domingo, 12 de janeiro de 2014

Deus e a Santíssima Trindade[editar

Deus e a Santíssima Trindade


Iluminura medieval com a representação clássica da Santíssima Trindade, sendo o homem mais velho o Pai, o mais novo (com uma cruz) o Filho e a pomba o Espírito Santo.
A Igreja Católica, como parte do Cristianismo, acredita no monoteísmo, que é a crença na existência de um único Deus.113 Para os católicos, Deus é o criador de todas as coisas e consegue intervir na História, sendo alguns dos seus atributos divinos mais importantes a onipotência, a onipresença e onisciência.114 Além desses atributos, Deus também é fortemente referido no Novo Testamento como sendo a própria Verdade e o próprio Amor: Deus ama, perdoa e quer salvar todas as pessoas e estas podem estabelecer uma relação pessoal e filial com ele através da oração.115
Mas os católicos acreditam também na Santíssima Trindade, isto é, que Deus é um ser uno mas simultaneamente trino, constituído por três pessoas indivisíveis: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, que estabelecem entre si uma comunhão perfeita de amor. Para a Igreja, esse dogma central não viola o monoteísmo.116 Essas três pessoas eternas, apesar de possuirem a mesma natureza, "são realmente distintas, pelas relações que as referenciam umas às outras: o Pai gera o Filho, o Filho é gerado pelo Pai, o Espírito Santo procede do Pai e do Filho; porém todos sempre existiram, não existindo assim uma hierarquia" entre os três.117

Deus Pai: criador do mundo[editar | editar código-fonte]


Este fresco retrata a criação deAdão (lado esquerdo) por Deus (lado direito).
Deus Pai, a primeira pessoa da Trindade, é considerado o pai perfeito porque ele amou e nunca abandonou os homens,118 os seus filhos adotivos, querendo sempre salvá-los e perdoando-os infinitamente, desde que eles se arrependam de um modo sincero.119 Ele não foi criado nem gerado e é considerado "o princípio e o fim, princípio sem princípio" da vida, estando por isso mais associado à criação do mundo. Mas isso não quer dizer que as outras duas pessoas da Trindade não participassem também nesse importante ato divino.120 O Credo Niceno-Constantinopolitano faz referência a Deus Pai:
Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso,
Criador do Céu e da Terra,
De todas as coisas visíveis e invisíveis.

Criação do mundo e anjos[editar | editar código-fonte]

mundo, ordenado e amado por Deus, é bom e foi criado a partir do nada, para que Deus possa manifestar e comunicar a sua bondadebeleza, verdade e amor. A obra da criação culmina na obra ainda maior da salvação, por isso o fim último da criação, nomeadamente da humanidade, é que Deus, em Cristo, "seja tudo em todos" (1 Cor 15,28), no seu eterno reino.121
Para além dos seres materiais, a criação é constituída também por anjos 122 , que são seres pessoais puramente espirituais, invisíveis, incorpóreos, imortais e inteligentes. Eles servem e obedecem à vontade de Deus. Segundo São Basílio Magno, "cada fiel tem ao seu lado um anjo como protetor e pastor, para o conduzir à vida", sendo esses protetores chamados de anjos da Guarda.123
Segundo a doutrina católica, o Génesis, ao narrar que o mundo foi criado em seis dias por Deus, quer acima de tudo revelar à humanidade o valor dos seres criados e a sua finalidade de louvor e serviço a Deus, dando particular destaque ao valor do homem,124 que é o vértice da criação visível.125 Logo, a Igreja Católica, corroborando com a ideia de Santo Agostinho, admite a possibilidade de o mundo não ser criado literalmente em apenas seis dias.91

Demónios e mal[editar | editar código-fonte]


Satanás, o maior símbolo do mal e da eterna perdição.
No princípio do mundo, ocorreu a queda dos anjos, que foi uma rebelião de um grupo de anjos, liderado por Satanás (ou Lúcifer). Eles, sendo criados bons por Deus, transformaram-se em demónios, porque recusaram livremente Deus e o seu reino, originando assim oInferno. Eles, o símbolo e personificação real do Mal, procuram associar o homem à sua rebelião, mas os católicos acreditam que Deus afirmou em Cristo a sua vitória absoluta sobre o mal, que se irá realizar plenamente no fim dos tempos, quando o mal acabará por desaparecer.126
A Igreja ensina que o mal "é uma certa falta, limitação ou distorção do bem127 e é ainda a causa do sofrimento humano, que está intimamente relacionado com a liberdade humana.128 Os católicos professam que a existência do mal é um grande mistério, mas eles têm a certeza de que Deus, sendo bom e onipotente, não pode nunca ser a causa e a origem do mal. Eles têm fé de que Deus "não permitiria o mal se do próprio mal não extraísse o bem." O exemplo mais marcante disso seria a morte de Jesus, que, sendo o maior mal moral, trouxe a salvação para a humanidade.129

Homem, a sua queda e o Pecado original[editar | editar código-fonte]


Adão e Eva, o primeiro casal humano da Terra.
O homem foi o único criado à imagem e semelhança de Deus 125 e, por isso, não é um objecto, mas sim uma pessoa com dignidade humana e "capaz de se conhecer a si mesmo, de se dar livremente e de entrar em comunhão com Deus e com as outras pessoas", sendo por isso chamado à santidade e à felicidade.130 Segundo o Gênesis, todo o gênero humano é descendente de Adão e Eva. Ambos possuem uma igual dignidade e, ao mesmo tempo, vivem numa "complementaridade recíproca enquanto masculino e feminino". Logo, são chamados a formarem um matrimónioindissolúvel de "uma só carne" (Gn 2, 24), a transmitirem a vida humana e a administrarem a Terra, daí a grande responsabilidade do homem no plano de Deus.131
Na perspectiva católica, o homem possui um corpo mortal mas uma alma imortal, que é criada diretamente por Deus. Por isso, depois da morte, a alma voltará a unir-se ao corpo, mas somente no momento da ressurreição final.132 Segundo o projeto inicial de Deus, os homens não sofrem nem morrem.133 Mas, Adão e Eva, como eram livres e por isso sucumbiram à tentação do Diabo, comeram o fruto proibido, desobedecendo assim a Deus e querendo tornar-se "como Deus, sem Deus e não segundo Deus" (Gn 3, 5). Assim, eles perderam a sua santidade original e cometeram o seu primeiro pecado, dando origem ao pecado original (veja a subsecção Pecado).134
Além disso, eles espalharam o pecado original a todos os homens, que são seus descendentes, fazendo com que todos passassem a morrer, a terem tendência para pecar, a sofrerem e a serem ignorantes.135 Mas, os católicos acreditam que Deus não abandonou o homem ao poder da morte e, por isso, pré-anunciou misteriosamente que o mal seria vencido. Isto constituiu o primeiro anúncio da vinda de Jesus, que, entre outras coisas, instituiu o batismo para a remissão do pecado original e de outros pecados.136

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