domingo, 12 de janeiro de 2014

SOFRIMENTO

Sofrimento[editar | editar código-fonte]

São Francisco de Assis(1182 - 1226), tal como muitos santos, era praticante de inúmeros sacrifícios. Ele experimentou até a pobreza radical e a dor dosestigmas.257
Segundo a perspectiva católica, o sofrimento, que é uma consequência do mal 128 e que está associado à morte e às limitações humanas, nunca foi desejado por Deus. Mas, contra a vontade divina, o sofrimento passou a ser uma realidade intrínseca ao homem, por consequência do pecado original e, posteriormente, de todos os pecados cometidos pelos homens.258 259 Isso significa que o sofrimento está enredado à liberdade humana e ao conflito entre o bem e o mal no mundo.128
Mas, por causa do sacrifício redentor de Cristo, o sofrimento passou a ter um "sentido verdadeiramente sobrenatural e […] humano, […] porque se radica no mistério divino da redenção do mundo e […] porque nele o homem se aceita a si mesmo, com a sua própria humanidade, com a própria dignidade e a própria missão."260 Logo, o sofrimento passou a estar presente no mundo para desencadear o amor e para permitir a conversão e a reconstrução do bem.261
O sofrimento, quer voluntário (ex.: mortificação, trabalho, etc.), quer involuntário (ex.: doenças), passou a ser, sob a forma de sacrifício, uma peça fundamental nasalvação da humanidade, mediante a participação pessoal e união dos sacrifícios individuais ao supremo Sofrimento de Cristo. E essa participação implica a aceitação amorosa dos sofrimentos permitidos por Deus na vida terrena. Aliás, São Paulo também afirmou que vai "completando na minha carne o que falta aos sofrimentos de Cristo, a favor do seu corpo, que é a Igreja" (Col 1,24).258 259 Além disso, Deus usa o sofrimento para provar a fé, a perseverança e a confiança do homem n'Ele, bem como para tornar o homem mais forte e mais maduro (como no caso de ).127

Comunhão dos Santos[editar | editar código-fonte]

Um grupo de santosno Céu.
comunhão dos Santos tem dois significados intimamente relacionados: "«comunhão nas coisas santas, sancta», e «comunhão entre as pessoas santas, sancti»". O primeiro significa a participação de todos os membros da Igreja nas coisas santas: a , os sacramentos(nomeadamente a Eucaristia), os carismas e os outros dons espirituais. O segundo significa a união viva e espiritual de todos os fiéis cristãos e membros da Igreja que, "pela graça, estão unidos a Cristo", formando um único Corpo Místico de Cristo e sendo por isso "pessoas santas (sancti) em Cristo". Logo, esta comunhão de santos forma "uma só família, a Igreja", que está organizada em três estados espirituais diferentes:262 263 264
  • Igreja militante, formada pelos fiéis que "peregrinam na Terra", nomeadamente aqueles que estão em estado de graça (ou seja, que não estão manchados porpecados mortais não confessados);262 263
  • a Igreja padecente ou purgante, constituída pelas almas que ainda padecem no Purgatório 262 e que, por isso, necessitam das orações de sufrágio (nomeadamente amissa), das boas obras, dos sacrifícios, das indulgências e das obras de penitência praticadas pelos membros da Igreja militante.265 Todas estas ações aceleram apurificação e posterior entrada no Céu destas almas padecentes 263 ;
  • a Igreja triunfante, composta pelos habitantes do Céu (desconhecidos/anónimos ou oficialmente reconhecidos pela Igreja), que alcançaram a eterna e definitiva santidade e que, portanto, são os intercessores dos homens junto de Deus.262 263
Vulgarmente, e em sentido mais restrito, um santo é considerado somente como uma pessoa canonizada ou beatificada (ou seja, reconhecida) pela Igreja por se distinguir pela sua santidade. Por isso, a Igreja reconhece-a como um habitante do Céu e um modelo exemplar de imitação. Além disso, um santo é ainda digno de culto, mas, apenas de veneração (a dulia), que é diferente do culto de adoração a Deus.234

Virgem Maria: Mãe de Deus[editar | editar código-fonte]

Virgem Maria e o menino Jesus ao colo.
De acordo com a mariologia católica, Deus escolheu gratuitamente Maria como a mãe de seu Filho: para cumprir tal missão, foi preservada do pecado original e de todos os pecados.266 O arcanjo Gabriel anunciou à Virgem Maria que Deus faria com que ela concebesse Jesus do Espírito Santo, ou seja, em virgindade e sem participação de homem algum.150 Logo, o Espírito Santo faz dela a Mãe de Cristo e, como Cristo é o próprio Deus encarnado, também a Mãe de Deus.177 267 Maria aceitou obedientemente essa missão divina tão necessária à salvação, tornando-se assim na corredentora dos homens. Casou-se com São José, que assumiu a paternidade terrena de Jesus, mas, mesmo assim, ela conseguiu conservar a sua virgindade por toda a vida.268
Devido ao fato de ter concebido Jesus, que é o único Redentor dos homens e a Cabeça da Igreja, ela torna-se também na Mãe da Igreja e de todos os homens que Jesus veio salvar. Ela "coopera com amor de mãe no nascimento e na formação na ordem da graça" de qualquer ser humano.269 Após a sua assunção ao céu, ela, como Rainha do Céu, continua a interceder pelos seus filhos e a ser um modelo de santidade para todos. Os católicos "vêem nela uma imagem e uma antecipação da ressurreição que os espera", sendo por isso o ícone escatológico da Igreja (ou a realização mais perfeita da Igreja).270
culto de veneração a Maria (chamado de hiperdulia) é diferente do culto de adoração a Deus. O culto mariano é expresso nas festas litúrgicas dedicadas a ela, nas peregrinações aos locais onde Maria apareceu, nas inúmeras devoções (ex.: Escapulário de Nossa Senhora do Carmo) e orações marianas (ex.: Santo Rosário).271 Uma das principais causas da devoção popular e do culto a Maria tem a ver com a crença dos católicos na poderosa intercessão de Maria junto de Deus, o destinatário último de todas as orações e pedidos dos homens.272 273

A mulher[editar | editar código-fonte]

Independentemente de possíveis interpretações positivas ou negativas de determinados versículos da Bíblia sobre a figura da mulher (ex: I Timóteo 2:9-14), a Igreja Católica considera que a mulher e o homem são iguais em dignidade, porque foram ambos criados à imagem e semelhança de Deus.125 Porém, o homem e a mulher são diferentes entre si e, por isso, eles devem viver numa "complementaridade recíproca enquanto masculino e feminino".131 Baseado nesta complementariedade, a Igreja apenas admite homens como clérigos, e justifica-o porque os doze Apóstolos foram todos homens e Jesus, na sua forma humana, também é homem.214 Em 1988, o Papa João Paulo II escreveu a carta "Mulieris Dignitatem", onde ele enalteceu o papel da mulher (incluindo o papel especial da Virgem Maria na salvação da humanidade), pediu desculpas às acções machistas cometidas por membros da Igreja ao longo da história, agradeceu as mulheres por tudo aquilo que elas fizeram ao mundo e apelou à defesa da dignidade da mulher.215 274

Morte e vida eterna[editar | editar código-fonte]

Uma alma a ser purificada pelo fogo temporário doPurgatório.
Almas perdidas a serem torturadas pelo fogo eterno do Inferno.
Segundo a escatologia católica, após a morte de cada pessoa, a sua alma separa-se do seu corpo mortal e corruptível, iniciando assim a sua vida eterna, que não terá fim e que é precedida para cada um por um juízo particular e que será confirmada pelo juízo final.275 Esse juízo final realizar-se-á nos últimos momentos antes do fim do mundo.276

Juízo particular[editar | editar código-fonte]

Basicamente, o juízo particular é o julgamento de retribuição imediata que cada homem, após a sua morte, recebe de Deus, tendo em conta a sua fé e as suas obras realizadas durante o seu caminho de santificação terrestre (veja a seção Salvação e Santidade).277 Após essa epifania particular, a alma será destinada a estar:
  • no Paraíso (ou Céu), que é o estado de salvação definitiva e de felicidade suprema, reservado somente às pessoas que, devido à aceitação de Deus (e do seu amor) e ao seu arrependimento, morreram em estado de graça, isto é, sem manchas de qualquer pecado. Esses santos formam assim a Igreja triunfante, onde "vêem Deus face a face" (1 Cor 13,12), vivem em comunhão de amor com a Santíssima Trindade e intercedem pelos habitantes da Terra;278
  • no Purgatório, que é o estado daqueles que, sendo amigos de Deus e já salvos, precisam ainda de purificação para entrarem puros no Céu. Essa purificação temporária, que os fiéis ainda peregrinos na Terra podem ajudar a acelerar (veja a subseção Comunhão dos santos), consiste na eliminação das penas temporais dos pecados cujas culpas já estavam perdoadas;279
  • no Inferno, que consiste na condenação eterna daqueles que decidiram livremente viver separados de Deus. Mais concretamente, eles recusaram Deus, o seu amor e a sua graça salvífica, escolhendo voluntariamente persistir no pecado mortal, mesmo até no momento da morte.280 Essas decisões são respeitadas por Deus, porque ele criou o homem como um ser livre e responsável, apesar de ele querer "que todos tenham modo de se arrepender" (2Ped 3,9).281
Essa doutrina escatológica, que trata sobre o destino individual das almas, está sintetizada nos chamados novíssimos, que são quatro: morte, juízo, inferno e paraíso. O purgatório não entra porque é só um estado espiritual transitório e temporário.282

Fim do mundo, Juízo Final, Ressurreição e Reino de Deus[editar | editar código-fonte]

Acerca do destino coletivo do homem no fim do mundo, a Igreja ensina que ocorrerá um Juízo final mesmo antes ao fim do mundo, mas nem ela sabe exactamente qual é a data para tal acontecimento.276 Mesmo antes disso, Jesus Cristo, que também ressuscitou dos mortos e vive para sempre, ressuscitará toda a humanidade, dando, mais concretamente, uma nova vida, mas desta vez imortal, para todos os corpos que pereceram. Nesse momento, todas as almas, quer estejam no Céu, no Purgatório ou no Inferno, regressarão definitivamente aos seus novos corpos.283
Assim sendo, toda a humanidade reunir-se-á diante de Deus, mais concretamente de Jesus, que irá regressar triunfalmente à terra como juiz dos vivos e dos mortos. Ele confirmará os inúmeros juízos particulares e permitirá consequentemente que o corpo ressuscitado possa "participar na retribuição que a alma teve no juízo particular". Esta retribuição consiste na vida eterna (para os que estão no Céu ou no Purgatório) ou na condenação eterna (para os que estão no Inferno).284
Depois do juízo final, dá-se finalmente o fim do mundo. O antigo mundo, que foi criado no início por Deus, é libertado da escravidão do pecado e transformado nos "novos céus e na nova terra" (2 Ped 3,13). Nesse novo estado de coisas, é também alcançada a plenitude do Reino de Deus, ou seja, a realização definitiva do desígnio salvífico de Deus de "recapitular em Cristo todas as coisas, as do céu e as da terra" (Ef 1,10). Nesse misterioso reino, onde o mal é inexistente, os santos (ou salvos) gozarão a sua vida eterna e Deus será "tudo em todos" (1 Cor 15,28), formando assim uma grande família e comunhão de amor e de felicidade. Os condenados viverão para sempre no Inferno e afastados do Reino de Deus.14

Moral católica[editar | editar código-fonte]

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