domingo, 12 de janeiro de 2014

SACRAMENTOS

Sacramentos[editar | editar código-fonte]

Na Última Ceia, Jesus instituiu o sacramento da Eucaristia.225
A Igreja Católica acredita que os sete sacramentos foram instituídos por Jesus Cristo e confiados à Igreja, durante o seu ministério, como sinais sensíveis e eficazes mediante os quais é concedida a vida e a graça divinas a todos aqueles que os recebem.226 A administração dos sacramentos é independente da santidade pessoal do ministro, embora os frutos dos sacramentos dependam das disposições de quem os recebe. Sobre os sacramentos, São Leão Magno diz: "o que era visível no nosso Salvador passou para os seus sacramentos".227
Ao celebrá-los, a Igreja Católica alimenta, exprime e fortifica a sua fé, sendo por isso os sacramentos uma parte integrante e inalienável da vida de cada católico e fundamentais para a sua salvação. Isso porque eles conferem aos crentes a graça divina, os dons do Espírito Santo, o perdão dos pecados, a conformação a Cristo e a pertença à Igreja, que os torna capazes de viverem como filhos de Deus em Cristo. Daí a grande importância dos sacramentos na liturgia católica.228
Os sete sacramentos representados numa pintura do século XV.
Os sete sacramentos marcam as várias fases importantes de vida cristã, sendo estes divididos em três categorias:
  • os sacramentos da iniciação cristã (BatismoConfirmação e Eucaristia), que "lançam os alicerces da vida cristã: os fiéis, renascidos pelo Batismo, são fortalecidos pela Confirmação e alimentados pela Eucaristia";229
  • os sacramentos da cura (Reconciliação e Unção dos Enfermos), que possibilitam à Igreja a cura e o fortalecimento da nova vida dada por Jesus através dos sacramentos da iniciação cristã, visto que ela pode ser enfraquecida e até perdida por causa do pecado;230
  • sacramentos ao serviço da comunhão e da missão (Ordem e Matrimónio), que contribuem para a edificação do povo de Deus, para a comunhão eclesial e para a salvação dos outros.231
São Tomás de Aquino afirmou que "todos os sacramentos estão ordenados para a Eucaristia como para o seu fim". Na Eucaristia, renova-se o mistério pascal de Cristo, atualizando e renovando assim a salvação da humanidade.232 Também na Eucaristia, onde Cristo está presencialmente nela, a ação santificadora de Deus em favor dos homens e o culto humano para com Ele atingem o seu auge.233

Salvação e santidade[editar | editar código-fonte]

Os santos são modelos de santidade e de virtude para serem seguidos pela Igreja.234
Segundo a soteriologia católica, a salvação, que é oferecida por Deus, realiza-se, após a morte, no Céu. Essa salvação, que conduzirá o homem à santidade, à suprema felicidade e à vida eterna, deve ser obtida através da fé em Jesus Cristo e da pertença à Igreja fundada e encabeçada por ele.235
O caminho de santificação do cristão começou no momento do seu batismo, quando ele recebeu a graça santificante, e deve progredir com a ajuda dos meios de salvação dispostos pela Igreja. Essa progressão, que busca também a perfeição, deve ser sempre motivada pela esperança da salvação e animada pela caridade. A caridade cristã traduz-se na realização dos ensinamentos cristãos (que se resumem nos mandamentos de amor) e na prática das boas obras, que exprimem a  em Cristo e eliminam as penas temporais causadas pelo pecado. Essa postura e ação do católico e da Igreja contribuiria também para a construção de um mundo melhor e para a aceleração da realização do Reino de Deus na Terra.235
Os católicos acreditam que esse caminho espiritual irá acabar na ressurreição final. No novo Reino de Deus, cada santo ou salvo gozará eternamente, em íntima união com a Santíssima Trindade, a vida eterna, "a visão de Deus, face a face", e a plenitude da felicidade e da santidade.13 235 Por essa razão, todos são chamados "à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade", que é justamente a definição de santidade.236

Justificação, graça, misericórdia, mérito e liberdade[editar | editar código-fonte]

São Paulo (século I) contribuiu muito para o desenvolvimento do conceito dejustificação.237
Devido ao pecado e à queda do homem, todos os homens têm que morrer. Porém, Deus quis reconciliar-se com os homens e salvá-los, enviando por isso o seu Filho para que Ele morresse pelos pecadores 138 . Logo, a partir disso, todos os pecados dos homens, no passado e no futuro, serão perdoados por Deus, desde que os homens se arrependam de um modo livre e sincero.119
Por outras palavras, a salvação deve-se à justificação, que é a iniciativa e a ação misericordiosa e gratuita de Deus de conceder a salvação à humanidade. Essa ação sobrenatural cancela os pecados, por meio da graça santificante do Espírito Santo, que foi merecida pela paixão de Cristo e dada no batismo aos homens. Para além da graça santificante, que justifica e diviniza os homens, existem ainda as graças atuais, as graças sacramentais e as graças especiais (ou carismas).238
graça é um dom sobrenatural ou socorro gratuito que Deus concede aos homens, para que eles sejam capazes de agir por amor d’Ele, para conceder-lhes todos os bens (espirituais ou materiais) necessários à sua existência e também para torná-los filhos de Deus e participantes da natureza divina e da vida eterna.239 Aliás, a própria preparação do homem para acolher livremente a graça já é obra da graça, sendo esta necessária para suscitar e manter a colaboração dos fiéis na justificação pela fé e na santificação pela caridade.240
Na dinâmica da justificação, a liberdade é fundamental porque a resposta do homem à graça divina deve ser livre, pois "a alma só pode entrar livremente na comunhão do amor".241 Isso explica o fato de a santidade não ser atingida por todos, apesar da vontade de Deus de salvar toda a humanidade. Há sempre pessoas que vão para o Inferno, simplesmente porque recusaram livremente o arrependimento e a graça da salvação, mesmo até no momento da morte. Mas a liberdade, que foi concedida por Deus, permite também à humanidade participar livremente na construção do Reino de Deus, como filhos de Deus e co-herdeiros de Cristo. Esta participação só foi possível graças ao sacrifício redentor de Cristo.242
Esta participação, para além da fé, assenta-se também na prática quotidiana das boas obras, cujo mérito ou direito à recompensa deve ser atribuído à graça de Deus e depois à vontade livre do homem. O homem, que juridicamente não tem nenhum mérito porque recebeu tudo gratuitamente de Deus, pode merecer, por concessão e caridade de Deus,243 as graças úteis para alcançar avida eterna, bem como os bens temporais que Deus acha ser necessários. Mas ninguém pode ter o mérito da graça santificante.244

Salvação para os não-católicos[editar | editar código-fonte]

Na encíclica Redemptoris Missio, o Papa João Paulo IIafirmou que "a salvação em Cristo […] deve ser posta concretamente à disposição de todos."245
A Igreja Católica acredita que é o instrumento da redenção de todos os homens e o sacramento universal da salvação.246 Por isso, a Igreja Católica ensina quefora da Igreja não há salvação. Esse ensinamento remonta aos primeiros séculos do Cristianismo, sendo já refletido por vários Padres da Igreja, como Santo Agostinho e São Cipriano.247 . O Papa Pio IX (1846-1878) salientou também que:
Cquote1.svgFora da Igreja Apostólica Romana ninguém pode salvar-se.[…] Entretanto, também é preciso ter por certo que aqueles que sofrem de ignorância da verdadeira religião, se aquela é invencível, não são eles ante os olhos do Senhor réus por isso de culpa alguma.248Cquote2.svg
Essa ignorância invencível, que muitos não-católicos sofrem, pode ser causada pela precariedade dos meios de comunicação, pela ineficiência da evangelização e por ambientes de restrição e de barreiras contextuais, intelectuais, psicológicas, culturais, sociais e religiosas, muitas vezes insuperáveis.249 Isso significa que todos os não-católicos (mesmo os não-cristãos) também podem ser salvos, desde que, sem culpa própria, ignoram a Revelação divina e a Igreja, mas que "procuram sinceramente Deus e, sob o influxo da graça, se esforçam por cumprir a sua vontade".250 Em relação aos bebés e crianças mortas sem batismo, a Igreja tem esperança de que eles possam ser salvos,251 por isso, na sua liturgia, confia-as à infinita bondade de Deus.252
A Igreja ensina também que os cristãos não-católicos são irmãos e são, apesar de um modo imperfeito, membros inseparáveis do Corpo Místico de Cristo, através do batismo.253 Ou seja, eles são considerados como elementos da única Igreja de Cristo,254 que subsiste (subsistit in) na Igreja Católica.199 Por isso, essas comunidades cristãs dispõem de muitos, mas não da totalidade, dos elementos de santificação e de verdade necessários à salvação,253 sendo essa posição católica uma das bases do ecumenismo atual. Mas, a Igreja Católica afirma que só ela é que contém e administra a totalidade e a plenitude dos meios de salvação.249 255
A posição ecumênica de tolerância e respeito por outras religiões não significa que a Igreja Católica reconheça que todas as religiões são válidas e iguais e que os homens possam sair da Igreja sem consequência espiritual.247 249 Para concluir, a afirmação fora da Igreja não há salvação significa que "toda a salvação vem de Cristo-Cabeça por meio da Igreja, que é o seu Corpo", independentemente de que a pessoa salva seja católica ou não.235 250 256

Nenhum comentário:

Postar um comentário