuges morrer.331 Porém, em casos onde não houve consumação ou não houve um consentimento matrimonial claro e livre de qualquer violência ou "grave temor externo", o matrimónio pode ser declarado nulo e inexistente por autoridades eclesiásticas competentes.344 345

Preservativos e DSTs[editar | editar código-fonte]

Segundo a doutrina católica, o uso atual e indiscriminado de preservativos incentiva um estilo de vida sexual imoral, promíscuo, irresponsável e banalizado, onde o corpo é usado como um fim em si mesmo e o parceiro(a) é reduzido(a) a um simples objeto de prazer. Esse tipo de vida sexual é fortemente condenado pela Igreja.346
Papa Bento XVI reafirmou, durante a sua visita aos Camarões e à Angola (17 de Março a 23 de Março de 2009), que somente a distribuição de preservativos não ajuda a controlar o problema da SIDA, mas, pelo contário, contribuiria para "piorar a situação". Tais declarações desencadearam uma tempestade de críticas e condenações por parte de governos e das ONGs. O director executivo do Fundo Mundial de Luta contra a SIDA, a tuberculose e o paludismo, Michael Kazatchine, pediu a Bento XVI que retirasse as suas declarações "inaceitáveis".347
Contudo, em 2010, o Papa Bento XVI afirmou, de forma coloquial e não-oficial, que o uso do preservativo pode ser justificável em alguns casos pontuais para diminuir o risco de contágio àsdoenças sexualmente transmissíveis (DSTs), "como por exemplo a utilização do preservativo por um(a) prostituto(a)". Porém, o Papa ressalvou que o uso de preservativos não é "uma solução verdadeira e moral". Ele voltou também a reafirmar a doutrina católica que defende que a fidelidade no casamento, o amor recíproco, a castidade, a humanização da sexualidade e a abstinênciasão os melhores meios de combater as DSTs, em detrimento da "mera fixação no preservativo".346 348

Homossexualidade[editar | editar código-fonte]

Os atos sexuais entre pessoas homossexuais são considerados moralmente errados porque violam a "iconografia de diferenciação e complementariedade sexuais" entre o homem e a mulher e porque são incapazes de gerar vida.349 Entretanto, para a Igreja, ter tendências homossexuais não é considerado um pecado nem um castigo, mas apenas uma provação. O pecado está em ceder a essas tendências e adotá-las na prática.350 A Igreja repudia também qualquer reconhecimento legal das uniões entre pessoas do mesmo sexo.351
Mas, a Igreja afirma que não discrimina os homossexuais e pretende ajudá-los a viver na castidade, para que eles evitem os atos sexuais, que são moralmente desordenados, "porque são atos de afirmação de si mesmo e não dádiva de si mesmo".349 A Igreja ainda convida os homossexuais a aproximarem-se gradualmente da perfeição cristã, através do autodomínio, da oração, dagraça sacramental, do oferecimento das suas dificuldades e sofrimentos como um sacrifício para Deus e "do apoio duma amizade desinteressada".350
Contudo, paradoxalmente, algumas fontes católicas (ex: arcebispo norte-americano Wilton Daniel Gregory) afirmam que é necessário lutar para que os seminários e os noviciados não estejam dominados por homossexuais.352 Esta reacção pode ser explicada à luz da posição oficial da Igreja sobre a ordenação sacerdotal de homossexuais, expressa numa Instrução redigida pelaCongregação para a Educação Católica, em 2005: a Igreja "não pode admitir ao Seminário e às Ordens sacras aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente radicadas ou apoiam a chamada 'cultura gay'".353

Vida, planejamento familiar e contracepção[editar | editar código-fonte]

Na encíclica Humanae Vitae (1968), o Papa Paulo VI pronunciou-se sobre aregulação de natalidade.90
A Igreja Católica considera a vida humana como sagrada e como um valor absoluto e inalienável,354 por isso condena, entre outras práticas, a violência, o homicídio, o suicídio, o aborto induzido, a eutanásia,355 a clonagem humana (seja ela reprodutiva ou terapêutica) 356 e as pesquisas ou práticas científicas que usam células-tronco extraídas do embrião humano vivo (que provocam a morte do embrião).357 Para a Igreja, a vida humana deve ser gerada naturalmente pelo sexo conjugal e tem início na fecundação (ou concepção) e o seu fim na morte natural.358 359 Segundo essa lógica, a reprodução medicamente assistida é também considerada imoral porque dissocia a procriação do ato sexual conjugal, "instaurando assim um domínio da técnica sobre a origem e o destino da pessoa humana".360
Quanto à regulação dos nascimentos, a Igreja defende-a como uma expressão da paternidade e maternidade responsáveis à construção prudente de famílias, desde que não seja realizada com base no egoísmo ou em imposições externas.361 Mas essa regulação só pode ser feita através de métodos naturais de planeamento familiar, tais como a continência periódica e o recurso aos períodos infecundos.361 A pílula, a esterilização direta, o preservativo e outros métodos de contracepçãosão expressamente condenados.362

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